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Em João Pessoa, monólogo ‘Devaneio’ será apresentado hoje, na programação da 5ª Mostra Feminina de Artes Cênicas

publicado: 23/03/2022 09h11, última modificação: 23/03/2022 09h11
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Foto: Bruno Vinelli/Divulgação

por Joel Cavalcanti*

O Teatro Santa Roza recebe às 20h de hoje o espetáculo intimista Devaneio, da atriz paraibana Eulina Barbosa. O monólogo leva ao palco a história de Dalva, mulher de meia-idade que convive com muitos questionamentos. “Dalva é um personagem que convida a gente a ir ao passado e ao futuro, que está muito interligado. Ela questiona o sentido real da vida e o que leva uma pessoa a esperar a vida toda por um amor que muitas vezes não chega”, explica a atriz da Cia. Braúnas Produções Culturais, que conta com a colaboração do diretor paraibano José Maciel Sobrinho.

A programação faz parte da 5ª Mostra Feminina de Artes Cênicas que acontece durante todo o mês de março e é promovida pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) em parceria com a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (Semdh). Os ingressos para a apresentação são gratuitos e podem ser retirados com até uma hora de antecedência.

De autoria da atriz, o texto de Devaneio é inspirado em suas lembranças e em histórias pessoais. O espetáculo costura através da personagem de Dalva os relatos reais dos tios que Eulina Barbosa homenageia e com quem ela costumava passar a maior parte do tempo durante a infância, quando ficava sob os cuidados dos idosos, sempre ouvindo suas narrativas. Misturando delírios e desabafos, a peça busca discutir sobre os sonhos que se nutre durante uma vida inteira e as razões e responsabilidades de eles nunca se concretizarem. “E se você não almeja mais um amor, o que foi que aconteceu para que você deixasse de sonhar?”, interroga a atriz.

Com histórias que tratam sobre desamores, relacionamentos platônicos e malogrados, Eulina Barbosa reuniu os depoimentos de seus familiares, que ela sempre reconheceu a capacidade de levá-los aos palcos. “Muitas vezes, quando a gente revisitava essas histórias, sempre havia alguém que dizia ‘elas dão uma peça’, conta. E deu. Devaneios teve sua primeira montagem exibida em 2018 e chega ao público aprimorado pela prática que acumulou com os anos. A personagem devaneia para fugir da realidade que se encontra, e as experiências vividas por Dalva reacendem nela a esperança de reencontrar um amor.

Um dos desafios para a atriz do espetáculo foi separar as memórias pessoais de Eulina das elucubrações de Dalva. “Foi complexo porque eu estava muito dentro da história e precisei entrar em um processo de distanciamento. Como trazer essas memórias para que o público possa se identificar?”, questiona. Outra preocupação da encenação era que ela pudesse ter suas experiências compartilhadas com a plateia, que fica próxima da atriz, acompanhando tudo de cima do palco. O que se buscava eram as “Dalvas” vivendo no mesmo devaneio. “Existe uma identificação muito positiva de quem já assistiu ao espetáculo, que tem suas próprias memórias aguçadas. As memórias são universais e, de alguma forma ou de outra, elas estão conectadas”, acredita a atriz.

Durante Devaneios, a atriz canta e usa um pequeno banco de madeira como instrumento percussivo. Parte da trilha sonora é original e executada ao vivo pelos músicos Helinho Medeiros e Genário Dunnas. A concepção de luz, fundamental para sublinhar a recorrente passagem de tempo durante o espetáculo é de Fabiano Diniz. A classificação indicativa é de 14 anos.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de março de 2022