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Ator gaúcho estreia monólogo no Espaço Tamarindeira

publicado: 03/06/2018 00h05, última modificação: 02/06/2018 12h37
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Ator gaúcho João Monteiro é protagonista da peça que retrata vivências e conflitos do personagem André - Foto: Divulgação

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Jãmarrí Nogueira

Mistura de Raduan Nassar com Mario Rodrigues, com pitadas de Albert Camus. É assim o espetáculo ‘André ou receita para se fazer um monstro’, que pode ser visto neste domingo e na segunda-feira, dias 3 e 4, às 20h, no espaço cultural Tamarindeira Processos Criativos, em João Pessoa. No palco, o ator gaúcho João Monteiro, sob direção de João Paulo Soares. Tem ainda a participação especial de Luiz Carlos Vasconcelos. Ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$10 (meia). O drama tem classificação etária de 14 anos de idade.

O monólogo relata as vivências e conflitos de André ao se deparar com os restos familiares quando retorna a sua casa. Entre devaneios, visões, seu comportamento doentio, por vezes, esquizofrênico o faz encontrar surpresas sobre si mesmo e um ato cometido no passado. Apresentação tem apoio do Grupo Piollin de Teatro. O espetáculo é inspirado no livro vencedor do Prêmio Sesc Literatura 2016 na categoria contos, “Receita para se fazer um monstro”, de Mário Rodrigues, de Garanhuns (PE).

“Enfrentamos algumas pequenas barreiras para a montagem do espetáculo: o livro de Rodrigues é de contos. Transformar literatura para a cena exige mudar muita coisa. E como mudar o texto sem perder a ideia geral? Senti a necessidade de expandir o universo da personagem e gosto muito do filme Lavoura Arcaica, baseado no livro de Raduan Nassar. É daí que vem o André, uma inspiração para tornar mais humano ainda a personagem do Mário Rodrigues”, disse João Monteiro, admitindo algum nível de convergência com ‘O estrangeiro’, de Albert Camus.

O ator gaúcho - responsável pela dramaturgia da peça - disse que ser dirigido por João Paulo Soares é gostoso e desafiador. João Monteiro falou ter liberdade no processo de construção da personagem e elogiou a metodologia de trabalho do diretor paraibano. “Ele é um diretor que é ator. Então, dá liberdade para a gente. Tem sido uma troca sadia, criativa e intensa. O trabalho dele é marcante”, declarou. João Paulo Soares já dirigiu os espetáculos ‘503’, ‘Outubros’, ‘Reino de Ariano’ e ‘Razão para ficar’.

João Monteiro também festejou a participação especial do ator paraibano Luiz Carlos Vasconcelos. Um dos maiores atores brasileiros, conforme Monteiro. “Quiçá do mundo!!!”, complementou. O ator gaúcho contou que Vasconcelos topou entrar no projeto “de corpo, alma e amizade”.  O espetáculo é um monólogo. Logo, apenas João Monteiro estará em cena (dããã!) e a participação de Vasconcelos será através de interação com um vídeo. Ainda assim, conforme João Monteiro, “a presença dele em cena mexe comigo”.

Analisar a violência e sua reiteração na sociedade, por meio do âmbito familiar, é uma das pesquisas do espetáculo. A ideia de estrear o projeto em João Pessoa foi de João Paulo Soares. Após a curta temporada em João Pessoa, o espetáculo ‘André ou Receita para se fazer um monstro’ segue para o Rio de Janeiro, onde ficará em cartaz de 11 a 29 de julho no Teatro Dulcina. Em seguida parte em turnê pelo Rio Grande do Sul e Uruguai. Para captação de recursos foi criado um financiamento coletivo para arcar com as despesas do projeto. No endereço eletrônico: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/andre-ou-receita-para-se-fazer-um-monstro.

O diretor João Paulo Soares é só elogios ao espetáculo. Ele conta que o encontro com o ator João Monteiro se deu através de amigos no Rio de Janeiro, onde o gaúcho mora há alguns anos. “E um dia ele me propôs fazer uma montagem e quando ele me disse o título do livro, eu me interessei bastante. Receita para se fazer um monstro. Adorei”, contou Soares.

Ele falou que a maior dificuldade foi adaptar o texto para teatro. É sempre um desafio, conforme o diretor, a adaptação de textos literários. “Vou costurando um trabalho artesanal de construção dramatúrgica e cênica inspirado pelo texto e sempre atento à cena porque há passagens em que a imagem cênica conta a história”.

João Paulo volta a contar com a iluminação de Fabiano Diniz, com quem diz ter um diálogo artístico muito bom. Parceria harmoniosa também há com o ator Luiz Carlos Vasconcelos [diretor de ‘Vau da Sarapalha’]. “Tenho uma parceria com o Luiz desde que fizemos O Reino de Ariano, em que o dirigi. Ele voltava aos palcos depois de 30 anos. Agora, repetimos a combinação, mas, desta vez, no terreno que ele domina lindamente, que é o vídeo”, finalizou.