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Fest Aruanda começa hoje

publicado: 30/11/2023 09h06, última modificação: 30/11/2023 09h06
Na sua 18ª edição, evento gratuito que acontece na capital terá clássico paraibano e filme sobre o Clube da Esquina
Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina - Foto Arquivo do Cafi.jpg

Dirigido por Ana Rieper, longa ‘Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina’ vai abrir a programação do festival audiovisual, que acontecerá até a próxima quarta-feira (dia 6) - Foto: Arquivo do Cafi

por Guilherme Cabral*

O cinema está em festa: a 18ª edição do Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro começa hoje, em João Pessoa. Dentro da programação gratuita de abertura, a cineasta carioca Ana Rieper apresentará o documentário Nada será como antes – A música do Clube da Esquina, a partir das 19h30, na Rede Cinépolis (no Shopping Manaíra). É a primeira vez que esse longa-metragem, que faz um mergulho na musicalidade de grandes artistas, a exemplo de Mílton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Robertinho Silva e Wagner Tiso, vai ser exibido na região Nordeste. O evento, que prosseguirá até a próxima quarta-feira (dia 6).

“É uma alegria e uma honra poder participar e apresentar meu filme para abrir esse festival, que já é tradicional, tem uma curadoria muito dedicada na escolha dos títulos e será uma janela muito importante para o filme, no Nordeste”, disse Ana Rieper ao Jornal A União. “Vai ser um momento de celebração. É um filme sobre música que vai interessar ao público, quando circular por essa região”, contou a cineasta, que já esteve na capital paraibana em 2012, para lançar o documentário Vou Rifar Meu Coração no circuitão.

O filme de abertura faz uma abordagem sobre o grupo de artistas responsáveis pela criação do álbum duplo Clube da Esquina (1972), movimento pop mineiro fraterno que agregou amigos na casa dos Borges, nas esquinas de Belo Horizonte (MG), e depois em estúdio no Rio de Janeiro que resultou na gravação dos discos. O documentário mostra o processo criativo dos músicos, incluindo lugares, pessoas e outras referências que influenciaram a criação das canções. Quem abre o documentário é Milton Nascimento, que dá voz à música que batiza o longa, ‘Nada será como antes’ (1971), uma parceria do próprio com Ronaldo Bastos, em take extraído do programa Ensaio, dos anos 1970.

As filmagens foram realizadas por Ana Rieper em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, entre agosto e outubro de 2019. No documentário, a cineasta mostra encontros em estúdios, conversas em mesas de bar e passeios pelas ruas da capital mineira, entre outras situações, para apresentar ao público a língua falada por aqueles músicos que beberam de algumas fontes, a exemplo do The Beatles, o rock progressivo, a religiosidade mineira, a música clássica, o jazz e o cinema, numa mescla que resultou na criação de um som original na música brasileira.

Ao longo do filme, o espectador toma conhecimento de como foram criadas músicas, como ‘Para Lennon e McCartney’ (Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant, 1970), ‘Um girassol da cor de seu cabelo’ (Lô Borges e Márcio Borges, 1972), inclusive com o depoimento de Duca Leal, musa inspiradora da letra, e ‘Equatorial’ (Lô Borges, Beto Guedes e Márcio Borges, 1979). Na maioria das tomadas, Ana Rieper deixa a conversa fluir entre os músicos, em vez de tomar o depoimento de todos de maneira mais formal.

A cineasta explicou que decidiu realizar Nada será como antes por causa de sua relação com a música, tendo lembrado que já lançou, nesse gênero, o já citado Vou Rifar meu Coração, que trata a respeitodo imaginário romântico no Brasil, a partir do universo da música brega, e Clementina (2018), sobre a cantora Clementina de Jesus. “O projeto do filme veio sendo desenvolvido desde 2015, foi contemplado em edital do Fundo Setorial do Audiovisual em 2017, atravessou a pandemia e foi finalizado neste ano, tendo a parceria de José Roberto Borges, sobrinho de Lô Borges. Foi um ato de muita persistência”, explicou ela.

Ana Rieper esclarece que o longa é um filme sensorial, baseado menos na visão das imagens e mais na audição do som tirado pelos músicos, porque sua intenção foi procurar investigar a razão da qualidade das canções de sonoridade única e atemporal, compostas pelo grupo, cujo álbum Clube da Esquina é considerado, por muitos críticos musicais, como um dos melhores de todos os tempos.

Antes da exibição do filme, às 18h30, no foyer da sala VIP do Cinépolis, haverá uma série de lançamentos de livros, com a presença do compositor, pesquisador e escritor Márcio Borges, autor de Os Sonhos Não Envelhecem: Histórias do Clube da Esquina (Geração Editorial) e De Tudo Se Faz Canção: 50 Anos de Clube da Esquina (Garota FM Books), organização por ele com Chris Fuscaldo.

Clássico dos clássicos

Em virtude de chegar à “maior idade” na sua 18ª edição, a solenidade oficial de abertura terá uma homenagem ao clássico Aruanda (1960), filme emblemático de Linduarte Noronha (1930-2012) e um dos pioneiros do movimento do Cinema Novo.

Na ocasião, serão reverenciados os “atores naturais” do filme, Antônia Carneiro dos Santos e Erico Paulino Carneiro, o Eric, seguido da exibição do representativo curta-metragem.
O Fest Aruanda é realizado pela Bolandeira Arte & Films, com apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), patrocínio do Grupo Energisa, BNB Cultural e Cagepa e copatrocínio de instituições, como a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) e a PBGás.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 30 de novembro de 2023.