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Edição do Correio das Artes de maio vai circular neste sábado

publicado: 26/05/2018 00h05, última modificação: 26/05/2018 10h34
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Destaque do suplemento de literatura e artes de A União é o artigo de João Batista de Brito sobre o maio de 1968

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A edição de maio do Correio das Artes, que circula neste sábado, 25, no jornal A União, traz como destaque artigo do crítico de cinema e literatura paraibano João Batista de Brito, que evoca o maio de 1968, na França, para mostrar que a produção cinematográfica da época manteve a média mundial, em termos quantitativos, mas não se comparou à qualidade dos filmes que transformaram o final dos anos cinquenta e o começo dos sessenta do século passado em um dos períodos mais criativos do cinema.

No que diz respeito à França, por exemplo, João Batista afirma que “o que se viu nos cinemas parisienses quando os estudantes e os operários tomaram as ruas da cidade foram filmes, se porventura importantes nas carreiras de seus autores, sem grande expressão cultural e com pouca relação com o momento histórico”. No Brasil, a realidade não era diferente. “Sufocado pelo AI-5, o Cinema Novo vivia as suas últimas experiências”, ressalta o crítico.

Artes visuais

A arte da grafiteira Sara A. é tema de artigo do professor e antropólogo Carlos Alberto Azevedo. Segundo ele, “outra originalidade da artista Sara A. é que ela, diferente de muitos outros grafiteiros, ‘trabalha no nível dos olhos, no nível em que as pessoas caminham’. Lembra muito a técnica usada pela grafiteira norte-americana Swoon (do coletivo de arte Jutseeds), ‘conhecida por seus pôsteres recortados de pessoas em tamanho real’”.

Autores

Na seção Autores, o escritor Marcius Cortez elenca os filmes que se identificam com o professor e ensaísta paraibano José Rafael de Menezes (1924- 2009), autor, entre outros livros, de Caminhos do cinema. “O sincomparáveis musicais estadunidenses são tocados pela crença de José Rafael: a crença de que a vida deve ser festejada como as palavras do verso”, assinala. Marcius também revela detalhes de um filme que Rafael de Menezes tinha a intenção de rodar.

O professor José Mário da Silva, da Universidade Federal de Campina Grande, comenta a sessão da Academia Paraibana de Letras em homenagem ao crítico literário Virgínius da Gama e Melo, cujo desaparecimento, segundo ele, ainda é significativamente sentido no universo intelectual paraibano. “Nesse sentido - escreve José Mário -, sem pertenceràs Academias de Letras, Virgínius da Gama e Melo configurou-se como um autêntico imortal”.

O estudante Thiago Jorge da Silva, do curso de Letras – Português/Francês - da Universidade Federal de Campina Grande, “disseca” verso a verso o poema “Adoce canção”, de Cecília Meireles (1901-1964), presente no livro Vaga música, de 1940. “No que se refere as escolhas lexicais, a poetisa não opta porpalavras de alto grau de erudição, prefere termos simples, quase coloquiais”, pontua Thiago, em um trecho de sua minuciosa análise.

Já o poeta e professor Luís Estrela de Matos exalta o estilo Arnaldo Antunes de ser, cantar, escrever etc. “Ele nos devolveu o não familiar, o estranho, oinóspito, ao próprio espaço da linguagem. Ou ainda melhor, nome e coisa numa aventura linguística (agorasem trema) sem igual”, diz. E acrescenta: “Antunes clama por um reinventar. É quase uma utopia, dirão os mais céticos. Que seja. A linguagem é a última de nossas utopias”.

Livros

O jornalista e poeta Linaldo Guedes resenha o livro Poética, de Geraldo Vandré, originalmente lançado no Chile, em 1973, com o título Cantos intermediários de Benvirá. A nova edição, com selo de A União Editora, foi lançada, em abril deste ano, na Academia Paraibana de Letras. Nos poemas de Vandré, segundo Linaldo, há muita reflexão social e muito lirismo também. “O que não surpreende a quem conhece as canções do compositor”, sublinha.

O professor e ensaísta Leonardo Davino de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, analisa o livro Ahô-ô-ô-oxe, do professor e poeta Amador Ribeiro Neto. De acordo com o crítico, o poeta “trabalha naquilo que a linguagem tem de mais material: a presentificação não convencional das letras sobre a página, seu desenho, sua arquitetura”. E prossegue: “Uma poesia que exige um leitor não ingênuo, porém, vivente de um mundo também cindido”.

O professor Aloísio de Medeiros Dantas, da Universidade Federal de Campina Grande, na apreciação que faz do romance Alice, de B. Kucinski, afirma que o ponto de partida da obra é “revelar o que se esconde por trás dos muros da universidade, tomando como ponto de partida um crime”. Em seguida, o crítico esclarece aspectos importantes relacionados ao enredo, à narração, à textualização e à técnica linguístico-discursiva utilizada pelo autor.

