Lucas Silva - Especial para A União
Podendo ser encarada como uma comédia dramática absurda que traz ao palco um jogo de metáforas, o espetáculo intitulado “Cachorros não sabem Blefar” têm única apresentação marcada para hoje no Teatro Piollin, às 20h. A peça, encenada pela ‘Companhia de teatro mineira 5 Cabeças’, faz parte do Projeto Palco Giratório do Sesc, conta a história de cinco pessoas presas em um ambiente que eles não sabem onde estão e o que pode acontecer na sequência. Os interessados em participar bastam apenas comparecer ao local, pois a entrada é gratuita.
“O espetáculo que fizemos trabalha na linguagem do teatro de absurdo que é um gênero que surgiu no pós segunda guerra mundial para dar nome a certa dramaturgia dentro do cinema”, disse o diretor, Byron O’nell, em entrevista ao Sesc Cultural.
Dando início a história que o público da capital poderá ver, o personagem Caio sempre olha para seu relógio que insiste em marcar o mesmo horário: 9h15. Mas, o problema não são as pilhas e sim porque provavelmente ele está quebrado ou então cansou-se - o que seria lastimável para um relógio.
Por outro lado, Adamastor, um dos cinco personagens que odeia o nome Caio, contracena com Cristina que não quer morrer virgem e odeia Caio, seu namorado. Entretanto, o mais engraçado é que Caio não é o namorado de Cristina, apresenta-se para as pessoas com o nome de Adamastor, pois sabe que assim são capazes de suportá-lo.
Indo mais além, Adamastor acredita que tartarugas são perigosíssimas. Certa vez perdeu toda sua fortuna para um jabuti. Além de toda essa confusão entre eles, Verônica nunca sabe se está ou não nua - inclusive já perdeu vários empregos por causa disso. Alguns porque estava nua, outros porque estava vestida.
E ainda por fim, mas não menos importante tem Berenice, que procura seu cachorro. Ele está sozinho em casa e não sabe abrir pacotes de ração e nem a geladeira. E um detalhe importante: ele não late. De jeito nenhum. Talvez não exista. Não existem cães que não saibam latir. E tartarugas que não saibam blefar. Por isso são excelentes parceiras de pôquer. Já os cachorros não. Cachorros não sabem blefar.
“A história são cinco pessoas (seres) que estão presos dentro de um lugar indefinido onde o único relógio marca sempre 9h15. Eles estão presos porque ouviram um uivo e não sabem bem que tipo de bicho emitiu esse som. Com o desenrolar do espetáculo novas metáforas vão surgindo e deixando tudo mais interessante”, descreveu o diretor.
O elenco é formado pelos atores Carol Oliveira, Luisa Rosa, Mariana Câmara, Saulo Salomão e Ronaldo Jannotti. Acompanhando e dando ritmo ao espetáculo a direção de arte (figurino, cenografia e maquiagem) vem atrelada aos atores, porém no comando de Daniel Ducato e dando o toque final, a trilha sonora com Rafael Nelvam, que traz a peça toda leveza e suspense necessário.
Como tudo começou?
Atualmente, o grupo completa sete anos de trajetória este ano. Em resumo sua forma de trabalho flerta diretamente com a linguagem do chamado “teatro do absurdo” e possui três trabalhos cênicos com dramaturgias originais que receberam diversos prêmios: 5 Cabeças à espera de um trem, Cachorros não sabem blefar e Sinto muito: acabaram-se os pães. Mas tudo isso não surgiu do dia pra noite.
A Cia. 5 Cabeças surgiu em 2009 com Byron O’Neill, Carol Oliveira, Luísa Rosa, Mariana Câmara, Ronaldo Jannotti e Saulo Salomão a partir da cena curta “5 cabeças à espera de um trem”, criada originalmente para participar do X Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte. Uma proposta simples que ganhou a simpatia do público fazendo com que fosse a mais votada de todo o Festival.
A partir disso, a cena participou e foi premiada em importantes festivais pelo Brasil. Participou da V Mostra cena breve Curitiba em 2009, sendo também uma das cenas mais votadas pelo público e pelo júri, cumprindo temporada em Araucária (Paraná). Com o passar dos anos, em 2010, por exemplo, participou da 4ª edição do VAC – Verão Arte Contemporânea – em Belo Horizonte e foi ganhando espaço na cena teatral do País com suas apresentações.