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Documentário retrata os anos dourados de Jaguaribe

publicado: 24/10/2017 19h05, última modificação: 24/10/2017 19h29
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Filme retrata cenas do cotidiano de um dos mais tradicionais bairros da capital paraibana - Foto: Divulgação

tags: documentário , jaguaribe , meu jaguaribe , mirabideu dias


Guilherme Cabral

Um documentário que registra e resgata a efervescência histórica e cultural de um dos mais antigos, tradicionais e importantes bairros da cidade de João Pessoa. Assim é o longa-metragem com 75 minutos de duração intitulado 'Meu Jaguaribe', produzido em 2017, com direção de Mirabeau Dias e cujo lançamento acontece nesta quarta-feira (25), na capital. A exibição do filme - em clima de estreia - começa às 19h, no Centro Cultural Ariano Suassuna, instalado na sede do Tribunal de Contas do Estado (TCE) da Paraíba, situado na mesma região que é homenageada, até para que os próprios habitantes o assistam. A entrada para a sessão é gratuita para o público.

“Trata-se de um retrato de Jaguaribe nos anos de 1940 e 1950, período em que o bairro viveu seus anos dourados, com toda sua pujança e beleza. É um documentário realizado dentro da vertente da história cultural, que está sendo comum atualmente, no cinema. O filme tem seis narrativas de pessoas que nasceram no bairro, que residem - ou não mais - no local: o médico Genival Veloso de França, o crítico de cinema João Batista de Brito, Jackson Ferreira de Paiva, o engenheiro Carlos Pereira, Carmélia Brito e a popular figura conhecida como Galego da Vila.

Os temas tratados são vários e incluem o circo, o Carnaval, cinema, futebol, educação e a malhação do Judas. É por isso que o título é 'Meu Jaguaribe'. É o Jaguaribe de cada um. O longa contém rara iconografia histórica e informações inéditas, resgatadas com documentos. Um exemplo é o de que Jaguaribe foi palco de evento que causou repercussão em âmbito nacional. Ou seja, são surpresas a serem reveladas apenas para quem for assistir ao filme”, disse Mirabeau Dias para o jornal A União. Ele ainda ressaltou que a trilha sonora é original, com seis canções, mas a principal é a música intitulada ‘Meu Jaguaribe’, composta pelo alfaiate e maestro Zé Pequeno, cedida pela filha do artista, Mabel Pequeno, que também a gravou especialmente para a produção. “A voz dela é muito bonita. É um dos pontos altos do filme”, garantiu ele.

Produção cultural da construtora MDias, 'Meu Jaguaribe' começou a ser realizada em 2016 e concluída há poucos meses. O longa foi idealizado pelo grupo de sete professores que se denomina Cidadãos da Memória, do qual Mirabeau Dias é o coordenador e cujos integrantes se reúnem aos sábados, na sede daquela empresa, instalada no Bairro de Manaíra, na cidade de João Pessoa. O diretor do documentário fez questão de ressaltar que o bairro era pobre, mas esse quadro mudou. “Ao ser derrubada no Ponto de Cem Réis, localizada no Centro da cidade, e reconstruída em Jaguaribe, por causa da troca de bispo, na época, e pouca gente sabe desse detalhe - a Igreja do Rosário terminou monopolizando o bairro, ao promover várias atividades que atraíram a população do local, incluindo a criação, pelo frei Albino, do time de futebol Estrela do Mar, que chegou a ser campeão paraibano. O bairro também chegou a ter três cinemas, o Jaguaribe, o São José e o Santo Antônio. Era um paraíso”, relatou Mirabeau Dias.

“Nas décadas retratadas pelo filme, Jaguaribe era boêmio, alegre e abrigou cantores e compositores. O bairro, cuja delimitação compreende da Avenida João Machado, passando pela bonita balaustrada com belos casarões - embora deteriorados pela ação do tempo - em seu entorno, indo até as proximidades da sede do 15º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz), era importante e, com a ascensão da classe média, de Jaguaribe saíram figuras importantes, como o hoje governador do Estado da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB)”, lembrou, ainda, o cineasta Mirabeau Dias.

A professora e doutora em História, Edna Nóbrega Araújo, também falou sobre o longa-metragem 'Meu Jaguaribe'. “Além de constituir-se numa análise das fontes históricas, o filme é um presente para a historiografia contemporânea e paraibana, pois, a partir de seu lançamento e divulgação, passará a compor um quadro dos mais valiosos para a construção da história dos bairros da cidade de João Pessoa nos anos de 1940 e 1950”, disse ela.