“Extremamente positivo”. Foi o que afirmou o coordenador e produtor executivo do Fest Aruanda, Lúcio Vilar, ao fazer um balanço da 18ª edição do evento, encerrado ontem, em João Pessoa. “O público participou de uma programação densa e substancial, que incluiu exibição de filmes, homenagens, debates e qualificação profissional, através de atividades como laboratório”, disse ele.
Vilar também anunciou novidades para 2024, que já tem data confirmada: de 28 de novembro a 4 de dezembro. Na próxima edição, terá o Prêmio Aquisição para o Melhor Curta-Metragem, promovida pelo Canal Brasil, parceiro do festival há 15 anos. O contemplado receberá um montante de R$ 15 mil e a garantia da entrada da produção na programação do Canal Brasil.
A partir de janeiro, a previsão é de que a plataforma Aruandaplay passe a ser instrumento do Consórcio Nordeste, por meio da Câmara de Cultura. A iniciativa foi anunciada pelo governador da Paraíba, João Azevêdo, durante a solenidade de abertura, o que vai possibilitar a disponibilização da cinematografia entre os nove estados da região.
Outro aspecto positivo apontado pelo produtor executivo foi a quantidade de espectadores neste ano. “Constatamos um crescimento do público, embora ainda não tenhamos os números definitivos. Na primeira noite, a de abertura do festival, por exemplo, a casa estava lotada, com as cerca de 450 cadeiras ocupadas. Houve crescimento de público pelas nossas redes sociais, como o Instagram, com o registro de, pelo menos, sete mil seguidores. É um crescimento em todos os sentidos”, frisou ele.
Para Lúcio Vilar, a 18ª edição do Fest Aruanda é uma “virada de chave” em termos de profissionalismo, formação e inclusão. “O festival chega à maioridade ainda mais consolidado e com mais responsabilidade e senso da obrigação da missão a ser cumprida. Na programação de 2023 tivemos momentos de destaque, como homenagens aos atores que participaram do filme Aruanda, em 1960; a exibição histórica do curta Amazonas, o Maior Rio do Mundo, filme mudo e em preto e branco do diretor Silvino Lopes, lançado em 1921, que retrata o desbravamento da floresta, que nos anos 1930 foi dado como perdido e reencontrado em 2023, na Cinemateca de Praga, no leste da Europa. Depois disso, a primeira exibição pública desse filme foi em novembro passado, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, e a segunda vez foi agora, no Fest Aruanda. Tudo isso forma um conjunto de atrações de uma programação muito extensa, com o que há de mais representativo no cinema. Com isso, o Fest Aruanda cumpre, mais uma vez, o seu papel, se prestando como janela, vitrine para o cinema da Paraíba, do Brasil e até internacional, pois há quatro anos temos parceria com a Universidade Lusófona, de Lisboa”.
O curador do Fest Aruanda, Amilton Pinheiro, avaliou que é motivo de celebração a realização dessa 18ª edição. Curador do festival desde 2011, o jornalista afirmou que este foi o seu melhor trabalho nessa posição, pois “o perfil dos filmes foi eclético, reunindo diversos gêneros, como os de memória, documentário, ficção e musical”.
Pinheiro destacou alguns longas-metragens da programação do Fest Aruanda. “O documentário Othelo, o Grande, dirigido por Lucas H. Rossi dos Santos, é sobre o ator negro Grande Otelo, que fala sobre temas como o racismo e o preconceito; já o filme de ficção Saudosa Maloca, de Pedro Serrano, aborda o universo criativo do cantor e compositor Adoniran Barbosa; o documentário Pereio, Eu Te Odeio, dirigido por Tasso Dourado e Allan Sieber, é sobre o grande ator de cinema Paulo César Pereio; e o drama Levante, de Lillah Halla, fala sobre a questão do aborto. A linha curatorial mostrou outros temas importantes, como a contribuição histórica, o fosso social e questões como a homofobia. Foi um festival onde os jurados tinham opções para escolher filmes de qualidade”, avaliou o curador.
“A premiação é para o que tínhamos de melhor, através de júris qualificados, com pessoas de renome. Mais uma vez, o festival premia o que há de melhor”, finaliza o coordenador e produtor executivo do evento, Lúcio Vilar.
CONHEÇA OS PRINCIPAIS VENCEDORES DA EDIÇÃO 2023
Trófeu Aruanda Nacional (Longas)
- Melhor Longa Nacional – ‘Levante’ (SP), de Lillah Halla;
- Melhor Roteiro – ‘Levante’;
- Melhor Som – ‘Levante’;
- Melhor Trilha – ‘Saudosa Maloca’ (SP), de Pedro Serrano;
- Melhor Montagem – ‘Othelo, o Grande’ (RJ), de Lucas H. Rossi dos Santos;
- Melhor Figurino – ‘Levante’;
- Melhor Direção de Arte – ‘Saudosa Maloca’;
- Melhor Fotografia – ‘Citrotoxic’ (SP), de Julia Zakia;
- Melhor Ator – Paulo Miklos por ‘Saudosa Maloca’;
- Melhor Ator Coadjuvante – Gustavo Luz por ‘Ana’ (RJ);
- Melhor Atriz – Ayomi Domenica por ‘Levante’;
- Melhor Atriz Coadjuvante – Loro Bardot por ‘Levante’;
- Melhor Diretor – Pedro Serrano por ‘Saudosa Maloca’;
- Prêmio Especial do Júri – ‘Ana’, de Marcus Faustini;
- Menção Honrosa – ‘Othelo, o Grande’ (pela homenagem a um dos maiores atores do Brasil).
Prêmio Júri Abracine
- ‘Saudade Fez Morada Aqui Dentro’ (BA), de Haroldo Borges.
Trófeu Aruanda – Júri Popular
- Longa Nacional – ‘Peréio, Eu Te Odeio’ (RJ), de Tasso Dourado e Allan Sieber;
- Longa “Sob o Céu Nordestino” – ‘Memórias da Chuva’ (CE), de Wolney Oliveira.
- Mostra de Longas “Sob o Céu Nordestino”
- Melhor Filme – ‘Saudade Fez Morada Aqui Dentro’ (BA), de Haroldo Borges;
- Melhor Roteiro – ‘Saudade Fez Morada Aqui Dentro’;
- Melhor Som – ‘Sem Coração’ (PE), de Nara Normande e Tião;
- Melhor Montagem – ‘Memórias da Chuva’;
- Melhor Trilha Sonora – ‘Sem Coração’;
- Melhor Direção de Arte – ‘Sem Coração’;
- Melhor Figurino – ‘Sem Coração’;
- Melhor Fotografia – ‘Sem Coração’;
- Melhor Ator – Bruno Jefferson por ‘Saudade Fez Morada Aqui Dentro’;
- Melhor Ator Coadjuvante – Ronnaldy Gomes por ‘Saudade Fez Morada Aqui Dentro’;
- Melhor Atriz – Edna Maria por ‘Cervejas no escuro’ (PB);
- Melhor Atriz Coadjuvante – Wilma Macêdo por ‘Saudade Fez Morada Aqui Dentro’;
- Melhor Direção – Nara Normande e Tião por ‘Sem Coração’ (PE).
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 07 de dezembro de 2023.