Dois músicos paraibanos que possuem a base sonora de seus trabalhos formada no blues e no R&B são os destaques da edição de hoje do Palco Tabajara. Vieira e Lucas Dantas levam suas influências na música negra misturada com reggae e batidas eletrônicas com sotaque genuinamente paraibano para a apresentação inédita que acontece a partir das 20h, na Sala Vladimir Carvalho, na Usina Cultural Energisa. A entrada do público é gratuita, que pode participar da apresentação através da transmissão do show pela Rádio Tabajara 105,5 FM e, em vídeo, pela TV Assembleia ou através das redes sociais das emissoras.
Para Vieira, a apresentação no Palco Tabajara será um especial sobre Crise dos 20, álbum mais recente de sua carreira – lançado em 2021. O disco com nove faixas foi distribuído pela gravadora norte-americana OAR e conta com o produtor musical Benke Ferraz, da banda Boogarins. O show será um dueto dos dois artistas se revezando nas guitarras e nos sintetizadores. “Esse álbum sintetiza a minha vivência dos 20 anos, entrando em uma fase mais sombria enquanto eu falo sobre alguns sentimentos não convencionais como ansiedades, frustrações e os aprendizados não tão doces da vida real. Falo também sobre os ruídos da era digital e da pandemia e todos os efeitos colaterais que isso causou. Interpreto isso de forma musical, puxando para os beats e sons sintetizados”, descreve o músico paraibano.
Crise dos 20 traz essa perspectiva mais desoladora através do uso de instrumentações digitais e interferências sonoras. Apesar de apontar para uma trajetória de mudança, é possível ainda perceber neste trabalho influências do blues, do reggae, do R&B e do gunjapop. O álbum é o primeiro trabalho em estúdio de Arthur Vieira desde o lançamento de Parahyba Vive, EP lançado no início de 2018, fruto do concurso Red Bull Break Time Sessions, no qual o artista se sagrou vitorioso após concorrer com mais de uma centena de bandas de todo o Brasil.
Para o show de hoje, além das músicas mais tocadas como ‘Anúncio’, ‘Dias passam’ e ‘Estágio’, a dupla vai antecipar canções inéditas que estarão no próximo álbum de Vieira, ainda sem data certa para divulgação.
O músico pessoense já tem quase 10 anos de carreira e tem levado cada vez mais suas composições para trabalhos experimentais. Vieira estuda canto e flauta transversal desde criança e trilhou sua trajetória profissional colecionando passagens por várias bandas, produções musicais, produções técnicas, prêmios e performances na cidade. Na apresentação do Palco Tabajara, o caminho de Vieira se cruzará pela primeira vez com o de Lucas Dantas, músico com apenas quatro anos de estrada, vivido principalmente na ponte aérea entre a Paraíba, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele também vai se apresentar em dueto com o músico e produtor Dualib.
“Preparei para esse show algumas músicas que havia feito quando estava em São Paulo. Estou em um momento meio manband”, brinca Dantas sobre o fato de estar compondo e produzindo sozinho.
Ele tem cada vez mais se especializando no uso do looper, instrumento com o qual costuma fazer exercícios de composição e de improvisação. Foi assim que ele criou a música ‘Faz o melhor aí’, com a qual ele abre a apresentação desta noite. “A música seguinte é a primeira que compus na vida, que é um reggae com elementos eletrônicos, algo que gosto muito de fazer. Essa é uma música bem profunda criada na época da eleição de 2018 em meio a confusões de famílias”, conta Lucas Dantas, que tem quatro singles lançados entre 2021 e 2022: ‘Buraco negro’, ‘Marcas’, ‘Sintomas de amor’ e ‘Encontro’.
Artes plásticas
Uma curiosidade sobre as músicas que Lucas Dantas vai apresentar é a relação delas com as artes plásticas. É que duas composições que ele apresenta no Palco Tabajara foram inspiradas em quadros de pintores paraibanos, como ‘Maravilho’ e ‘Encontro de sopros’. “Mas tem duas músicas que viraram quadros. São elas ‘Sintomas de amor’, em que o artista pinta o quadro durante o clipe da música, que virou a capa do single; e ‘Buraco negro’ se tornou um quadro de João Neto, que ele fez esse quadro no tempo da música. Ele dá um play na música, começa o quadro e termina o trabalho ao final da música”, acrescenta o artista.
Lucas Dantas, que também usa o nome artístico de Soulucas – e é como ele pode ser achado nas principais plataformas de música –, foi o primeiro solista da orquestra de câmara de Roraima (RR), tocando violino aos sete anos. Quanto ele ganhou o primeiro violão, aos 11 anos, deu mais um passo na minha formação musical, mas foi apenas aos 30 anos que decidiu viver de sua vocação artística. “Foi quando eu decidi largar tudo e entrar na música”, conta.
O paraibano prepara ainda para esse ano o lançamento de dois EPs, além de lançamentos com Lukete e Juzé. “As músicas que vou cantar no Palco Tabajara estarão nesses EPs. Estou com muita coisa pronta para começar a gravar”, promete o músico.
O Palco Tabajara tem apresentação de Val Donato e Cintia Peromnia, e a 9ª edição está celebrando 20 anos da Usina Cultural Energisa misturando nomes consagrados com revelações na música autoral paraibana em todos os ritmos e estilos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 4 de abril de 2023.