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‘Tempo de Vaqueiro’

Documentário desbrava a alma do personagem sertanejo

publicado: 27/12/2023 08h54, última modificação: 27/12/2023 08h54
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Curta-metragem foi gravado neste mês de dezembro, nos municípios de Nazarezinho e São José da Lagoa Tapada, e acompanha a rotina do vaqueiro aposentado Manu Veda, de 76 anos de idade - Foto: Breno César/Divulgação

por Guilherme Cabral*

O cineasta paraibano Ramon Batista concluiu as filmagens do seu sexto curta-metragem, Tempo de Vaqueiro, documentário que dá um mergulho na alma desse personagem sertanejo de forma poética. Em janeiro, o cineasta Kennel Rógis é quem realizará a edição, com trilha sonora dos poetas repentistas Zé Cardoso e Gilmar de Oliveira, sendo a previsão de que o lançamento aconteça ainda no primeiro semestre de 2024, no município de Nazarezinho, localizado no Sertão do estado, para depois ser inscrito em festivais.

“O filme trata do universo do vaqueiro, mas só que de uma forma sensível, simples e poética, com foco na velhice do vaqueiro”, disse Ramon Batista, que também assina o roteiro do curta, que deverá ter 12 minutos de duração. Produção realizada pela Caiçara Filmes, em parceria com Incataz, o curta foi gravado neste mês, em Nazarezinho – onde nasceu o próprio realizador – e São José da Lagoa Tapada. O documentário foi concretizado por meio do Edital Paulo Roberto de Souza Júnior, da Prefeitura Municipal de Nazarezinho.

Ramon Batista idealizou o seu novo curta no início deste ano, ao observar a rotina do seu vizinho, o vaqueiro aposentado Manu Veda, de 76 anos de idade e personagem principal da produção. “Eu o via sempre com um olhar triste e distante, saudoso porque não trabalha mais como vaqueiro. Ele gostava tanto desse trabalho que não consegue ver um vaqueiro em atividade, pois fica triste. A única coisa que lhe sobrou foram as lembranças. Então, o documentário aborda esse sentimento do vaqueiro de maneira poética e sensível, o que é o diferencial do filme. Gravei muito na casa de Manu Veda, que, além da solidão, se sente impotente por não mais poder correr pelo mato, em busca dos animais, o que fazia quando estava em atividade”, disse ele.

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Foto: Breno César/Divulgação

Além de Manu Veda, o cineasta ainda observou que o documentário traz depoimentos dos vaqueiros Pedrão da Viola e Gato a Jato, do Sítio Bananeira, de São José da Lagoa Tapada, para mostrar a nova geração do ofício. “O filme foi gravado na Zona Rural, em cenários autênticos que proporcionam um mergulho genuíno na vida dos vaqueiros, destacando as suas tradições, desafios e a riqueza cultural que permeia o cotidiano desses protagonistas do Sertão. Não busco apenas contar uma história, mas também preservar, enaltecer as tradições do vaqueiro nordestino e alcançar plateias que desejam conhecer e celebrar as riquezas do Nordeste brasileiro”, comentou Ramon.

O próximo projeto de curta-metragem do diretor é escrever um roteiro de ficção sobre a esquizofrenia, que vai abordar a situação de uma família que é acometida dessa enfermidade. Ele já lançou os curtas de ficção Aroeira (2016) e Seiva (2019), como também os documentários Fogo-Pagou (2011), Capela (2014) e Jacu (2023).

Ramon Batista está se preparando para lançar, também no próximo ano, seu primeiro longa-metragem, cujo título é Moagem, que é sobre os engenhos da cidade de Nazarezinho, em especial o Engenho João Luiz, que surgiu em 1813, instalado no Sítio Cedro, na Zona Rural do município, que chegou a ser, durante um período, o único em funcionamento no Alto Sertão, do qual mostrará a evolução da sua atividade, a partir da caldeira até a eletricidade.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 27 de dezembro de 2023.