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Fernanda Abreu lança novo disco "Amor Geral"

publicado: 28/12/2016 00h05, última modificação: 28/12/2016 01h40
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A artista carioca confidenciou a alegria e a boa expectativa em relação ao novo trabalho - Foto: Site/Fernanda Abreu

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Kubitschek Pinheiro - Especial para A União

Há dez anos sem gravar um disco, Fernanda Abreu fecha 2016 com “Amor Geral”, (direção musical e produção dela). Um CD todo de inéditas com sonoridade eletrônica e bem pulsante. Ou seja, ela continua antenada agradando os fãs de sempre e conquistando novos. O novo trabalho está aí para arrebentar com o selo da artista, Garota Sangue Bom, e Sony Music.

“Isso mesmo, esse disco bem pensado, tem a velocidade do meu canto e estou muito feliz com o resultado. É um trabalho de equipe, bem artesanal. Quando digo artesanal é porque é bem cuidado e sofisticado ao mesmo tempo. Nesses dez anos não parei, a onda sonora não sai da minha cabeça. Conheci muitos DJs , muita gente bacana e fiz esse disco eletroacústico, bom para dançar e pensar”, diz ela.

A primeira indicação de Amor Geral apareceu no clipe de Outro Sim, dirigido por Mini Kerti e lançado em abril passado em todas as plataformas. Dançante e com muito astral, o single “Outro Sim” (dela com Jovi Joviniano, Gabriel Moura,  produzida por Wladimir Gasper), é o que abre o CD. Um som com letra cheia de sacadas inteligentes e insinuantes. O jogo de palavras, os signos provocativos mexem com a proposta da artista do eterno Rio 40 graus. “Outrora, outra vez, outro lar. Outro lugar, outra mulher, outro homem. Outro marido traído, Outra esposa ansiosa, outra amante excitante querendo dar”. “Eu gosto muito dessa letra, ela reúne todas as velhas coisas que ainda acontecem a cada dia e muita gente não percebe”, lembra.

Com “Amor Geral”, Fernanda retoma a linha crescente que atravessou seus discos dos anos 90, como “SLA Radical dance disco club” (90), SLA 2 – Be sample” (92) e “Da lata” (95), trabalhos onde ela se firmou como pioneira no uso de samplers como instrumento, uma artista entusiasta do funk carioca, boa de versos e rainha do disco music.

A segunda faixa “Tambor”, dela com Jovi Joviniano e Gabriel Moura, produzida por Sérgio Santos  que tem a participação de Afrika Bambaataa, o hip-hop com batidões dos bailes do Rio, criador do”Planet Rock”, mostra que Fernanda Abreu está bem sintonizada.

“Isso foi incrível, orgânico. Aconteceu assim: eu estava em São Paulo e o músico Tuto Ferraz me ligou e disse Fernanda, me chamando, dizendo que o África estava lá no estúdio. Aí peguei um avião e assim Sérgio (Santos) começou a produzir Tambor.  Eu gostei muito dessa participação no meu disco. É uma homenagem ao Tambor, expressão da cultura negra e da comunicação entre os homens. E eu tô, nesse mundo ascestral, um ode ao tambor”, resume.

Além de estar em todo disco, ela só não assina “Double Love Amor em dose Dupla”, a sétima faixa, de Fausto Fawcett e Laufer, Fernanda confirma que o disco tem algo autobiográfico . “E provocante, exatamente isso muito, provocante, mas refletivo também. Está aí o meu desafio, minha essência. Esse funk de Fautso e laufer é moderno porque tem a batida certa, que fala de encruzilhada amorosa na cidade nervosa. É muito bom esse som, sem rótulos. Eu gosto muito do eletro funk”.

“Saber chegar”, a quarta faixa, tem uma história boa. Ela conta: “Sou amiga de Donatinho ( filho de João Donato), ele mostrou a melodia no camarim de um show, gostei muito e já combinamos e coloquei a letra com Dubas e Tibless. Gosto muito da melodia e também do arranjo. Se quiser chegar tem que saber chegar”.

Muito bom se deliciar com o jogo de palavras de Fernanda que vão formando com coisas da vida, do cotidiano, imagens do amor e da dor. É que vamos encontrar na 5ª faixa “Andítodo”, que ela assina sozinha, uma bela canção, que fez para sua mãe.

“Olha essa letra, essa melodia, é uma coisa forte em mim. Minha mãe estava com um tumor na cabeça que não era maligno, mas não poderia remover e aquilo me fazia ficar numa tristeza, aí fiz essa canção agora. Ela já partiu. Eu olhava para ela e não sabia se ela estava viva ou morta, minha mestra, para ela fiz essa canção. Fiz numa madrugada em que não conseguia dormir e fiquei um tempo assim”, diz emocionada.

Linda é a “Valsa do desejo”, (dela e Tuto Ferraz) que parece feita para uma trilha sonora, tamanha identificação com cenas. “Eu também penso assim, fiz a letra primeiro, depois colocamos a melodia, estudei balé clássico e me identifico muito com essa canção. É linda, é uma valsa em três tempos. Me emociona”.

“Amor geral”, que Fernanda assina com Fausto Fawcett e Pedro Bernardes, e dá nome ao disco, ficou para o fim. Lembra uma canção de protesto, um diálogo dela com o público, mostrando que o amor é maior que o ódio; sobre vida e morte. E mostra que é melhor ter fome de viver. Nessa última faixa ela não canta, recita os versos sobre um som viajante.
“Essa música é a possibilidade de mudança, fico sem entender tanta gente sem amor. Gente, eu não escuto o coração do planeta bater, o gigante coração do amor. Eu queria assim uma espécie de epílogo, do amor que arrebenta”.

Fernanda surgiu com a banda Blitz nos anos 80. Com oito discos solo, o primeiro álbum de 1990 “SLA Radical Dance Disco Club”, produzido por Herbert Viana e Fábio Fonseca, a artista permaneceu nessa última década nos palcos com os shows Eletroacústico e o MTV. “A Blitz faz parte de mim, mas há muito estou noutra”.

A novidade é que ela vai lançar em 2017 um CD com canções que gravou de outros artistas: sua participação no sambabook de Martinho da Vila, “Menino do Rio” de Caetano Veloso, “Fulgás” de Marina, “Samba e amor, de Chico Buarque e Rock With You de Michel Jackson, “Eles estão surdos”, de Roberto Carlos e “Na Tonga da milonga do “Na tonga da mironga do kabuletê”, entre outras.