Hilton Gouvêa
Amanhã, os calendários ocidentais assinalam 225 anos da morte do compositor austríaco Joannes Chrysostomus Wolfgangus Teophilus Amadeus Mozart, o maior gênio musical da sua época. Ele demonstrou isso aos quatro anos de idade, quando já dominava perfeitamente o violino e, aos cinco e seis realizou seu primeiro concerto em público e a primeira turnê pela Europa, junto com o pai Leopold e a irmã Anna.
Este homem caladão, que esporadicamente dava risadas estrondosas e escandalosas, revelou outro toque de genialidade pois, antes de chegar aos 15, já falava francês, alemão e italiano, além de conhecer a fundo as regras da língua latina. E sabem por que seu primeiro nome era Joannes? Seu pai quis homenagear o santo primo de Jesus, batizando Mozart desta forma. Leopold, um erudito músico do então Estado papal, era segundo mestre da capela da corte de Salzburgo, onde reinava o príncipe arcebispo Sigsmund Von Schratenbach, um discípulo fervoroso de São João.
Mozart, que nasceu em 4 de dezembro de 1756, era chamado carinhosamente pelos familiares de Wolfert. Cioso da sua genialidade, às vezes se exibia em público tocando um piano com as teclas cobertas de pano. Em Salzburgo, sua cidade Natal, ainda hoje a principal atração a lembrar a memória do músico é a praça Mozartplatz e a casa onde nasceu e viveu até 1791, quando morreu, aos 35 anos, pobre e esquecido. Foi enterrado numa vala comum, depois de ter seu corpo envolto num manto de caridade pública.
Curioso e dotado de uma inteligência rara para decorar sem copiar, certa vez Mozart ouviu uma peça religiosa do excêntrico compositor italiano Gregório Allegri e a transcreveu de memória. Allegri proibia o acesso às partituras onde compunha suas obras. Isto quer dizer que ninguém podia vê-las, nem tirar cópias. Espantosamente, Mozart tocou esta peça em público, diante de espantados compositores, que perguntavam, entre si, como ele havia conseguido tal proeza.
Esgrima, dança, equitação e canário
Amante da esgrima, dança, equitação e criador de animais domésticos, o compositor tinha predileção especial por um canário, embora gostasse muito dos cães Foxterrier que criava. Ao contrário do que muitos pensam, o compositor Antonio Salieri era um grande admirador de Mozart. A relação entre eles sempre foi cordial. Alguns biógrafos discordam desta afirmação e dizem que, o Mozart do filme Amadeus (interpretado por Tom Hulce), que dava gargalhadas estrondosas, não era o tímido da vida real.
Os teóricos da conspiração espalharam que Mozart teria sido envenenado. Mas o que predomina é a crença de que o compositor morreu de febre reumática. Embalado nu em um saco e sepultado num túmulo sem lápide do cemitério São Marcos, em Viena, Mozart não teve muita companhia em sua última viagem. Os despojos do artista, exumados em 1842, após uma análise revelaram que ele tinha um defeito congênito no crânio, provocado pela soldadura precoce dos ossos da fronte.
O menino Wolfgang, “um verdadeiro prodígio musical”, viajou por quase toda a Europa. Com sete anos, ele visitou pela primeira vez Mannheim, considerada na época o “paraíso dos artistas musicais”. A “Escola de Mannheim” foi uma precursora importante da Primeira Escola de Viena. Em 1778, Mozart conheceu ali a mulher que seria mais tarde sua esposa: Constanze Weber, muito resoluta e independente para a época. Era prima do compositor romântico Carl Maria von Weber. Ao compor Idomeneo, a mando do príncipe da Baviera, em 1778, Mozart alcançou a glória e atraiu muita inveja e inimizades.