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Débora Gil lança livro de poesias na Budega Arte e Café

publicado: 02/08/2016 00h05, última modificação: 02/08/2016 10h14
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Escritora da nova geração revelou a sua paixão pela literatura, teatro e cinema - Foto: Divulgação

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William Costa

A poeta Débora Gil Pantaleão lança hoje seu primeiro livro de poesia, “Se eu tivesse alma”, com selo da Editora Benfazeja, de São Paulo. A apresentação da obra e a sessão de autógrafos serão realizadas, a partir das 19h, n’A Budega Arte e Café, localizada no bairro dos Bancários, em João Pessoa. Leitura de poemas e uma conversa informal sobre poesia e literatura completam a programação do evento.

“Se eu tivesse alma” reúne 40 poemas e, segundo a autora, se for levado em conta a ‘gênese’ da obra não só como o nascimento, mas também como a produção e composição dessa geração, dessa criação, trata-se de uma coletânea de poemas desse seu primeiro momento como poeta, bastante influenciado por leituras de Shakespeare, Florbela Espanca, Mário Quintana e Álvares de Azevedo, entre outros autores.

O texto introdutório de “Se eu tivesse alma” é da poeta e professora Gláucia Vieira Machado. Nele, ela destaca que os versos de Débora “falam de solidão, queda, fome, partida, saudade, mas também da doçura dos afetos, dos encontros e dos amores”. E conclui dizendo que a força maior do livro é o cuidado que a autora tem para com a palavra. “Delicadeza de quem lê e pensa por amor à poesia”, completa.

Débora é tributária de uma poesia minimalista, embora também escreva textos mais longos, a exemplo de “Poema da avó incomum”, de sete estrofes. A disposição do texto na página não é sempre gratuita. Há momentos em que a forma “externa” do poema leva em conta o espaço em branco, como uma espécie de escultura de palavras, como são os casos dos poemas “Fria”, “Ela”, “Existe”, “Presa” e “Amor parte II”.

Poema curto às vezes engana o leitor incauto. Certo que muitos poetas fazem uma poesia pequena e com ela obtêm efeitos lúdicos, muitas vezes pela via do humor e da ironia; algumas imagens interessantes, nascidas de um jogo inteligente de palavras, porém evanescentes, sem consistência. A poesia de Débora não é assim tão fácil. Exige sobrevoos, viagens de circum-navegação, até ceder o aval de entrada.

Cada indivíduo é muitos e o mundo, conjunto de todos, também está dentro de cada um. Essa pluralidade de vozes que contam o que se é, o que pensam que se é, o que se pretende ser e o que imaginam que se quer ser, é um dos encantos da poesia de Débora. Cada poema é um corredor de muitas portas. E toda porta esconde um segredo. Para o leitor, a maior surpresa talvez seja abrir uma e deparar-se consigo mesmo.

Paixão por literatura, teatro e cinema

Débora Gil Pantaleão nasceu em João Pessoa no dia 13 de junho de 1989. Na infância, morou nas cidades de Ibiara e Conceição, também da Paraíba, depois retornou à capital. Recentemente passou dois meses em São Paulo (SP), onde teve a oportunidade de fazer um curso de criação literária com o escritor Marcelino Freire, pela escola paulistana b_arco, desenvolvendo sua primeira novela (Causa morte, trabalho em fase de edição).

Pós-graduada em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Débora é apaixonada por literatura, teatro e cinema. Estreou em livro com a versão e-book de Se eu tivesse alma (Cia do eBook, 2015). Atualmente, trabalha em dois projetos de poesia: Vão remédio para tanta mágoa e Objeto ar. É coeditora da revista independente “Malembe” juntamente com os escritores Carlos Nascimento e Guilherme Delgado.

Débora escreve desde criança e confessa que ainda fica surpresa quando sua mãe encontra e lhe mostra textos escritos pela filha na infância e adolescência. “Alguns desses textos cheguei a digitar, imprimir e distribuir entre pessoas queridas. Quando tenho a oportunidade de reler esses textos vejo que são de uma profundeza... É quando vejo que minhas inquietações e crises existenciais sempre existiram”, ressalta.

Os poemas de “Se eu tivesse alma”, na opinião da autora, dialogam entre si e formam um todo coerente. Como resume Gláucia Machado, o livro “é um convite para fazer parte de uma história que se conta em primeira pessoa, mas que nos apresenta também outras diversas personagens: Pedro, Tereza, Pâmella, Ela, Avó, Cúmplice, Pai… e nós, que passamos a fazer parte da história ao nos aproximarmos dela”.

Débora revela que suas leituras se estendem de textos dramáticos, passando por contos, romances, poesia, até textos teóricos. “Tenho lido muito poesia contemporânea e brasileira, a exemplo de Cris Estevão, Luciana Queiroz, Guilherme Delgado, Ícaro de França, Alessandra Cantero e Ana Estaregui”, elenca. Já na fila de espera estão Paulo Henriques Britto, Eduardo Lacerda, Giovani Baffo e Heyk Pimenta.

Na estante dos “clássicos” figuram Manuel de Barros e na de “revisitados”, Florbela Espanca, poeta que será homenageada, juntamente com Álvares de Azevedo, em o “Vão remédio para tanta mágoa”. Débora confessa que está “bem fraca na leitura de contos”, mas reabilita-se no romance. Ela está lendo “Todos nós adorávamos cowboys”, de Carol Bensimon, e “O apocalipse dos trabalhadores”, de Valter Hugo Mãe.

Débora faz parte de uma geração de poetas muito vinculada à universidade. Ela admite essa interligação entre a vida acadêmica e a literária. “Em ambos os espaços tudo que faço é por amor, em ambos os espaços estou a estudar literatura e teoria literária e, no mais, minhas pesquisas estão a todo tempo influenciando, de um modo ou de outro, na minha escrita, seja ela em poesia ou em prosa”, sublinha.