Linaldo Guedes
É apenas o segundo livro de poemas de Expedito Ferraz Jr. Mas para um autor que estreou em livro aos 44 anos, essa nova obra vem sendo aguardada com ansiedade por todos aqueles que gostam de boa poesia. 'O Visgo das Coisas' (Editora Penalux) terá a noite de lançamento nesta quarta-feira (7), no Café da Usina Cultural Energisa, com um sarau, aberto à participação dos convidados, que poderão ler e recitar poemas de autores diversos. A obra será vendida a R$ 30,00.
Em 'Poheresia' (2014), seu livro anterior, Expedito reuniu 50 poemas de formas variadas, colhidos num intervalo longo de produção. Em ‘O Visgo das Coisas’, foram incluídos dezenove desses poemas, ao que foram acrescentados 22 inéditos. “A primeira novidade, portanto, é a ausência dos 31 que excluí, indicando um recorte mais rigoroso daquilo que tenho produzido. Além disso, entre os inéditos, predominam textos relativamente mais longos que os primeiros. Acredito também que tenha suprimido, ou ao menos atenuado, certa tonalidade provocativa, às vezes auto-irônica, que parece permear a metalinguagem no primeiro livro”, define.
Expedito escreve poemas principalmente para aprender, na prática, como funcionam os recursos da linguagem poética. “Trata-se, portanto, de um exercício de experimentação, que envolve tentativas, erros e acertos, num trabalho minucioso, mas muito estimulante. Não cultivo aquela imagem corriqueira do poeta como mártir, da escrita como sacrifício. Escrever poesia é uma espécie de compulsão prazerosa. Em geral, escrevo a partir do que leio, mas também ocorrem ‘fotografismos’ de cenas urbanas, de paisagens ou de fragmentos da memória, suas transfigurações. Como escreveu Augusto de Campos, citando Waldemar Cordeiro: ‘O conteúdo não é um ponto de partida, mas um ponto de chegada’”, diz, explicando seu processo criativo.
O fato de ter estreado tarde em livro não é desvantagem para ele. Publicar livros não é necessariamente o ponto culminante do ato de escrever, esclarece. “No meu caso, acho que isso ocorreu quando houve vontade e as circunstâncias permitiram. A vantagem de ter acontecido depois dos quarenta é que eu estreei mais próximo da imortalidade. [risos]”, brinca.
Sobre a poesia feita na Paraíba hoje e no Brasil de uma forma geral, Expedito afirma que é difícil avaliar o “trem”, enquanto se está dentro dele. “Acho que a produção do nosso tempo vai se submeter, como sempre acontece, à peneira do tempo. Só com o devido distanciamento é que vamos saber o que permanece, o que é invenção, o que é falseamento ou equívoco. Mas sei que há muitas publicações, e vejo poetas jovens com repertório, com consciência de linguagem, com senso crítico. Isso me anima a pensar que estamos num momento de fertilidade”, comenta.
A poesia de Expedito Ferraz já nasceu com o aval da crítica. Em 'O Visgo das Coisas', Amador Ribeiro Neto assina as orelhas e observa: “Ler Expedito Ferraz Jr. é adentrar na densa floresta de signos que a vida, a linguagem e a poesia nos oferecem. E para a qual estamos pouco ou - quase sempre - nada atentos”. Já para Genilda Azeredo, “o recente livro de poemas de Ferraz Jr., que abre justamente com o poema ‘O Visgo das Coisas’ – expressão que intitula o livro – chama a atenção para esta função da poesia: dar ênfase às coisas, revelar seus atributos, mostrá-las sob novos prismas, iluminá-las”.
Expedito Ferraz Jr. é alagoano de nascimento e paraibano por adoção. Nasceu em dezembro de 1970, em Maceió. Meses depois, sua família radicava-se em João Pessoa, onde vive até hoje. É professor de Teoria da Literatura, crítico literário e semioticista. Em 2014, publicou 'Poheresia', pela editora A União. 'O Visgo das Coisas' é o seu segundo livro de poemas.