Duas exposições serão abertas, hoje, pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), em João Pessoa. A xilogravurista Bebel Lélis expõe Lentes do Cangaço, com abertura às 18h, no Espaço Expositivo Alice Vinagre, no mezanino 2 do Espaço Cultural, enquanto a artista visual Mozileide Neri abre a exposição A Forma como Variável, a partir das 19h, na Galeria Archidy Picado, também no Espaço Cultural, mas no subsolo. Ambas ficam abertas até 8 de novembro.
Em Lentes do Cangaço, fotografias de acervos sobre o cangaço brasileiro são representadas em xilogravuras. Já A Forma como Variável expõe mais de 400 formas geométricas a partir da técnica da colagem criada com embalagens de produtos industriais.
Cangaço entalhado
Bebel Lélis morava em uma rua chamada Chã da Bala, na cidade de Taperoá. Ela conta que havia uma lenda sobre o local: “Se cavasse aquele chão, eu poderia encontrar um cartucho de uma das centenas de balas trocadas em uma batalha entre um grupo de cangaceiros e a polícia de Taperoá”. Filha de historiadores, sempre teve curiosidade sobre o movimento nordestino, incentivada por seus pais, Balduíno e Dulce, de quem herdou a verve e a sensibilidade para a representação das coisas do mundo.
“Iniciei muito cedo na fotografia. Também conheci ainda criança a xilogravura. Decidi então buscar nas fotos jornalísticas que temos do período em que o cangaço surgiu, que teve seu apogeu e declínio, contado através de xilogravuras que representam nessas fotografias uma parte da história imagética de um movimento muito importante no nosso país”, comenta.
Bebel realizou uma pesquisa imagética em livros, blogs e sites que versam sobre o tema do cangaço no Nordeste brasileiro, selecionando imagens do Acervo Abafilm, de trabalhos do fotógrafo Benjamin Abrahão e de acervos de Leandro Cardoso e do Instituto Moreira Salles, entre outros. “A partir dessas imagens, transformei em esboços que foram para uma chapa de madeira onde entalhei 10 desses momentos iconográficos que escolhi representar”, explica acerca de suas lentes interpretativas sobre o cangaço.
Multiformas sensoriais
A Forma como Variável estreia em João Pessoa, resultando do desdobramento da quarta fase de uma pesquisa de Mozileide Neri sobre arte geométrica. Na mostra, a artista expõe mais de 400 objetos, em colagens de pequenas dimensões (cerca de cinco centímetros), oriundas de embalagens de papelão de produtos industriais. “A mostra é sobre brincar com essas métricas. Começo com retângulos e vou alongando essas formas. Então tem quadrados, tem formas circulares, pontiagudas, uma dimensão de possibilidades de leitura que cada observador vai ter”, explicita.
Nascida em Guarabira, Mozileide foi morar ainda criança no Rio de Janeiro. Ligada aos desenhos desde a infância, conta que sempre gostou de arte e começou a trilhar os caminhos da profissionalização na área, quando cursou a graduação em Produção Cultural pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro, sobretudo a partir de 2013.
“É importante dizer que a exposição possui acessibilidade. As fichas técnicas estão em fonte ampliada, em braille, com mais de 400 obras fixadas na parede, essas não podem ser tocadas, mas tem dois cubos, e cada cubo têm cinco obras táteis, que são as mesmas obras expostas na parede, só que adaptadas ao toque. Tem obras com cheiro, com sonoridade, no que eu chamo de obras multissensoriais”, frisa a artista, destacando a urgência da adaptação de espaços culturais a todos os públicos.
LENTES DO CANGAÇO
- Exposição de Bebel Lélis.
- Abertura hoje, às 18h.
- No Espaço Expositivo Alice Vinagre (Espaço Cultural, R. Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho, João Pessoa).
- Visitação até 8 de novembro.
- Entrada franca
A FORMA COMO VARIÁVEL
- Exposição de Mozileide Neri.
- Abertura hoje, às 19h.
- Na Galeria de Arte Archidy Picado (Espaço Cultural, R. Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho, João Pessoa).
- Visitação até 8 de novembro.
- Entrada franca