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FCJA exibirá filme sobre Saramago

publicado: 31/01/2023 12h47, última modificação: 31/01/2023 12h47
Amanhã, na capital, cineclube promoverá sessão gratuita de longa sobre único escritor português que ganhou o Nobel
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Documentário registra a relação entre o escritor português José Saramago (1922-2010) e a jornalista espanhola Pilar del Rio - Foto: Jump Cut/Divulgação

 

por Guilherme Cabral*

 

O documentário José e Pilar, longa-metragem produzido em 2010, dirigido por Miguel Gonçalves Mendes, será exibido amanhã, a partir das 19h30, no auditório da Fundação Casa de José Américo (FCJA), localizada na cidade de João Pessoa, dentro da programação do Cineclube O Homem de Areia, realizado pela própria instituição. Depois da sessão única, cuja entrada é gratuita, a professora do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e uma das conselheiras do projeto, Analice Pereira, comentará o filme com o público. A classificação indicativa é livre.

O documentário registra a relação entre o escritor português José Saramago (1922-2010), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, e sua esposa, a jornalista espanhola Pilar del Rio, 28 anos mais jovem, por meio de cenas do cotidiano do casal.

Professora de literatura de língua portuguesa no IFPB, Analice Pereira justificou o motivo de ter sugerido a inclusão do filme na programação do Cineclube. “Escolhi pela importância que tem José Saramago, o único escritor de língua portuguesa que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Essa já seria a maior razão para a apresentação desse filme sobre Saramago, que, se vivo fosse, teria completado 100 anos de idade, em 2022”, explicou ela. “Mas também por sua companheira, a jornalista e escritora Pilar, uma mulher que teve importância na vida de Saramago, que foi um grande intelectual e também se envolveu com as questões humanitárias e sociais das pessoas, em especial as minorias. Pilar foi tão importante que, a partir do momento em que a conheceu, os livros que Saramago publicou posteriormente tinham dedicatórias, frases bonitas e diferentes, para ela. Saramago passou um período doente, se recuperou e, quando publicou A Viagem do Elefante, o último título que lançou em vida, dedicou o seguinte: ‘A Pilar, que não deixou que eu morresse’”, afirmou a docente.

Referindo-se, ainda, a jornalista Pilar del Rio, a professora Analice Pereira comentou que ela, após casar com o autor, passou a trabalhar como uma espécie de secretária e assessora do autor que, em 1995, também recebeu o Prêmio Camões. “Foi uma parceria que se fez quando os dois passaram a ter uma vida conjugal e, quando Saramago morreu, ela idealizou e criou uma fundação para cuidar da obra dele e que leva o nome do escritor. Pilar tem uma relação com o Brasil, onde esteve em maio do ano passado para participar de evento de celebração do centenário de nascimento de Saramago”, disse ela.

O filme é um documentário sobre o casal que tem o subtítulo de Os Dias de José Saramago e Pilar del Rio. “O diretor, que é o português Miguel Gonçalves Mendes, acompanhou o casal durante um bom tempo, registrando e filmando a vida deles com relação a compromissos que tinham não apenas na área da literatura, mas também em outras. E quando Saramago recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, esses compromissos aumentaram ainda mais, porque ele ficou mais requisitado. O filme aborda amor, amizade, companheirismo, cumplicidade e compromisso com a humanidade. É um filme sobre duas pessoas humanistas por excelência. Amor, em José e Pilar, está no coração, na mente e no corpo. No pensar e no agir”, afirmou a professora Analice Pereira.

Em 2010, o documentário José e Pilar foi considerado o Melhor Filme Português pela Revista Visão e entre os cinco melhores pela Time Out. Nos depoimentos presentes no longa, além de José Saramago e Pilar del Rio, estão Gael García Bernal e o cineasta, roteirista e produtor paulista Fernando Meirelles, que fez a adaptação de Ensaio sobre a cegueira, lançado em 2008. O longa-metragem é uma coprodução entre Portugal, Espanha e Brasil.

“O Cineclube O Homem de Areia é uma iniciativa muito importante, porque exibe filmes de qualidade e, em seguida, promove um debate rico entre o comentarista e a plateia. Além disso, contribui para a formação de público e a troca de ideias entre as pessoas presentes. Sou uma cinéfila que adora cinema e, em meados do ano passado, em substituição a Ana Adelaide Peixoto, que saiu por motivos particulares, me tornei uma dos 12 conselheiros do Cinclube. O convite, que aceitei prontamente, foi feito pelo presidente da FCJA, Fernando Moura”, afirmou Analice Pereira.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 31 de janeiro de 2023.