O escritor e professor Emerson Teixeira Cardoso deita seu olhar crítico sobre o livro Observatório do caos, do escritor e crítico literário mineiro Ronaldo Cagiano. “Artística e estilisticamente – salienta Emerson - Cagiano nuncanos enganou: no seu arcabouço temático, o autor nos mostra uma preocupação constante em escancarar os abismos da existência e seus silêncios, o e ter no tédio que Rimbaud nos legou, aquele que nos conduz ao inferno”.

Já Ronaldo Cagiano, por sua vez, afere o livro O incêndio (Folhas de Relva, 2018), do escritor Alexandre Staut. “Eis um livro profundamente dramático, humano e poético, em que invenção e memória, imaginação e realidade se fundem num conjunto emque, também o nonsense e a inverossimilhança são recursos para se falar do absurdo que se abriga nesse mundo veloz e pragmático”, registra o crítico.

Colunistas

O professor e poeta Amador Ribeiro Neto faz uma crítica arrasadora do novo livro da escritora Bruna Beber, Ladainha (Record,2017). “Ler Bruna Beber, e seus bajuladores, é imergir numa convulsão de clichês, lugares-comuns, estereótipos.

Dissimulação e engano de ‘poesia’ e de ‘crítica’”, detona Amador. E prossegue: “Ladainha não é nada mais do que o título antecipa: repetição, cantilena, lengalenga, fastio. Um enfeixamento de prosaísmos sem pé nem cabeça”.

A professora, ficcionista e crítica literária Analice Pereira percorre os labirintos narrativos de O amor das sombras (Alfaguara, 2015), livro de contos do escritor Ronaldo Correia de Brito. Segundo ela, “os procedimentos literários de Correia de Brito demostram engenho na arte decriar técnicas diferentes capazes de dar conta das diferentes formas literárias que explora: romance, novela, conto. Noutras palavras, demonstram inventividade literária”.

O escritor e professor Rinaldo de Fernandes prossegue com sua apreciação de Passagens, de Walter Benjamin(1892-1940). Trata-se, de acordo com os editores brasileiros, de uma das obras historiográficas mais significativas. O autor, tomando Paris como ponto de partida, apresenta “a história cotidiana da modernidade – com figuras como o flâneur, a prostituta, o jogador, o colecionador - e os meios de uma escrita polifônica”.

O poeta e professor Carlos Newton Júnior mostra mais uma vez por que é um dos melhores cronistas brasileiros da atualidade. Uma aula de catecismo é o tema de sua nova crônica, onde não faltam ironia e bom-humor. De forma sucinta, Carlos descreveum diálogo entre professora e aluno, cujo assunto é a criação do homem e da mulher, sob o ponto de vista bíblico. A curiosidade do garoto deita por terra a “lógica” que explica a descendência de Adão.

Línguas

Adriano Bezerra de Araújo, graduando em Letras Clássicas –Latim e Grego – na Universidade Federal da Paraíba, revela sua paixão pelo latim por meio de uma análise do poema “Cíntia”, de Propércio. Segundo Adriano, Propércio faz parte do círculo de poetas formado por Catulo,Tibulo e Ovídio. “Sua elegia é caracterizada por um tom meloso, condoído e erótico, não no sentido sexual, mas pela razão de enaltecer o eros, o amor”, frisa o estudante.

Memória

“Algumas casas tornam-se emblemas de seus donos. Aliás, pode-se dizer que toda casa é, em certa medida, um reflexo do dono. Porque as pessoas inevitavelmente imprimem sua marca pessoal ao lugar onde vivem”. Com essa premissa, o escritor Gil Messias conduz o leitor em uma visita às casas dos escritores José Américo de Almeida, em João Pessoa (PB); Gilberto Freyre, em Recife (PE), e Stefan Zweig, em Petrópolis (RJ).

Ficção

O escritor José Caitano de Oliveira está de volta às páginas de ficção do “Correio das Artes”com um conto inédito, intitulado “O mamífero”, ilustrado pelo artista plástico Tônio. O conto é dedicado ao poeta, crítico literário e professor Hildeberto Barbosa Filho. José Caitano é autor, entre outros livros, de Delirium Tremens, Maçonaria e Esoterismo, O Pastor e o Verbo, De liberdade não se morre e Saga de 1930 e o Doido da Parahyba.

Fundado pelo poeta e jornalista Édson Régis, em 27 de março de 1949, o “Correio das Artes” é o suplemento de literatura e artes do jornal A União, da Imprensa Oficial da Paraíba, e circula no último domingo de cada mês. Tem entre suas missões refletir, criticamente, a produção artística e literária, assim como divulgar autores novos e consagrados, em todos os gêneros textuais. Contato: editor.correiodasartes@gmail.com.