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Curta aborda erosão das praias de JP

publicado: 23/02/2023 12h41, última modificação: 23/02/2023 12h41
Disponível nos ‘streamings’, produção reforça o debate público acerca da questão da Barreira do Cabo Branco
Tudo que é Sólido Desmancha no Mar.jpg

Cartazes de ‘Tudo que é Sólido Desmancha no Mar’: documentário traz a discussão dos desgates da barreira na visão de pesquisadores, trabalhadores e moradores da região - Foto: Tríade Prod/Divulgação

Há muitas décadas que a Barreira do Cabo Branco é um dos protagonistas quando o assunto são os problemas ambientais na cidade de João Pessoa. Artistas como o ativista Hermano José (1922-2015) pintavam e chamavam atenção sobre as questões da erosão do ponto mais oriental das Américas e um dos principais cartões-postais da Paraíba. No audiovisual, nomes como Marcus Vilar já apresentaram produções como Duas vezes não se faz, documentário em curta-metragem lançado no ano de 2008 que é um poema sobre a Ponta do Cabo Branco.

Mais uma produção vem somar ao tema: Tudo que é Sólido Desmancha no Mar é um curta-metragem que se encontra em plataformas de streaming. O documentário pode ser assistido on-line no Globoplay, pelo Futura Play, e no Site do Futura.

A erosão da Barreira do Cabo Branco é um dos problemas ambientais mais polêmicos da cidade. Entre 2021 e 2022, o debate ganhou novas proporções com o anúncio do alargamento da faixa de areia em algumas praias da capital. O projeto vem levantando reações negativas entre diversos setores da sociedade e tem como principal modelo o alargamento da Praia de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

No decorrer dos anos, a Falésia do Cabo Branco tem sofrido um processo de erosão cada vez mais intenso, alterando a paisagem da cidade e chamando atenção de cientistas e moradores da área. Através do ponto de vista de pesquisadores, trabalhadores e moradores de todas as regiões litorâneas afetadas pelo desgaste da barreira, o curta desenvolve sua própria narrativa para versar e reforçar o debate público acerca da questão.

“É conseguir atuar para chamar atenção para as soluções cientificamente viáveis, apontadas por diversos especialistas, mas quase sempre ignoradas e é também de fazer um registro histórico e afetivo, contribuindo com a memória da cidade”, disse um dos diretores do filme, Kaio Gonçalves, que comanda a produção com Lucas Cavalcanti e Wlad.

De um lado, as praias urbanas são parte essencial da construção da identidade de João Pessoa: são fontes de sustento para muitas famílias e trabalhadores autônomos com a vinda de turistas, além de trazer o lazer e a inspiração para o público. Porém, as mesmas praias também são marcadas pelas intervenções humanas, muitas vezes feitas sem respeitar estudos de ambientalistas e a vontade da população.

A pesquisa para a produção começou em 2018, mas foi no decorrer das obras de instalação do enrocamento para a proteção da Barreira de Cabo Branco, realizadas entre 2019 e 2020, que a produção decidiu o tema de Tudo que é Sólido Desmancha no Mar. O avanço do mar em João Pessoa e erosão na Barreira tinham que ser centrais. “Percebemos que havia uma maior urgência no assunto, tanto pela complexidade do contexto que essas intervenções foram realizadas, quanto pela devido a agilidade que a situação foi evoluindo e ganhando espaço no debate público”, explica Kaio Gonçalves.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de fevereiro de 2023.