por Guilherme Cabral*
Na próxima quinta-feira (dia 31) será inaugurado, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa, o Memorial Abelardo da Hora (1924-2014), um local permanente de exposição de 264 obras do artista que deve se tornar o referencial do expressionismo na América Latina. Na ocasião, também será lançada, pela Editora A União, da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), a republicação da segunda edição – revista e atualizada, com ilustrações de Abelardo da Hora – do livro Poemas Reunidos (136 páginas), da paraibana Margarida Lucena da Hora, viúva do artista pernambucano, morta em 2010.
“Esse livro é fruto da parceria da Editora A União, por meio da EPC, com a Fundação Espaço Cultural da Paraíba e a família da autora. Essa obra é uma homenagem do Governo do Estado da Paraíba ao casal Abelardo e Margarida da Hora, em virtude do Memorial sobre o artista que será inaugurado nas dependências da Funesc”, apontou o diretor de Mídia Impressa da EPC, William Costa.
A primeira edição da antologia poética foi lançada em 2008. Na época, no texto que escreveu para o volume, a autora Margarida Lucena da Hora (1924-2010) confessou o seguinte: “Este livro é fruto das minhas emoções vividas e agora exteriorizadas em poesias. Emoções experimentadas durante o longo período de vivência, de amor, sofrimento e luta. Vencendo a pouco e pouco, as dificuldades, na convivência maravilhosa com toda família, meu marido e nossos filhos. Apesar de nossos sete filhos, o desejo de a todos agradar e muito amar, muitas vezes, até incapaz me sentia de ser aquela mãe que gostaria de ser, mas logo, logo, uma alegria me tomava, eles estão sendo muito amados. Dar a público esta contribuição poética da minha criação, difundindo e fazendo conhecer meu trabalho através deste livro é uma das realizações já sonhada desde a infância”, escreveu ela.
“Esse livro é importante, primeiramente, pelo valor literário, e, segundo, seu valor simbólico, por homenagear o casal”, justificou comentou William Costa. “A poesia de Margarida é de qualidade, de um lirismo que não se deixa contaminar pela pieguice e é de belas e fortes imagens, onde a autora, por meio do eu poético, revela suas emoções, sua leitura acerca da vida, da natureza, do amor e da arte. O leitor ficará, com certeza, satisfeito em perceber que a poesia de Margarida não está afastada da qualidade estética da obra do marido. O que as diferencia é apenas a linguagem: um faz poesia com bronze e a outra, com palavras”, comentou o jornalista e gestor.
Em seu texto de apresentação intitulado Para os paraibanos que escreveu para a nova edição, o governador do Estado, João Azevêdo, registra que a republicação de Poemas Reunidos é uma forma de homenagear o casal. “A obra, ilustrada por Abelardo da Hora, retrata o cotidiano, o amanhecer, a noite, as estações, e fala ainda de anjos, sombras e morte. Elementos da vivência da família, do trabalho e da natureza humana”, disse o governador.
No mesmo texto, referindo-se ao novo espaço que será inaugurado na capital paraibana, João Azevêdo informa que “o memorial contém gravuras e esculturas do artista, desenhista, gravador, ceramista, professor, militante político e inovador nas artes plásticas. E agrega a literatura de Margarida Lucena. A Paraíba acolhe o maravilhoso acervo que enriquece o nosso Espaço Cultural José Lins do Rego, para a apreciação dos paraibanos”, escreveu o gestor.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de março de 2022