Lucas Silva - Especial para A União
"As imagens que apresento são minhas interpretações pessoais da cidade de João Pessoa, que resiste às invasões de todas as ordens”, contou o fotógrafo espanhol, José Herrera, que abre hoje, no Centro de Turismo e Lazer do Sesc - Cabo Branco, a exposição “Filipéia Minimalista”. Sendo aberta oficialmente às 19h, o trabalho exposto é composto por quinze fotografias de diversos tamanhos que desafiam o olhar do pessoense sobre sua própria cidade. A entrada para a mostra é gratuita e ela fica em cartaz até o fim do mês.
Propondo o reconhecimento de fragmentos do tempo, as imagens expostas têm muito mais que João Pessoa como foco, mas provocam em seu contemplador a reflexão sobre o ser e o estar, que habitam nesse espaço e tempo que, no dia a dia apressado do cidadão, passam despercebidos.
Como dito anteriormente, a exposição foi batizada de “Filipéia Minimalista”, mas seu nome surgiu na tentativa de harmonizar a orientação espanhola de Herrera e uma das antigas denominações da cidade. Além disso, toda a junção de aspectos envolvidos nas imagens têm como base as cores e formas predominantes que foram encontradas em casarões antigos.
A partir dessa visão estética, para a construção da série de imagens, o ponto de partida foi uma das principais artérias do Centro Histórico de João Pessoa, a Rua Maciel Pinheiro e arredores. “Dessas ruas corto e recorto todos os excessos, enfatizo a simplicidade dos elementos para a experiência sensorial da forma. São imagens que instigam a observação do detalhe, dos espaços e objetos da cidade vistos sem o culto ao grandioso, deslocados para passagem do tempo, pelas superfícies corridas, pelo limiar absoluto, a excitação mínima capaz de produzir uma sensação”, disse o fotógrafo.
Portanto, a exposição forma um movo de olhar dirigido à minúcia, aos pequenos fragmentos à potencialidade expressiva das superfícies e a força da textura na construção da imagem com um apelo à sua materialidade.
“O visor da câmera fotográfica delimita os espaços e enfoca os elementos escolhidos. Cores, linhas, texturas, sombras são os elementos comuns a partir dos quais componho as imagens finais. Elementos aparentemente triviais, como batentes da janela, sombras de grades, fronteiras de lanças protetoras, produzem as linhas de uma poética do singelo, do prosaico, do coloquial”, finalizou José Herrera.
Quem é José Herrera?
Nascido na cidade de Salamanca, Espanha, e com mais de meia vida no Brasil, considera-se um hispano-brasileiro. Desde 2013 reside na cidade de João Pessoa, território no qual explora os elementos que a paisagem urbana e natural oferecem para suas composições.
Suas imagens utilizam um vocabulário construtivista em composições esquemáticas, que desafiam nossa percepção e interpretação. Propõem um olhar que foge do senso comum, da visualidade comum, apesar de deter-se na singeleza cotidiana e reinventar a espessura da superfície.
Para a crítica de arte e curadora Baiana Matilde Matos, Herrera sabe tirar partido dos contrastes, da junção inesperada de determinados elementos, da pátina de um muro velho ou da textura de uma parede descascando e repintada, fazendo com sobriedade e um mínimo de elementos, fotos de grande efeito. Portanto, pode-se dizer que, seu trabalho instiga o visualizador a mergulhar no espaço existente entre abstração e representação.