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Café em Verso e Prosa defende uso medicinal da cannabis

publicado: 26/07/2016 00h05, última modificação: 25/07/2016 23h04
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O poeta Lau Siqueira é um dos participantes do evento, que visa alcançar seu objetivo através da arte - Foto: Divulgação

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Guilherme Cabral

A edição de julho do projeto Café em Verso e Prosa que acontece hoje, a partir das 20h, no Café Empório, localizado em João Pessoa, tem algo bem diferente. Desta vez não é um tema, mas, isto sim, uma causa, pois o já tradicional evento vai receber a Liga Canábica Paraíba para realizar um sarau em defesa do uso medicinal da planta cannabis e do qual estarão participando os poetas Lau Siqueira e Antônio Mariano; as atrizes Suzy Lopes e Bárbara Santos; os atores Jorge Feliz e Flávio Lira e, ainda, as cantoras Gabriella Grisi e Soraia Bandeira, acompanhada por seu filho, o violonista Ian Bandeira. A entrada é gratuita para o público.

“Acho que, realmente, a sociedade - e principalmente os artistas - precisam apoiar essa importante iniciativa, se solidarizando por uma luta que defende o uso medicinal da cannabis, que já vem mostrando resultados extremamente positivos em pacientes e por isso estou me engajando nessa causa”, disse para o jornal A União o poeta Antônio Mariano. A propósito, os artistas convidados e que confirmaram participação tiveram liberdade de preparar a performance que achassem mais interessante para a apresentação no evento, cujo tema é “Nossa causa em verso e prosa!”.

A ideia de realizar uma edição do sarau dedicada ao uso medicinal da cannabis surgiu no último mês de maio, quando a atriz Suzy Lopes compareceu a um evento da Liga Canábica Paraíba - uma associação sem fins lucrativos, criada a partir da luta dos pais e familiares de crianças com epilepsia de difícil controle pelo acesso aos derivados - realizado no Espaço Cultural, em João Pessoa. “Ficamos muito contentes com essa iniciativa da atriz Suzy Lopes, que nos convidou para realizar o sarau”, confessou para A União a vice- presidente da instituição, a funcionária pública Sheila Geriz, mãe do garoto chamado Pedro, de 6 anos de idade, que já utiliza o medicamento para tratar de uma síndrome epiléptica Lennox Gastaut. “Meu filho costumava ter cerca de 30 convulsões por dia e caiu para de quatro a cinco, só que, nos últimos dois dias, ele não teve nenhuma”, garantiu ela.

“A realização do sarau será uma forma diferente de abordar o uso medicinal da cannabis, mais lúdica e descontraída”, comentou, ainda, Sheila Geriz, acrescentando que, na Paraíba, cerca de 30 famílias de João Pessoa, Campina Grande e Guarabira possuem parentes que a usam com tal finalidade. Ela disse que, no momento, a Liga Canábica está em processo de instalação, cuidando de algumas providências, a exemplo do cadastramento de associados, até para que se tenha a quantidade precisa de quantos utilizam e precisam desse medicamento para combater doenças como Mal de Alzheimer, câncer, epilepsia, dores crônicas e diabetes.

A propósito, a Liga Canábica da Paraíba objetiva contribuir para a construção de uma Política Nacional de Cannabis Medicinal, cujo fundamento seja a inclusão social e o respeito aos direitos dos pacientes usuários de cannabis medicinal e seus responsáveis; garanta acesso universalizado e qualificado às diversas variedades de cannabis ssp e a todos os produtos delas derivados; promova uma cultura de acolhimento e superação dos preconceitos e discriminações em relação ao uso medicinal dessa planta; garanta a autonomia dos usuários e/ou responsáveis e sua participação ativa nas questões relacionadas ao uso medicinal da cannabis e, principalmente, aos seus tratamentos ou das pessoas das quais são responsáveis.

A instituição também luta por uma Política Pública Nacional de Cannabis Medicinal, baseada em diversas diretrizes e propostas, sendo algumas as seguintes: regulamentação imediata do uso medicinal da cannabis, de modo a atender ao que já está previsto na Lei 11.343/06, no Decreto 5.912/06 e legislações correlatas; criação de uma linha de fomento permanente a estudos e pesquisas, para universidades e institutos de pesquisas, que contemple o uso medicinal da cannabis em suas várias formas; criação e estruturação de uma rede nacional de laboratórios credenciados e equipados para apoiar as pesquisas e monitorar a composição e a qualidade dos produtos medicinais derivados da cannabis ssp, para que haja a garantia da qualidade e eficácia terapêutica e, ainda, a promoção de estudos e pesquisas agronômicas com plantas cannabis ssp de diversas variedades, no intuito de que cruzamentos ou intervenções necessárias sejam feitos para melhorar a genética e potencializar os efeitos terapêuticos de cada variedade.

Pacientes e responsáveis de pacientes portadores de enfermidades que possam ser tratados com cannabis medicinal podem se associar à Liga, assim como profissionais e estudantes das diversas áreas, militantes de causas humanitárias, ativistas dos direitos humanos, religiosos, entre outros cidadãos que acreditam e defendem o uso medicinal da cannabis e, também, pesquisadores e profissionais da saúde que acreditam no uso medicinal da cannabis como esperança para a cura ou alívio dos sintomas de diversas enfermidades e desejem contribuir para o avanço nas pesquisas com essa planta.