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Emoção através da fé

publicado: 27/03/2024 09h26, última modificação: 27/03/2024 09h26
O diretor Edilson Alves e a atriz Paloma Bernardi falam sobre ‘Paixão de Cristo - Um Musical de Fé’ que estreia amanhã
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Paloma Bernardi e Leandro Lima, que interpretam Maria e Jesus no espetáculo, ensaiando nos degraus do adro do Centro Cultural São Francisco | Foto: Junot Lacet Filho

por Sheila Raposo*

No espetáculo Paixão de Cristo – Um Musical de Fé, arte e religiosidade se unem para contar uma história que cativa as pessoas há mais de dois mil anos: a vida, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré. Com uma narrativa colorida e musical, a versão 2024 da encenação estreia amanhã, às 20h, no adro do Centro Cultural São Francisco. Na sexta e no sábado são duas sessões: às 18h e às 20h30, sempre com entrada franca. Este ano, Jesus será interpretado pelo ator Leandro Lima, que dividirá cenas com a atriz Paloma Bernardi, no papel de Maria.

De acordo com o diretor-geral do espetáculo, Edilson Alves, a montagem atual teve acréscimos na dramaturgia e mudanças nas canções utilizadas para costurar as cenas, atendendo ao desafio de trazer novidades para o público. Entre as novidades do texto, que é assinado pelo teatrólogo Everaldo Vasconcelos, há a cena da boa samaritana. “Originalmente, esse episódio não estava no espetáculo, e eu queria muito incluí-lo”, conta.

Já a trilha sonora, além de apresentar novas músicas, como “Canção dos imperfeitos”, “Um vaso novo” e “Meu bom José”, traz uma inovação na passagem da Via Crucis: a inserção de “incelenças”, que são cânticos fúnebres, de matriz popular, executados à cabeceira de enfermos moribundos. “Embora seja um espetáculo de época, a liberdade poética e o teatro me permitem criar essa identificação com a linguagem popular”, ressalta Edilson.

A escolha dos atores e atrizes que atuam no espetáculo da Paixão de Cristo foi feita por meio de edital, lançado pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). Dentre mais de 170 inscritos, a comissão selecionou 40 atores e atrizes. “A exigência do registro profissional e regulamentado na carteira de trabalho foi uma das melhores coisas que aconteceu a esse espetáculo, pois valorizou os artistas da cidade”, diz o diretor.

Além deles, integrantes da Companhia Municipal de Dança de João Pessoa e alunos bailarinos da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec) participam da montagem, totalizando mais de 60 pessoas em cena. Nos bastidores, camareiros, contarregras, iluminadores, cenotécnicos, maquiadores — o que dá quase 130 pessoas envolvidas nesse projeto.

Segundo Edilson, coordenar um projeto dessa monta exige muita força de vontade e confiança. “Tivemos apenas 12 ensaios para organizar esse pessoal e montar o espetáculo. Um desafio enorme! Mas tenho muito tesão e prazer pelo que faço, e acredito que o público vai gostar do resultado final”, acrescenta.

Devota

Paloma Bernardi já interpretou Maria em outras encenações da Paixão de Cristo. Mas isso não lhe diminui a sensação de privilégio, por passar mais uma vez por essa experiência. “Eu sou devota de Nossa Senhora. Ela está presente em todos os dias da minha vida. Fazer esse papel é uma emoção múltipla, uma grande honra”, enfatiza.

Para a atriz, há um pouco de Maria em cada mulher que ela admira e com quem convive, como a sua mãe, a sua avó e as suas amigas que já são mães. “Também vejo Maria nas mulheres que já passaram pela dor de perder um filho. Eu ainda não sou mãe, não tenho como mensurar essa dor. Então, quando subo ao palco, eu levo todas essas mulheres como inspiração”, conta.

Sobre interpretar ao ar livre e com o auxílio de gravações, Paloma diz não haver diferença no sentimento que ela imprime à sua atuação. “A tecnologia auxilia, pois a gente vai se apresentar para cinco mil pessoas. É importante que o público escute bem para embarcar na história. Mas o coração tá pulsando no palco, numa troca maravilhosa com todo o elenco. É algo que existe, é real e presente”, avalia

História também ganha vida nos bairros

O espetáculo da Paixão de Cristo vem sendo encenado em alguns pontos de João Pessoa, desde a semana passada, em polos distribuídos por diferentes bairros da capital paraibana. Grupos teatrais das próprias comunidades são responsáveis pelas montagens, que também são fruto de um edital da Funjope.

Nesta sexta-feira, a Associação Recreativa Cultural e Artística (Arca) realiza o espetáculo Paixão de Cristo – Amor e Paixão, na Ilha do Bispo, a partir das 10h, na Igreja Senhor do Bonfim. Às 19h30, o bairro Cristo Redentor recebe Uma vida por outra vida – o musical, na igreja Assembleia de Deus Ministério Boa Esperança, templo-sede.

O Coletivo Retalhos apresenta Paixão em Retalhos Itinerantes nos bairros Bancários (quadra da comunidade do Timbó) e Padre Zé (anfiteatro da Praça da Conquista), na sexta-feira e no sábado, respectivamente, a partir das 19h. Por fim, no sábado, o grupo de teatro Coadjuvantes da Cruz se apresenta no Parque Linear Parahyba 2, a partir das 19h.

A programação já contou com encenações nas feiras de Jaguaribe e do Mercado Central, no Parque Solon de Lucena e nos bairros Bancários, Cuiá, São José, Geisel e Cruz das Armas.

‘Paixão’ em Cabedelo é encenada há 43 anos

De sexta a domingo, a partir das 20h, a Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo, receberá o espetáculo teatral A Paixão de Cristo, promovido pelo Grupo de Teatro Amador Padre Alfredo Barbosa. Selecionado por edital da prefeitura local, com investimento de mais de R$ 150 mil, o espetáculo terá entrada franca.

Há 43 anos, a Paixão de Cristo é encenada em Cabedelo. Além de fazer parte do desenvolvimento cultural e turístico local, o espetáculo é reconhecido, por lei municipal, como patrimônio imaterial.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de março de 2024.