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Falecimento do escritor José de Alencar completa 139 anos

publicado: 11/12/2016 00h05, última modificação: 10/12/2016 09h15
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O cearense José de Alencar é autor de famosos romances brasileiros como "o Guarani", "Ubirajara" e "Senhora" - Foto: Divulgação

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Hilton Gouvêa

Amanhã completam-se 139 anos da morte do escritor, dramaturgo, jornalista, advogado e romancista José Martiniano de Alencar, um dos maiores ícones da literatura indianista brasileira. Seu pai, um sacerdote católico, tinha o mesmo nome do filho e foi morar com a família no Rio de Janeiro. Nesta cidade, Cazuza – o apelido do escritor – viu o pai eleger-se senador, depois deputado do Império. Considerado filho ilegítimo de Martiniano pai com a doméstica Josefina, o menino de Mecejana (CE) estudou nos melhores educandários cariocas, formou-se em Direito e começou cedo a escrever nos jornais, onde publicou, em forma de folhetim, o romance “O Guarani”, que serviu de inspiração a Carlos Gomes, para compor a ópera homônima de grande sucesso.

A ópera “O Guarani" foi ao ar pela primeira vez em 22 de julho de 1935, na voz de Luiz Jatobá, no “Programa Nacional”, criado pelo Ministro das Comunicações de Getúlio Vargas, Lourival Fontes. A vinheta continuou em “A Voz do Brasil” e permanece na radiofonia há 81 anos, ouvida em Cadeia Nacional diariamente, das 19 às 20h. As obras de Alencar foram bem sucedidas. Principalmente quando escrevia com sentimento patriótico, descrevendo usos e costumes regionais e adotando enredos indianistas. “Iracema”, romance lançado em 1865, até hoje é pesquisado pelos vestibulandos e compõe a trilogia indianista do autor, ao lado de “O Guarani” e “Ubirajara”. A TV Globo fez uma adaptação para novela do romance “Senhora”, de José de Alencar, que inaugurou o horário das 18h em 30 de junho de 1975.

Nas entrelinhas da literatura, o escritor, aos 14 anos, termina o Curso Secundário em São Paulo e ingressa, depois, no Curso de Direito, na Faculdade do Largo de São Francisco. Seu primeiro romance, “Os Contrabandistas”, é escrito em 1847. Conclui Direito em 1850, mas pouco exerce a profissão. Nomeado redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro, publica “O Guarani”, em 1º de janeiro de 1857, em forma de folhetim, depois em livro, ambos com enorme sucesso. Como chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, em 1858 abandona o jornalismo. Paralelamente, exerce a profissão de professor de Direito Mercantil, e depois é eleito deputado pelo Ceará, em 1861. O Partido Conservador o reelegeu em quatro legislaturas. No ano seguinte, visita sua terra natal e, encantado com a lenda de Iracema, a escreve em livro.

Homenagens ao autor no Ceará

José de Alencar é bem homenageado no Ceará. Cinco estátuas de Iracema estão espalhadas em Fortaleza, sendo as mais famosas “a Guardiã”, da praia homônima e outra em Mucuripe. Também na capital existem o Teatro José de Alencar, a praça e a antiga casa do escritor, atualmente sediando o Museu Biblioteca e uma instituição de ensino. Um de seus primeiros livros foi “Cinco Minutos”. Em seguida, vieram “O Guarani” e “A Viuvinha”. A peça “As Asas”, que deixava Alencar entusiasmado, acabou censurada por retratar a vida de uma prostituta arrependida. Além de deputado, Alencar candidatou-se a senador e também foi ministro da Justiça. Não escreveu apenas romances: produziu peças, resenhas, críticas, crônicas, entre elas “As Asas”, “O Demônio Familiar” e “O Crédito”.

Atingido pela tuberculose, Alencar viajou para a Europa, a fim de obter a cura, mas morreu em 12 de dezembro de 1877, aos 48 anos – o Ceará enfrentava uma seca caótica, que ceifou milhares de vidas. Seus biógrafos contam que ele teria morrido perseguido por uma dúvida atroz: a de que Mário, um de seus seis filhos, na realidade seria filho de Machado de Assis. Este caso nunca foi esclarecido. Sabe-se que o autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” obsequiou Alencar diversas vezes na sua vida profissional e lhe enviava rasgados elogios pelos artigos que escrevia. Entre os Romances de tema regional que escreveu, destacam-se “Os Gaúchos,” “Til”, e “O Sertanejo”. Assim ele procurava popularizar os costumes do povo brasileiro, evocando o galicismo dos escritores da época.