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Dandara Alves se destaca como promessa para o samba paraibano e nacional

publicado: 25/09/2016 00h05, última modificação: 24/09/2016 09h11
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A cantora é uma das grandes vozes da nova música paraibana e prepara novo show e novo álbum - Foto: Edson Matos

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Lucas Silva - Especial para A União

"O samba não é um gênero midiático, mas o que puder ser feito para o seu fortalecimento, pode ter certeza que farei”, afirmou convicta ao jornal A União a jovem cantora paraibana, Dandara Alves, que no atual momento de sua carreira quer divulgar e ressaltar a importância do samba de autoria paraibano em todo o Brasil. Já estudando a realização de turnê dentro e fora do Estado, a cantora foi ao Rio de Janeiro recentemente para se reunir com compositores locais e fazer, como ela mesma disse, um ‘garimpo’ para definir quais os ritmos que farão parte de seu novo show e álbum.

“Até agora posso revelar que o show irá trabalhar canções que trazem ritmos africanos, marcam a chegada da mulher no samba, porque posso dizer com certeza que fui a primeira mulher sambista a chegar à cena nacional, ainda mais sendo paraibana, e muito samba de percussão”, confessou.

Atualmente, Alves traz em sua bagagem musical o seu primeiro EP intitulado “Samba Derradeiro”, composto por quatro composições de sambistas paraibanos interpretados em sua voz temperada de leveza e firmeza. O nome de seu mais atual trabalho, surgiu a partir de uma música da compositora, Olga Alves, irmã da artista, e é uma música que traz o universo feminino a tona. A partir daí, Dandara explora, nas músicas compostas no EP, um grande leque de universos cujo o samba pode estar presente indo do feminino ao africano.

Bem humorada durante a entrevista, a cantora brincou dizendo que o nome do seu trabalho é engraçado. “Partindo da lógica de que os últimos serão os primeiros, Samba Derradeiro traz isso explicitamente em suas canções, porque o que seria último se tornou primeiro”, completou. Além do curto compilado de canções, a artista já lançou em sua plataforma no Youtube um vídeo clipe que leva o mesmo nome do EP.

Sendo fruto do projeto “Samba da Hora”, as quatro canções foram escolhidas segundo a artista entre mais de 200 sambas compostos na capital. Com edições realizadas durante os finais de semana, o projeto apresentava canções ao público normalmente, entretanto, pouco a pouco, as quatro músicas presentes no EP tiveram grande pedida por parte das pessoas nas apresentações da cantora e acabaram entrando no produto final.

A iniciativa de produzir a intervenção musical veio da inquietação que Dandara sempre teve desde muito nova em sua carreira. “Nos outros estados existe uma cena de samba muito forte, principalmente autoral, então me questionei porque não existia isso em João Pessoa e daí veio a ideia em criar o projeto Samba da Hora”, contou.

Fazendo intercâmbio com outras capitais do Nordeste, a exemplo de Natal e Recife, o movimento do samba nessas capitais é forte ainda mais quando se fala de samba autoral, mas quando se fala em levantamento e defensoria da bandeira sambista, Dandara Alves dá o seu melhor querendo levar a Paraíba como seu grande triunfo.

Após sua volta do Rio de Janeiro e escolha das músicas, a artista pretende lançar em meados do primeiro semestre do ano que vem o seu primeiro disco composto por 12 faixas. Na nova obra, a cantora revelou que haverá composições de Zé Catimba, Andre da Mata, Leo Russo, entre outros compositores. Algo curioso sobre seu trabalho será também o destaque de vozes femininas trazendo equilíbrio ao disco.

“O samba é majoritariamente um gênero masculino, ou seja, é uma coisa dominada pelos homens, mas no cenário nacional o espaço tem se aberto, embora a autoria de cantoras tenha diminuído. Gosto de falar isso porque além de ganhar espaço como mulher no meio, fico muito contente em levar o samba da Paraíba para outros Estados”.

Além do Samba

O Ijexá, dentro do Candomblé, é essencialmente um ritmo que se toca para Orixás, mas como o samba bebe inevitavelmente dessa fonte, o ritmo da possibilidade a Dandara de explorar o universo sacro e afro. “Vejo que as canções tem dado certo, não só como mistura de ritmo, mas inclusão de novas melodias e harmonias”, disse a cantora.

Ainda ressaltando a importância do ritmo em suas canções, Alves concluiu dizendo que, de forma mais universal, o samba tem essa relação com a música sacra e um pé no terreiro. Já voltando para sua realidade, a artista tem uma relação direta com as religiões de matriz africana, porque muito de sua parte rítmica do show ela consegue incrementar e misturar os ritmos no samba.

O Ijexá resiste atualmente como ritmo musical presente nos Afoxés. Sendo ritmo suave, mas de batida e cadência marcadas de grande beleza, no som e na dança. Indo mais além, o ritmo é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas são usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso.

Quem é Dandara Alves?

Sendo filha de pai músico, compositor e cantor de samba, a cantora sempre teve uma musicalidade muito forte presente em sua vida desde nova. Para se ter ideia, sua presença, mesmo que criança, era quase que ferrenha nas rodas de samba. A partir daí, a artista começou a crescer, e se posso dizer, se ‘atreveu’ a cantar nas rodas dos artistas, dando o primeiro passo e deixando claro para todos o que queria para sua vida.

“Já fui back vocal e logo após criei um grupo de samba feminino chamado “Batuque de saia”. Infelizmente o grupo se desfez, mas eu segui carreira solo e permaneço até hoje. Na minha casa sempre escutei muito Cartola, Noel, Roberto Ribeiro, mas com o passar do tempo fui crescendo e amadurecendo o meu gosto musical e comecei a pesquisar e a descobrir mais as grandes obras das mulheres como Ivone Lara e Leci Brandão, que atualmente me inspiram”, relembrou.

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