A diversidade e a união dos estados que compõem a nossa região serão celebradas com o Cena Nordeste, evento que acontece hoje e amanhã no Espaço Cultural, em João Pessoa, com entrada franca. Essa mostra de cultura está sendo promovida pelo Consórcio Nordeste, autarquia interestadual fundada em 2019 que tem por objetivo gerir interesses em comum das federações nordestinas. Cada estado da região receberá uma parte desse encontro, que começa na Paraíba. Neste final de semana, nós receberemos, por conseguinte, artistas de todo o Nordeste, com diferentes expressões e linguagens artísticas.
Às 18h30, a atração vem do Ceará: as atrizes Juliana Veras e Monique Cardoso se apresentam na Sala de Concertos José Siqueira, com a peça Aquelas – Uma Dieta para Caber no Mundo. O espetáculo foi desenvolvido pela Companhia de Teatro Manada e conta a história da mártir Maria de Bil, mulher que se tornou santa popular nos anos 1920 após ser brutalmente assassinada pelo marido na cidade de Várzea Alegre, interior cearense. As apresentações teatrais têm curadoria do dramaturgo e pesquisador Fernando Yamamoto, representante do Rio Grande do Norte.
Às 19h30, o palco do Teatro de Arena recebe duas atrações musicais: o trio paraibano Os Anselmos e o sanfoneiro alagoano Fidellis animam o público com clássicos do forró. Encerrando a noite de hoje, às 22h15, também no Teatro de Arena, uma atração bem conhecida dos pessoenses – o grupo Seu Pereira e Coletivo 401, que completa 15 anos de estrada em 2024. Na seleção dos músicos está a produtora cultural maranhense Amélia Cunha.
Amanhã, o Cena Nordeste volta a partir das 10h. A primeira atração é o Cacuriá de Dona Teté, do Maranhão. O coletivo que carrega o nome de sua fundadora, falecida em 2011, entrega performance do cacuriá, dança típica maranhense apresentada, geralmente, durante os festejos de junho, influenciada por outras manifestações populares, como o tambor de crioula. Os espetáculos de dança da mostra têm como curadora Andrea Bardawil, do Ceará.
Às 14h, haverá a mostra de cinema do Cena Nordeste. Os filmes a serem exibidos nessa estreia em João Pessoa, por sua vez, serão de realizadores do estado do Piauí: Álbum de Família, de Milena Rocha; Cidade entre Rios, de Leonardo Mendes e Weslley Oliveira; Gorete Canivete, de Rivanildo Feitosa; Encarnado, de Otávio Almeida e Ana Clara Ribeiro. Todos esses curtas-metragens serão exibidos no Cine Bangüê, com projetor alugado. O segmento conta com curadoria da cineasta pernambucana Cíntia Lima.
Os artistas do Circo Grock, do Rio Grande do Norte, farão a alegria do público na Sala José Siqueira, a partir das 16h. Em atividade desde 2005, o Grock é conduzido há quase 20 anos pelos artistas Nil Moura, Gena Leão e sua família; esta e outras atrações circenses são selecionadas por Kuka Matos, da Bahia.
A partir das 19h, o espetáculo de dança Deste Nor, da artista Denni Ellen, toma o palco do Teatro Paulo Pontes, representando o seu estado de origem, Sergipe. E para fechar a programação da primeira edição do Cena Nordeste em João Pessoa, o Grupo Roça Sound, da Bahia, com quase uma década de carreira. O grupo que mistura ritmos diversos – como o hip hop e o reggae –, tem como seu lançamento mais recente o compacto Analógicos, com participação da Banda Adão Negro, também baiana.
Durante os dois dias de evento, o coletivo pernambucano de arte Osmo Crew estará grafitando a parede da Escola Estadual de Música Anthenor Navarro (Eeman), que dá para a Praça do Povo. O muro tem 40m² e começará a passar pela intervenção da equipe Osmo ainda pela manhã, a partir das 10h. As ações de grafite dentro do Cena Nordeste estão sob a curadoria do paraibano Shiko, quadrinista de sucesso em atividade desde os anos 1990.
Vitrine nordestina
Pedro Santos, além de secretário de Estado da Cultura, também é coordenador da Câmara da Cultura no Consórcio Nordeste. O gestor tem as melhores expectativas para o evento deste final de semana. “Estamos inaugurando esse calendário justamente porque foi o nosso estado que propôs esta ideia, quando o governador João Azevêdo ainda estava na presidência do consórcio, em 2023. Foram nove meses de trabalho até que chegássemos na materialização desse encontro”, detalha Pedro.
O secretário também projeta um impacto muito positivo para o Cena Nordeste, destacando o ineditismo da articulação entre os nove estados da região, com a presença dos governos de cada federação e, mais especificamente, com a participação das secretarias de cultura estaduais. “Não será apenas o festival pelo festival. Isso pode e vai se desdobrar em ações futuras através desta potência da articulação regional. Ao mesmo tempo em que fomenta e serve de vitrine para a produção nordestina, o Cena nos fortalece”, finaliza Pedro.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de maio de 2024.