Guilherme Cabral
O cantor e compositor potiguar Esso Alencar está realizando, na cidade de João Pessoa, o primeiro lançamento, em âmbito nacional, do seu terceiro CD, cujo título é Várzea da Caatinga. Depois do show que realizou ontem, no Café da Usina Cultural Energisa, o artista se apresenta nesta quarta feira (25), a partir das 16h, na Música Urbana, no Centro, e, às 20h, na A Budega Arte Café, localizada no bairro dos Bancários, onde terá a participação especial do multiartista paraibano Pedro Osmar, com quem deverá dividir o palco para interpretar a canção ‘Lambança’, que ambos compuseram em parceria para esse novo álbum do músico oriundo do Rio Grande do Norte.
“Eu escolhi iniciar o lançamento nacional do CD por João Pessoa por causa da aproximação e do vínculo que tenho com autores e artistas paraibanos e quero aprofundar ainda mais esse intercâmbio regional entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte”, justificou Esso Alencar. Um exemplo dessa amizade é Pedro Osmar. “Ele é, para mim, uma das maiores referências da música experimental no Brasil, um nome a quem se deve muita importância e respeito”, disse o músico, referindo-se ao multiartista paraibano.
Durante a apresentação na A Budega Arte Café, Esso antecipou que deverá apresentar ao público cerca de 12 músicas, incluindo as que integram o novo CD, Várzea da Caatinga, assim intitulado em referência ao antigo nome de sua cidade natal e que é o primeiro da trilogia rítmica, a qual se somarão um disco de samba e outro de blues, respectivamente, cujos lançamentos estão previstos para até o final desta década. “O show está tematizado na sonoridade regional, com o uso de instrumentos como a zabumba e o triângulo, mas ainda inclui outros elementos ligados ao jazz e rock, com guitarra e piano elétricos”, esclareceu o artista potiguar, que, na ocasião, também vai contar com a participação do DJ italiano - natural da Sardenha - Maurizio Lazzara, que projetará imagens diversas ao longo da noite. E, indagado sobre a música ‘Lambança’, disse que “é um carimbó saracoteado”.
Natural da caatinga do Sertão do Rio Grande do Norte, Esso iniciou sua carreira artística na capital do Estado, Natal, onde, durante os anos de 1991 a 2001, cantou e compôs para a banda Os Quatro. Em seguida, saiu da cena roqueira para atuar no intimismo de uma linguagem mais contida e serena das músicas integrantes do concerto semielétrico intitulado Essência, no qual se aproximou de estilos mais rebuscados e apurados, cuja predominância foi a dos instrumentos acústicos.
A partir de 2002, Esso Alencar ingressou em diferente fase da carreira artística, quando incursionou - em caráter experimental - por novas linguagens e modos distintos de expressar sua sonoridade, tudo em busca da própria profissionalização. O resultado foi o repertório sutil do projeto denominado Tom Pessoal, com o qual se apresentou nos anos seguintes.
Primeiro disco de Esso Alencar, Bossta Nova foi lançado oficialmente em 2007, pelo selo do próprio artista, chamado Elephante Registros, simultaneamente com a estreia do show Instinto Dissonante. “O título do CD não tem conotação pejorativa, mas provocativa. Eu o lancei no ano em que a Bossa Nova, que considero um movimento importante para a música, completava cinco décadas”, justificou ele para A União. Nesse álbum o destaque é para a interpretação da música ‘Guigue’, composta e gravada em São Paulo, com a qual o artista potiguar participou, também, da coletânea Musiclube SP, publicada ao lado do paraibano Pedro Osmar e de outros integrantes do coletivo homônimo. Em 2009, o músico recebeu o Prêmio Pixinguinha e apresentou o seu segundo CD, intitulado Alma de Poeta, gravado em estúdio e que reflete a relação entre música e poesia, as quais sempre nortearam seu trabalho, desde sua antiga banda. Além disso, como dirigente da Cooperativa da Música Potiguar (Compor), Esso participou de suas atividades artísticas através do show Uníssono (2011 e 2012) e, em 2013, com o mini-show Café Estresse, dentro da Mostra Musical da Compor. E, paralelamente, entre 2011 e 2014, montou com amigos a Raul Seixas Banda Clube, quando releu, com originalidade, a obra do compositor baiano por meio do show Tolo de Ouro.