Alexandre Macedo
Desvelar histórias silenciadas, superar ausências, rupturas e esquecimentos são alguns dos objetivos da ‘Exposição Narrativas do Invisível’, em cartaz até o dia 5 de novembro na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, que aposta em novas formas de perceber lugares, grupos sociais e fragmentações de memórias. A mostra faz parte da programação que celebra os 30 anos do Itaú Cultural e 20 anos do Edital Rumos.
A mostra reúne trabalhos contemplados no Edital 2015 / 2016, que reúne um recorte da cultura brasileira em um conjunto de 24 trabalhos que se debruçam sobre questões inquietantes no mundo contemporâneo.
As obras expostas propõem reflexões de questões atuais como invisibilidade, deslocamento e território e, de acordo com a curadoria, são provas de que a resistência é uma resposta ao isolamento e aos processos de fragmentação da memória, que perpetuam uma história incompleta.
Arquitetura e arte
Uma das obras que merecem destaque é a ‘Teleport City’, uma instalação da arquiteta Gabriela Bila, com peças que formam uma cidade estante, composta de material acrílico, com a utilização de impressões a laser. Segundo a autora, a peça remete à liberdade das pessoas e a transformação permanente e sugerem reflexões a respeito de questões que o teletransporte trariam à sociedade.
Durante entrevista concedida ao jornal A União, a artista Gabriela Bila revelou. “A ideia é provocar nas pessoas pensamentos sobre o próprio futuro através do presente. O teletransporte causa muitos questionamentos a respeito do reordenamento do espaço urbano, as possíveis novas síndromes que surgirão e a percepção da finitude do universo, além da perda das especificidades em detrimento do surgimento de uma cultura prioritariamente genérica”.
Outras obras importantes enriquecem a mostra, a exemplo de ‘Sistema circulatório’, de Anaísa franco, que faz um paralelo entre o corpo humano e a trajetória de aeronaves nas rotas pelo mundo. ‘A história da arte’, uma pesquisa de Bruno Moreschi com os onze livros de arte mais usados no ensino de história no Brasil, que tem como resultado um mapeamento com os países que não possuem nenhum artista citado nestes livros.
A programação dos 20 anos do Edital também contempla mesas de diálogos, a exemplo do que acontece no dia 19 de outubro, intitulado ‘Mulheres, ou quais corpos merecem ser lembrados?’, que tem como debatedora convidada, a escritora Maria Valéria Rezende, contemplada na edição anterior do Rumos com o projeto Carta à rainha louca, um romance da escritora santista radicada na Paraíba, ambientado no Nordeste na segunda metade do século XVIII, que expõe o ponto de vista da mulher branca pobre, nem senhora, nem escrava, para quem não havia lugar socialmente reconhecido na sociedade senhorial e escravista.
Acessibilidade
A garantia do acesso de todos os públicos às atividades promovidas pelo Itaú Cultural é ponto de atenção do instituto. Assim, a instituição também tem implementado ferramentas de acessibilidade às pessoas com deficiência. Atualmente, todas as apresentações de sua programação contam com interpretação em libras, a língua brasileira dos sinais; outras, são acompanhadas de audiodescrição. Essas ferramentas são utilizadas, ainda, nas exposições, que, normalmente, contam com piso e mapa tátil, videoguia e legendas em braile, a Língua Brasileira dos Sinais.