Começo, meio, começo. Para o cantor e compositor Elon, essa é a definição de temporalidade presente em “Preto”, mais novo single de seu cancioneiro. A canção integra um projeto que envolve não apenas a criação da música, mas também de um videoclipe homônimo. O pré-lançamento oficial do projeto acontece hoje, às 20h, no Café da Usina Energisa (Tambiá, JP), com a performance do artista acompanhada da exibição exclusiva do clipe.
Além da exibição do clipe, o evento no Café da Usina contará com a apresentação do espetáculo Tateia, que revisita canções do EP do artista lançado em 2022, além de músicas inéditas. “Vai ser uma noite bem bonita”, antecipa Elon, que convida o público a participar de uma verdadeira celebração à cultura negra sertaneja.
“Preto” foi composta por Titá Moura, em 2018. Surgiu de uma brincadeira inspirada em um conhecido refrão na capoeira, “escorregar não é cair, é um jeito que o corpo dá”. A canção, que aborda temas como alteridade, afetividade e autorreconhecimento, traz elementos da cultura negra sertaneja, incluindo o aboio, um canto tradicional do Nordeste.
“Está associada a uma safra, um bloco de canções que escrevi naquele ano, refletindo um papel social na canção brasileira que se empoderava naquele momento para o enfrentamento de muitos retrocessos que eram anunciados naquele ano”, explica Titá, refererindo-se aos valores fascistas que assaltavam a política brasileira àquele ano.
“Quando recebi essa canção, fiquei muito feliz. Ela passou a ser a abertura do show Tateia”, relembra Elon. A gravação foi concluída em 2022, mas só agora a música está sendo lançada ao público, com o videoclipe produzido por intermédio da Lei Paulo Gustavo.
O filme
O videoclipe, intitulado Preto – O Filme, foi concebido como uma narrativa cinematográfica, envolvendo uma equipe de mais de 20 profissionais. A produção remonta aos festejos culturais negros do Sertão da Paraíba, especialmente da cidade de Pombal, terra natal de Elon.
Elementos como a Festa do Rosário, os pontões, os congos e o reisado são retratados, trazendo à tona símbolos da cultura popular, como a figura do rei. “O vídeo gira em torno da coroação do tempo, representado por uma criança, que simboliza a continuidade das coisas”, explica o artista.
No vídeo, uma pagadora de promessas protagoniza os eventos principais, inspirada em uma imagem captada por Elon durante a Festa do Rosário, em Pombal. “Ela é quem canta a história, com seus pés descalços e uma pedra na cabeça”, afirma Elon.
“A produção do clipe também foi marcada por um profundo envolvimento espiritual e emocional de todos. Considero esse projeto muito importante, não só profissionalmente, mas espiritualmente”, finaliza.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de março de 2025.