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Eliane comemora 40 anos de carreira

publicado: 17/05/2023 15h40, última modificação: 17/05/2023 15h40
Hoje e amanhã, na capital paraibana, a “Rainha do forró” celebra marca com shows para gravação de DVD
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Para o DVD ‘Eliane 40 Anos’, a artista cearense (ao lado) vai cantar seus maiores sucessos e músicas inéditas ao lado de Joelma, Mari Fernandes, Solange Almeida, Dorgival Dantas, Taty Girl, Naiara Azevedo e Walkyria Santos - Foto: Freedom Comunicação/Divulgação
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por Joel Cavalcanti*

Quando ela canta, todo mundo canta com ela. E todo mundo sabe quem é Eliane, a “Rainha do forró”, que celebra quatro décadas de carreira com a gravação de dois shows, a serem realizados hoje e amanhã, na Domus Hall, em João Pessoa. Para o DVD Eliane 40 Anos, a artista cearense vai cantar seus maiores sucessos e músicas inéditas ao lado de uma lista de convidados que inclui Joelma, Mari Fernandes, Solange Almeida, Dorgival Dantas, Taty Girl, Naiara Azevedo e Walkyria Santos. As apresentações, marcadas sempre para as 19h, têm ingressos que custam entre R$ 70 e R$ 160, e podem ser adquiridos na plataforma do Ingresso Digital (www.ingressonacional.com.br/Eliane40anos) ou nas bilheterias da casa de show localizada no Manaíra Shopping.

“Estou muito feliz e ansiosa porque é meu primeiro DVD e tem toda a expectativa dos fãs que aguardam por esse momento tão especial. Vamos fazer uma retrospectiva e outras músicas que até então não estavam no repertório”, adianta a artista, que, aos 15 anos de idade, gravou seu primeiro álbum de forma independente, vendendo 30 mil cópias, em Fortaleza. Foi com canções dessa época, que fizeram grande sucesso durante um período de mudança nas letras e da instrumentação do forró – trocando o trio pé de serra pelas big bands –, que Eliane reinou. E num processo cíclico, essas canções estão de volta à preferência do público. “Mesmo com a renovação, sempre volta algo de clássicos do passado. São muitas regravações que voltam à memória das pessoas, e isso é ótimo, principalmente para mim, que faço parte dessa época e vejo essa juventude da era digital curtindo meu trabalho”, acrescenta Eliane.

O primeiro grande sucesso dela foi a música ‘Quando será’, que rendeu à cantora seu primeiro Disco de Ouro. Com ‘Jeito manhoso’, ela entrou na trilha sonora da novela Mico Preto, da Rede Globo, e depois chegou a ser indicada ao Prêmio Sharp (atual Prêmio da Música Brasileira) por três vezes na categoria de cantora regional. Em meados da década de 1990, ela estourou com os hits ‘Amor ou paixão’ e ‘Brilho da lua’, tendo seus álbuns gravados por quatro grandes gravadoras e passou a ser um rosto reconhecido em programas de televisão em todo o país, extrapolando as divisas do Nordeste. Mas esse repertório também foi sendo substituído com o passar do tempo e outras bandas assumiram o controle do mercado. “As letras das bandas atuais são bem diferentes e contam com duplos sentidos. Naquela época, era mais romantismo. E muita gente continua se identificando com isso, e meu estilo é mais romântico mesmo”, define a forrozeira.

A projeção musical de Eliane caiu em declínio na última década, não apenas pelas mudanças no ritmo e nas letras, que não foram acompanhadas pela cantora, mas também por uma confessa falta de adaptação aos modos de produção e divulgação digitais. “Realmente era uma coisa bem complicada ainda para mim, mas tudo isso a gente aprende rápido. Não tenho medo nem preocupação com essa mudança e da música atual”, conta a artista, que chegou a fazer uma pausa na carreira de três anos, entre 1997 e 2000.

Apenas em 2019, com o EP Rainha, ela marcou a entrada nos streamings de música com a gravação de ‘Mil palavras de amor’, ‘Sim ou não’ e ‘Vai ser melhor’. As músicas foram gravadas em São Paulo, exatamente no mesmo estúdio em que gravou nos anos 1990. Ela ficou mais de 20 anos sem ir gravar na capital paulista. “Eu me senti no passado, me senti começando uma carreira, dos grandes sucessos da minha carreira”.

Paraíba como palco

Em João Pessoa, é comum a realização de shows que atraem o público com a proposta de fazer tributos com o que ficou conhecido como “forró das antigas”. É também devido a esse público cativo que existe no estado que Eliane decidiu trazer a gravação de show para a capital paraibana. “Foram cogitados vários lugares para fazer a gravação do meu DVD, mas o tempo passou e o lugar certo era aqui, na Paraíba, com o pessoal de João Pessoa, que eu tenho um carinho enorme”. Outra forma de se adaptar aos modelos de divulgação atual é a promoção de feats, cantando em conjunto com outros artistas de expressão na atualidade. E Eliane faz isso juntando nomes novos com os que fazem parte de sua trajetória pessoal.

“Solange Almeida já conhecia meu trabalho há muitos anos e cantava minhas músicas no início da carreira. Walkyria Santos também tem um romantismo maravilhoso e é muito especial estar nesse DVD com ela. O Dorgival Dantas sempre teve o sonho de tocar comigo e ele tem uma composição comigo, que eu gravei. A Taty Girl é uma menina guerreira com quem eu tenho uma amizade muito grande. Naiara Azevedo vem despontando no Brasil todo com o sertanejo. Mari Fernandes é super nova, mas vai conhecendo o meu trabalho. E Joelma tem esse estilo bem louco no palco que eu acho o máximo. Vieram pessoas bem massa para esse trabalho e estou bem feliz”, conta Eliane, que, durante muitos anos, esteve ao lado de uma cena musical composta ainda por Rita de Cássia, Mastruz com Leite e Cavalo de Pau, dentre outros.

Para atingir esse momento de celebrar os 40 anos de carreira mantendo a coroa dada por seu público, foram muitos shows para grandes plateias e outros pequenos, com estruturas precárias. E é tudo isso que Eliane quer festejar em João Pessoa. “Foi muita luta e muita batalha, realmente. Para se ter uma carreira sólida, é a sua arte que tem que estar em evidência. É preciso ter muita cabeça, profissionalismo e muita humildade. No início, ao lado do meu pai, José Lima, teve um trabalho muito simples, sem muitas condições, até assinar contratos com as gravadoras. Foi quando fui para o Rio de Janeiro e São Paulo e fomos crescendo, estendendo esse trabalho até hoje. Que isso permaneça com o amor à minha profissão e o romantismo do meu trabalho”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 17 de maio de 2023.