Rodolfo Amorim - Especial para A União
A Budega Arte Café, com sua proposta de promover e divulgar a arte local, traz ao aconchegante espaço, os irreverentes Dois Africanos. Com letras e melodias que fazem um passeio cultural pela África, local de origem da dupla, Big e Izy também contam as histórias e a sonoridade do continente, que possui uma evolução de cinco gerações. O show desta terça (26) traz um repertório diferenciado, dentro do estilo musical da banda, chamado de World Afro Pop, que, segundo eles é uma mistura de música afro com pop mundial. A Budega está localizada na Rua Coronel Artur Américo Cantalice, nos Bancários, e o show acontece às 19h30. A entrada é gratuita.
O mais novo projeto dos africanos com coração paraibano, “Passeio pela África”, faz uma viagem cultural composta de música e de um bate-papo, contando as origens dos ritmos africanos e mostrando mais da cultura do continente. O show, com voz, violão e percussão começa nos anos 70 com artistas como Bella Bello do Togo e GG Vickey do Benin, e passando pelas gerações 80 e 90, com Papa Wemba, Lokua Kanza do Congo e Angelique Kidjo do Benin, passando também nos anos 2000, com artistas mais recentes, como King Mensah e Alpha Blondy. Depois, Opai Bigbig e Izy Mistura cantam alguns dos seus sucessos como “Sonho de Sucesso”, “Oh Maria” e “Eu sou de lá”.
Em janeiro deste ano, a banda Dois Africanos retornou à Paraíba em um show carismático e repleto de entusiasmo, na ocasião eles cantaram músicas desde os anos 70 até os dias atuais. Big e Izy também mostraram o EP que se chama “Djawá”, um termo que deriva de um dos idiomas do Benin, país de Big, localizado na costa ocidental da África. Para Izy Mistura, Djawá não é sobre a dupla, e sim sobre africanos de uma maneira em geral.
“Passeio Pela África” transita na musicalidade de países como Benin, Togo, Camarões, Costa do Marfim, Congo, entre outros, revelando a musicalidade da África ocidental e central. Além disso, as músicas são interpretadas em fon, mina, ewe, lingala, francês, inglês, além do português, permitindo não somente uma viagem musical, mas também linguística. E para facilitar a imersão do público, Big e Izy dialogam e explicam melhor essa cultura tão evidente no nosso país.
Paraíba como segunda casa
Big e Izy procuram sempre demonstrar a sensação de alegria que sentem ao tocar na Paraíba. Eles contaram que possuem uma relação de amor por João Pessoa, cidade que eles consideram como uma segunda casa, pois o público lhes acolheu muito bem. Os africanos destacam o Nordeste como uma região adorável. “Na verdade, o Nordeste é uma terra que adoramos. João Pessoa é a cidade que me adotou, e que adotei também. A gente fica muito feliz de tocar na Paraíba, são momentos que vão além da música”, revelou Big.
Ao falar sobre música paraibana, Dois Africanos não hesitou e citou Chico César como uma referência não só musical, mas pessoal. “A nossa admiração pelo Chico vai além do artista para nós, a humanidade e a simplicidade da sua personalidade, é uma questão fundamental, e também exemplo”, contou Izy. No entanto, todas essas influências, querendo ou não, estão inseridas no trabalho divertido e dinâmico dos africanos.
Consolidação em nível nacional
Formada em fevereiro de 2012, na cidade de João Pessoa, a banda Dois Africanos tem como membros os dois intercambistas africanos, Opai Big, do Benin e Izy Mistura, do Togo. Diante da imagem de tristeza e de sofrimento que o povo brasileiro tem do seu continente de origem, ambos decidiram montar um projeto pelo qual mostraram uma África que vai além desses fatos, com isso, ganharam espaço na cidade. Mesmo com a criação em 2012, o reconhecimento nacional se efetivou em 2015, quando, juntamente com músicos paraibanos foram representar o estado da Paraíba no programa SuperStar, da Rede Globo. Durante o reality musical, a banda foi eleita várias vezes como a melhor, tornando-se, assim, uma das finalistas do programa.