Uma verdadeira exposição a céu aberto pelos municípios no interior da Paraíba. Telas retratando músicos paraibanos e grupos de destaque da cultura popular e MPB estão sendo exibidas ao público ao ar livre, nas fachadas de seis agências do Banco do Nordeste, localizadas nas cidades de Patos, Sousa, Alagoa Grande, Solânea e Campina Grande, dentro da terceira edição do programa Galerias Urbanas, promovido pelo BnB Cultural. O grupo de municípios paraibanos é completado por Cajazeiras, onde as obras ficam expostas no Núcleo de Extensão Cultural (NEC), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), próximo à agência do BnB.
Na nova edição, os músicos Vital Farias e Geraldo Vandré, o grupo Jaguaribe Carne, a Orquestra Tabajara e mestras cirandeiras – a exemplo de Vó Mera e Edite de Caiana – são alguns dos personagens que podem ser apreciados pela população durante os seis meses de duração da mostra.
“É uma iniciativa muito importante, boa e bacana, porque contribui para o processo de interiorização da nossa arte, atingindo um maior público”, apontou o ilustrador e grafiteiro Meia Cor, como é mais conhecido o artista visual Américo Filho, que participa pela primeira vez do programa Galerias Urbanas. “No final de novembro do ano passado, todos os artistas se reuniram na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, para realizar o trabalho de restauração de alguns murais e a produção de novas obras, numa espécie de laboratório, uma grande oficina, numa interação entre os artistas”, disse ele.
Meia Cor disse que cada artista que está participando do evento pela primeira vez recebeu opções com os nomes para a produção de três obras. “Eu fiquei com a incumbência de retratar Geraldo Vandré, Vital Farias e Cassiano. Tentei retratar os três artistas de maneira mais estilizada, incluindo trechos de letras de músicas que facilitem a identificação de cada artista por parte do público. Procurei fazer esse trabalho seguindo o meu próprio estilo, que é mais cartum, caricatural, mais simplista”, explicou ele.
Murais itinerantes
A iniciativa Galerias Urbanas tem o intuito de conectar artistas visuais paraibanos, por meio de murais itinerantes, que enaltecem a arte urbana e a musicalidade regionais.
Em Solânea, por exemplo, a artista visual Thaynara Negreiros, mais conhecida como Thaynha, retratou a Orquestra Tabajara, Genival Lacerda e Glorinha Gadelha. Além de Thaynha e Meia Cor, também assinam obras da atual edição do projeto os artistas Dyógenes Chaves, Cybele Dantas e Carlos Nunes.
As artes são produzidas em lonas de algodão cru que medem cinco metros de altura por 2,8 metros de largura. As ilustrações utilizam linhas, formas orgânicas e elementos botânicos como possibilidades que buscam traduzir sua poética para as telas.
O Banco do Nordeste Cultural também está promovendo exposições semelhantes nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
“O Galerias Urbanas é uma intervenção artística realizada pelo Banco do Nordeste Cultural, que iniciou em outubro de 2019”, informou o gerente executivo da área cultural da instituição, Murilo Albuquerque. “Tivemos a primeira edição na Paraíba, que serviu como modelo para a expansão a outros estados. É uma experiência de diálogo entre as ações negociais e culturais desenvolvidas pelo Banco do Nordeste, pois os painéis fortalecem a produção artística, o sentimento de pertencimento e a identidade dos estados”, ressaltou ele.
No total, são 60 projetos de arte urbana, nas modalidades de grafite e mural ou similar, em homenagem a ícones da musicalidade dos estados do Nordeste, mais os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Por meio de edital público, o Banco do Nordeste Cultural anunciou os artistas visuais selecionados para a proposta de intervenção artística no programa.
‘Nordeste Expandido’
Produtora do projeto e curadora de artes visuais do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBnB), unidade localizada no município de Sousa, no Sertão paraibano, Fabiana Cordeiro ressaltou que, em novembro do ano passado, foi realizado o Festival Galerias Urbanas, na Usina Cultural Energisa, na capital paraibana.
“Na ocasião, foram restauradas 18 obras, num trabalho realizado por Shiko, Thayroni, Flora Santos, Dyógenes Chaves, Thaynha e Dedoverde. Além disso, ainda foram entregues nove obras inéditas, feitas por Américo Filho, Cybele Dantas e Carlos Nunes, totalizando 27 painéis, expostos no estacionamento da Usina Energisa. E também houve shows com alguns dos artistas retratados, como Escurinho e Vó Mera”, relembrou a curadora.
Fabiana Cordeiro lembrou que a primeira edição do programa Galerias Urbanas ocorreu em 2019, nas agências do Banco do Nordeste em Sousa, Patos e Campina Grande. A segunda etapa, em 2021, durante a pandemia da Covid-19, aconteceu nas já mencionadas cidades e em Alagoa Grande, Solânea, Sapé e Guarabira.
As telas da primeira edição do projeto Galerias Urbanas ficarão expostas na fachada do Centro Cultural de Fortaleza, a partir do mês de março. O evento será integrado à programação da exposição Nordeste Expandido, estratégias de (re)existir, que exibirá 216 obras de arte de 107 artistas recentemente adquiridas pelo Banco do Nordeste.
Na programação das atividades, haverá a realização de um seminário com abordagem sobre os rumos das artes visuais na área de atuação da instituição e o programa Ecossistema Musical.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de fevereiro de 2024.