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Espetáculo inspirado na obra de Kenzaburo Oe é encenado no Piollin

publicado: 25/11/2016 00h05, última modificação: 25/11/2016 07h30
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O espetáculo protagonizado por Eduardo Okamoto já foi realizado em cidades da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte - Foto: Divulgação

tags: Centro Cultural Piollin , OE: modos de fazer , Eduardo Okamoto


Lucas Silva - Especial para A União

Contemplado pelo Prêmio Myriam Muniz em 2015, o espetáculo intitulado “OE: modos de fazer” realiza sua segunda etapa de circulação pelo Brasil, passando hoje e amanhã pela capital. Marcado para ser apresentado ao público no Centro Cultural Piollin, OE é uma peça teatral solo do ator Eduardo Okamoto que está em circulação por Estados do Nordeste do Brasil, a exemplo de Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em João Pessoa, a apresentação têm início às 20h, com entrada gratuita aos interessados em desfrutar da arte do teatro.

“O espetáculo é muito preciso, mas ele também é muito aberto como uma leitura de um livro, que a gente vê as palavras de autor e acompanha toda sua história dando assim abertura para o imaginário do leitor. Por isso, nossa expectativa aqui é grande para saber qual o tipo de performance que vamos fazer”, contou o ator Eduardo Okamoto.

Inicialmente, OE possui como pronúncia “oê” e pra completar é livremente inspirado na obra do escritor japonês Kenzaburo Oe (Prêmio Nobel de Literatura/1994). No texto original, o autor procura definições sobre a sociedade e a vida (morte, sonho etc.) para o seu filho mais velho, deficiente intelectual.

Quem se deparar com alguns trabalhos do escritor verá que seu trabalho relaciona autobiografia, ficção, mitologia, fatos históricos, comentários sobre arte e política. Para ele, existe uma conexão entre a violência em escala mundial, representada por artefatos nucleares, e a violência existente no interior de um único ser humano. Por isso, a sua tarefa como escritor está imbuída da escolha da imaginação como metodologia de observação do mundo contemporâneo.

Desse modo, o processo de pesquisa para a obra de Okamoto só foi possível graças a um estágio no Kazuo Ohno Dance Studio, no Japão, para que de fato o ator pudesse ir a fundo na história do escritor e ver como seria possível adaptar tamanha obra para o teatro. Logo apos seu estágio, o ponto de partida tomado pela peça têm como foco uma das peculiaridades da obra de Kenzaburo - a firme correlação entre a criação artística e a atuação do artista como cidadão - como mote para a circulação do espetáculo por cidades nordestinas.

Na trama, um escritor, ao se dar conta da possibilidade da própria morte, escreve para um filho, deficiente intelectual, um livro com a definição de todas as coisa existentes no mundo: vida, falecimento, sonho, sociedade etc.

A fim de potencializar esta correlação, o projeto teatral compreende, além da apresentação do espetáculo, encontros públicos: em bate-papo de Eduardo Okamoto com a audiência, conversando sobre a obra de Oe, intercâmbios entre o ator e a diretora de produção do trabalho, Daniele Sampaio, e a criação artística.

Mas tudo isso só é possível graças ao time que está, muitas vezes, por trás da cortina vermelha do teatro que sobe e desce ao final de cada performance. Na encenação e iluminação, cenografia e figurino temos Marcio Aurélio; dramaturgia de Cássio Pires; atuação de Eduardo Okamoto e Assistência de direção com Lígia Pereira.

Sendo interpretado unicamente por Eduardo Okamoto, o artista é ator, Bacharel em Artes Cênicas, Mestre e Doutor em Artes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde atualmente é docente.

Fazendo um recorte em sua história, ele já apresentou espetáculos e atividades formativas em diversos estados brasileiros e no exterior: Espanha, Suíça, Alemanha, Marrocos, Kosovo, Escócia e Polônia. É autor do livro Hora de Nossa Hora: o menino de rua e o brinquedo circense (Editora Hucitec, 2007).

Entre seus trabalhos destacam-se: Agora e na Hora de Nossa Hora, de 2004, com sua própria dramaturgia e direção de Verônica Fabrini; Eldorado, com direção de Marcelo Lazzaratto e dramaturgia de Santiago Serrano, pelo qual, em 2009, foi indicado ao Prêmio Shell na categoria de Melhor Ator.

Quando tudo começou?

O espetáculo estreou na Mostra Oficial do Festival de Curitiba de 2015 e obteve excelente repercussão. Em São Paulo, no mesmo ano, fez duas temporadas bem sucedidas de público e crítica. O trabalho já circulou por festivais, como o Festival Internacional de Teatro de Londrina (Filo), e pelo interior paulista com financiamento do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (Proac).