Dando continuidade à Semana do Cinema de Autoria Feminina, o Centro Cultural Banco do Nordestre (CCBnB), no município de Sousa, no Sertão paraibano, promove gratuitamente uma série de sessões audiovisuais com filmes dirigidos por mulheres e debates acerca do assunto.
Hoje, o tema será “Cinema de autoria feminina na Paraíba: desafios e conquistas”, com as realizadoras Ana Célia Gomes e Mayara Valentin, e a representante da União das Mulheres no Audiovisual da Paraíba (UMA), Andryelle Araújo.
Entre os assuntos abordados no encontro, que será realizado no Teatro Multifuncional do CCBnB, a partir das 15h30, o contexto histórico do cinema paraibano produzido e realizado por mulheres (na frente e por trás das câmeras), as conquistas e os novos desafios para as gerações que se destacam na direção, produção, fotografia, edição e nas conquistas de políticas públicas para o setor audiovisual.
Sessões gratuitas
Já amanhã, no mesmo local, haverá exibição de dois documentários em longa-metragem: a partir das 15h30 será projetado Torre das Donzelas (2018), com direção de Susanna Lira. Quarenta anos após serem presas durante a ditadura militar na “Torre das Donzelas”, como era chamada a penitenciária feminina, ao lado da ex-presidente da República Dilma Rousseff, um grupo de mulheres revisita a sua história em relatos carregados de emoção.
Para o conjunto de celas femininas do Presídio Tiradentes eram levados os presos políticos, depois de passarem por órgãos da repressão como o Dops e o DOI-Codi. A classificação indicativa para o longa-metragem é 12 anos. O documentário mantém um site oficial (www.torredasdonzelas.com.br) com uma série de depoimentos e curiosidades sobre a história e a produção, como o papel da mulher na ditadura.
O outro filme que será exibido no evento, a partir das 19h, será Meu Querido Supermercado (2020), de Tali Yankelevich, mesma diretora de The Perfect Fit. O longa nos apresenta a rotina dos funcionários de um supermercado que, enquanto executam atividades extremamente repetitivas, encontram espaço para expressar suas dúvidas e afetos. No espaço confinado da loja, os funcionários não permitem que a rotina aprisione suas imanências e sua imaginação. A classificação indicativa é 10 anos.
No documentário, seis funcionários de um supermercado, localizado na Grande São Paulo, dão voz aos personagens. Ao todo, quatro homens e duas mulheres que, diariamente, desempenham as mesmas funções, falam sobre suas personalidades, preferências e as relações no mercado de trabalho e entre os colegas, além da invisibilidade que vivenciam.
Para Tali Yankelevich, o ambiente de um supermercado possibilitou ter uma ampla visão para confecção do filme. “Encontrei ali todos os elementos para compor uma história: drama, poesia, humor, transcendência, conflitos existenciais e musicalidade”, chegou a afirmar a diretora.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 30 de março de 20223.