Guilherme Cabral
Dentro do Projeto de Ocupação Artes Cênicas 2016 da Funesc (Fundação Espaço Cultural da Paraíba), o Grupo de Teatro Engenho Imaginário apresenta hoje, a partir das 17h, no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa, a peça intitulada Estórias, dirigida por Guilherme Schulze e que, por meio da narração, mostra ao público romances da literatura oral nordestina. A companhia aproveita o evento para encenar o seu repertório de três espetáculos, iniciado ontem, com a peça Zé Lins – O Pássaro Poeta, baseada na obra O menino que virou escritor, de Ana Maria Machado, e que será concluído amanhã, no mesmo horário, com a nova montagem, O Circo dos Feijões Mágicos, ambas com direção de Valeska Picado. Os preços dos ingressos são R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) e podem ser adquiridos na própria bilheteria do local.
“Acho importantíssimo esse Projeto de Ocupação Artes Cênicas, no qual nosso projeto foi inscrito e selecionado através de edital. Estamos muito agradecidos à Funesc por isso. Com todo o respeito ao teatro de rua, mas é preciso haver um espaço para apresentações. Um grupo sem casa de espetáculos para se apresentar é como um morador de rua, que não tem teto. E a Fundação Espaço Cultural da Paraíba oferece o Teatro Paulo Pontes, que tem uma estrutura maravilhosa”, comentou para o jornal A União a diretora Valeska Picado.
Atração de hoje, o espetáculo intitulado Estórias tem, como temática principal, o medo e as suas especificidades. As personagens das histórias narradas, inspiradas em quatro contos, todos considerados clássicos da tradição oral, são representações atuais que, apesar de, por um lado, refletir a cultura popular conservadora, é, também, contestadora, respeitando a diversidade, contribuindo, assim, para uma discussão - de caráter político - sobre cidadania e etnia. Para isso, as histórias integrantes do texto se fundem através de um contraponto entre narração, música, ação e marcações coreográficas. Nesse sentido, a ideia é envolver as crianças da plateia em cada história, de forma que, ao final da encenação, os espectadores sejam levados a sentir prazer mas também à reflexão.
“Nosso grupo se caracteriza por realizar espetáculos educativos, musicais, pois as trilhas são autorais e executadas ao vivo, e direcionados ao público infantojuvenil”, lembrou a diretora e autora Valeska Picado. A propósito, ela fez questão de ressaltar que o espetáculo O Circo dos Feijões Mágicos, que é o mais recente do Engenho Imaginário e estreará no Teatro Paulo Pontes amanhã, além de exaltar o circo, também é uma homenagem ao maestro Carlos Anísio, responsável pela Direção Musical, criação de composições, arranjar outras obras e executá-las ao vivo, durante as apresentações. Ela disse que Anísio encarna o personagem chamado Homem Banda e aparece, no palco, tocando vários instrumentos.
O Circo dos Feijões Mágicos - cujo texto foi escrito por Valeska Picado e Guilherme Schulze - é um espetáculo inspirado no conto popular britânico intitulado João e o Pé de Feijão. A peça conta a história de Joaninha, uma palhacinha cujo sonho era ser bailarina. Ela vive mil aventuras ao lado da vaca leiteira, a harpa encantada e a galinha dos ovos de ouro, mas é no castelo do temível gigante onde o verdadeiro conflito acontece. Para contar essa narrativa, o Grupo Engenho Imaginário transforma o palco em um picadeiro, onde algumas técnicas são utilizadas, servindo de elemento fundamental das personagens, vividas pelos atores David Muniz (perna-de-pau), Naná Vianna (aéreo) e Ed Santos (palhaço).
“Os principais objetivos dessa proposta de encenar nossas peças são o de proporcionar ao público em geral uma experiência cênica, através da fruição de espetáculos teatrais de qualidade; trazer à reflexão, por meio da narrativa sugerida pela dramaturgia, a cultura do Nordeste brasileiro, com suas riquezas e valores; acrescentar, ao repertório infantil, a riqueza das cantigas brasileiras; e, ainda, promover um intercâmbio cultural, por meio de apresentações”, concluiu Valeska Picado, cujo grupo foi criado em 2007, quando ela se reuniu com os artistas David Muniz, Naná Vianna, Carlos Anísio e Itamira Barbosa para a finalização da montagem do espetáculo Zé Lins – O Pássaro Poeta.