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versatilidade e companheirismo

Entre amigos

publicado: 19/03/2024 10h20, última modificação: 19/03/2024 10h20
Gracinha Telles lança seu quarto álbum, 'Asas para Mim', cercada por parceiros representativos de sua carreira
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Gracinha Telles faz uma mescla de pop, blues, choro, coco e balada em seu novo disco, disponível nas plataformas digitais | Foto: Roberto Guedes

por Sheila Raposo*

O dia 1º deste mês marcou a carreira da cantora e compositora Gracinha Telles com uma novidade: o lançamento do seu novo álbum, Asas para Mim, em plataformas digitais. Com três CDs na carreira, essa é a primeira experiência dela apenas em streaming. No disco, uma mescla de pop, blues, choro, coco e balada, em composições que celebram a versatilidade da cantora e marcam os 45 anos de uma militância cultural iniciada ainda na infância.

O álbum traz três canções compostas apenas por Gracinha (a que intitula o disco, “Asas para Mim”, e também “Sonora” e “Olhos de espelho”), uma parceria com Thaíse Gadelha (“Ela é música”) e outra com Don Tronxo e Tito Lívio (“Mares que vivi”) e quatro composições de gente como Erick Von Sohsten (“Prato feito”), Marco Polo (“Seu Valdir”), Ditelles Araújo (“Sonhos e fantasias”), Antônio Arcela (“Aidis de mim”) e Zé Carlos Bicudo (“Clareia”). “São músicas que estavam esperando o momento certo para se juntar em um álbum. A oportunidade chegou agora”, diz. O show de lançamento desse álbum ainda não tem data marcada, mas ela pretende realizá-lo até maio.

Além de composições selecionadas a dedo, a cantora também se esmerou na escolha dos músicos que a acompanham nas 10 faixas. Na ficha técnica, gente como Guegué, Zé Filho, Azeitona, Poty Lucena e Costinha, entre muitos outros. “Pessoas que acreditam em mim, que fazem parte da minha vida e da minha construção como cantora”, ressalta.

A música me deu tudo: bons amigos e a capacidade de prestar atenção às coisas da vida
- Gracinha Telles

Gracinha também pretende retomar o show Mulheres, no próximo semestre. Idealizado por ela, o projeto já vai para a 15ª edição. “É um evento bastante trabalhoso, porque são várias cantoras, então tudo precisa ficar bem casadinho. São mulheres que decidem seus próprios destinos e que constroem a própria carreira musical com uma carga autoral de peso”, explica.

A música como oxigênio

Nascida em Campina Grande, de pai paraibano e mãe pernambucana, Gracinha estreou na música aos 13 anos, fazendo apresentações vespertinas na TV Universitária, em Recife (PE). Já adulta, depois de participar de festivais de música e outros projetos culturais, ela foi para São Paulo. “Lá, eu tive a graça divina de trabalhar com músicos e compositores maravilhosos, parecia estar tudo pronto pra mim”, diz.

De São Paulo, a artista veio para João Pessoa, no início dos anos 1990, com uma fita demo no bolso e muita vontade de mostrar serviço. “Cheguei ao projeto Boca da Noite, de Carlos Aranha, e mostrei essa fita a ele. Era um trabalho muito bem produzido, que o deixou impressionado. A partir de então, as portas se abriram para mim. Fui acolhida por todos”, conta.

A artista também passou temporadas em Curitiba e no Rio de Janeiro, sempre acompanhada de gente da cena cultural local. “Em toda cidade aonde chego, procuro logo os músicos — e sou muito bem recebida”, conta. “A música me deu tudo: bons amigos, muitas oportunidades e a capacidade de prestar atenção às coisas da vida. Ela me levou aonde eu queria estar”, acrescenta.

Campinense, a cantora passou temporadas em São Paulo, Rio e Curitiba antes de se estabelecer em João Pessoa: ‘Sempre fui bem acolhida’ | Foto: Reprodução

Foi também na música que ela encontrou forças para sobreviver a uma tragédia pessoal: quando perdeu, no mesmo acidente, o filho (de 14 anos), o marido e a sogra. “Nunca senti tanta dor. Eu não sabia o que fazer, o que dizer, como agir. Se não fosse a música, eu teria morrido junto”, relembra.

Autodidata

Gracinha tem três CDs gravados: Ela É Música, Mulheres e Plural. Além dela, a sua família conta com outro artista: o seu irmão, Ditelles Araújo (um dos compositores do seu novo álbum), que também é cantor, compositor e instrumentista. Mas ela conta que a família inteira sempre foi muito musical. “Minha mãe passava o dia cantando. Nos finais de semana, meu pai juntava todo mundo e organizava os vocais com os cinco filhos. Sempre estivemos rodeados de música”, lembra.

Logo no início da carreira, ela fez alguns cursos de harmonia e técnicas vocais, para se aperfeiçoar. Mas é muito mais intuitiva do que técnica. “O arranjo que criei de ‘Mares que vivi’, por exemplo, foi passado para a banda por meio de vocalizações”, diz.

Gracinha também é envolvida em projetos carnavalescos. Além de fazer parte da Associação Folia de Rua, ela é puxadora oficial do trio elétrico As Virgens de Tambaú, cantou por mais de 15 anos no bloco Picolé de Manga e se apresentou diversas vezes no Muriçocas do Miramar.

Através do link, ouça a canção-título no álbum no YouTube

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 19 de março de 2024.