“Um patrimônio cultural da Paraíba e do Brasil. Um símbolo de resistência e um monumento de cultura que a sociedade venera porque transmite valores consistentes que a sociedade tanto reza”. Foi o que disse o escritor Rinaldo de Fernandes, ao ressaltar a importância do papel que desempenha o Correio das Artes, suplemento de literatura e artes que completa, em clima de celebração e homenagens, 70 anos de existência nesta quarta-feira, dia 27 de março, e é encartado mensalmente em A União, jornal publicado pela Empresa Paraibana de Comunicação EPC), do Governo do Estado. Outros autores e poetas também destacaram a agora revista, que era em formato de tabloide quando o poeta e jornalista pernambucano Edson Régis a criou m 1949. “O Correio das Artes, ao longo do tempo, vem cumprindo sua missão de divulgar e analisar a produção artística, principalmente literária, da Paraíba e do Brasil, sendo uma de suas principais funções ser uma vitrine para essa divulgação”, destacou, também, o atual editor, jornalista William Costa, acrescentando se sentir “muito feliz” por estar exercendo tal função desde 2011.
(Clique aqui para conferir o arquivo digital do Correio das Artes)
Um dos colaboradores do Correio das Artes, o escritor Rinaldo de Fernandes destacou que “o suplemento se insere numa cultura de resistência porque transmite valores que são rezados e valorizados pela sociedade. Se não fosse assim, “prosseguiu ele, “não teria conseguido sobreviver por tanto tempo, mesmo se fosse uma iniciativa privada”. Na opinião do autor, a qualidade do material que, ao longo dos anos, vem sendo estampado nas páginas, aliado ao trabalho muito bem realizado pelos editores, durante o tempo, também contribuíram para tornar a publicação referência nacional.
Para o poeta Expedito Ferraz Junior, o Correio das Artes é indiscutivelmente o mais importante veículo de divulgação de literatura da Paraíba e, certamente, um dos mais importantes do país. “Além de cumprir um papel fundamental na divulgação de novos autores e na preservação da nossa memória cultural, o Correio das Artes firmou-se, ao longo de sua história, como o espaço de maior visibilidade para a circulação e o debate das ideias estéticas, suporte para o registro histórico e para a atividade da crítica literária. Praticamente tudo de relevante que aconteceu em nossa produção encontra registro nas páginas desse veículo”, disse ele. Ainda segundo ele, a existência de um espaço de mídia como esse suplemento é essencial para a percepção da historicidade da nossa produção literária.
O caráter democrático da revista foi destacado por André Ricardo Aguiar.“Também é um ponto de apoio sobre a literatura que se faz na Paraíba e do que ecoa no resto do país. ou ternamente grato porque fui acolhido sem sequer ter livro publicado, recebido por editores ao longo do período que colaborei. É um baita incentivo e um termômetro sensível”, avaliou André.
Já William Costa observou que o Correio das Artes passou a obter reconhecimento, em âmbito internacional, a partir de 2011, quando começaram a se registrar contribuições de vários países, a exemplo de Portugal, Moçambique, Uruguai e México. O editor do suplemento disse que, historicamente, o suplemento sempre se caracterizou por publicar textos de autores consagrados e de novos escritores, a exemplo de poetas e contistas. “Mas o suplemento também se destaca por ter uma vinculação forte com as artes visuais, pois vários artistas começaram suas carreiras a partir de suas colaborações, em forma de obras, como ilustrações e desenhos, para o Correio das Artes. Eu, particularmente, como editor, fico feliz e com muito orgulho de participar desse momento como editor e estar na galeria, na linhagem dos editores que já passaram pelo suplemento, como Edson Regis, Carlos Romero, Carlos Aranha, Antonio Barreto Neto, Gonzaga Rodrigues, Linaldo Guedes, Sérgio de Castro Pinto e Antonio Mariano”, confessou ele.
O editor do Correio das Artes ainda lembrou que este mês de março tem sido de programação festiva para celebrar as sete décadas de existência da publicação. Além de eventos para marcar o transcurso dessa data já ocorridos no Campus I da Universidade Federal da Paraíba, na Livraria do Luiz e Sessão Especial na Academia Paraibana de Letras, localizados em João Pessoa, William Costa disse que também será realizado nesta sexta-feira (29), a partir das 10h, no CCHLA (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) da UFPB, na capital, um sarau poético coordenando por Amador Ribeiro Neto e Expedito Ferraz Júnior, ambos colaboradores do suplemento de A União.
“A importância do Correio das Artes é indiscutível, pois é o de mais antiga circulação no Brasil. É um patrimônio cultural, estético e histórico. É um espaço de exercício da criticidade e da reflexão cultural, que reúne autores novos e os consagrados. Sem querer ser pedante, mesmo circulando no jornal A União e sendo uma publicação do Governo do Estado, o Correio das Artes é do povo, que cultua o suplemento pela sua qualidade”, ressaltou outro colaborador, o escritor, poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho, que desejou longuíssima vida ao suplemento. Editor do Correio das Artes no período de 1981 a 1986 - durante o qual a publicação ganhou da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) o prêmio de melhor veículo de divulgação da cultura do Brasil em 1981 e o Prêmio Waldemar Cavalcante, da União Brasileira de Escritores (UBE), em 1982, além de ter sido incluído no acervo a Modern Language Association of America (Associação de Linguagem Moderna) em 1983 - o poeta Sérgio de Castro Pinto ressaltou que “o periódico já está plenamente incorporado ao contexto cultural da Paraíba como fonte que não pode ser mais estancada”. Ele disse que ter se tornado num “veículo de comunicação para escritores e artistas de todos os quadrantes do Brasil se deve ao trabalho de Edson Régis até William Costa”.
Histórico
”Entregamos hoje, aos nossos leitores, o primeiro número do Correio das Artes, suplemento dominical de A União, com que tentamos emprestar uma contribuição ao atual movimento literário e artístico do Brasil. A Paraíba, que estava se ressentindo de um órgão dessa natureza para sua completa integração na vida cultural do país, contará, de hoje em diante, com o Correio das Artes para divulgar os seus valores mais representativos na literatura e na arte”. Eis um trecho da nota de apresentação o periódico na sua primeira edição, lançada m 1949. E, nos primeiros anos, já trazia em suas páginas colaborações de autores consagrados, a exemplo de Carlos Drummond e Andrade, Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Luís da Câmara Cascudo e Otto Maria Carpeaux. Os primeiros anos de publicação do Correio das Artes - que começa em 1949 e se estende até 1965 - são chamados de “Primeira fase”. Depois de uma década sem circular, a retomada da publicação foi em 21 de setembro de 1975.