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Festa da canção popular

publicado: 31/05/2024 09h06, última modificação: 31/05/2024 09h06
A sétima edição do Festival de Música da Paraíba começa hoje; serão dois dias de eliminatórias na cidade de Sumé
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As eliminatórias acontecerão na cidade de Sumé | Fotos: Leonardo Ariel

por Sheila Raposo*

Sétima edição do Festival de Música da Paraíba fechará o Centro da cidade de Sumé, no Cariri paraibano, durante este fim de semana. É lá que acontecerá a primeira etapa do evento, sendo uma eliminatória hoje e outra amanhã. Em uma estrutura de palco, som e iluminação montada na Praça José Américo, as 30 canções selecionadas pela curadoria do festival serão defendidas por intérpretes variados. 

A final do festival será realizada em João Pessoa, no dia 9 de junho, no Espaço Cultural. A votação popular acontecerá no site do festival, de 2 a 9 de junho, até a execução da 14a (e última) música escolhida para esta grande final. A novidade deste ano é a homenagem dupla: o compositor Zé Marcolino (in memoriam) e a cantora e compositora Cátia de França —  primeira, na história do festival, a receber o tributo em vida. 

Com um lastro construído em seis bem-sucedidas edições, o Festival de Música da Paraíba foi criado com o objetivo de valorizar a música paraibana, por meio do reconhecimento e da divulgação dos artistas locais. No cômputo dessas seis edições, o evento teve mais de 1,2 mil músicas inéditas inscritas e quase 200 apresentações ao vivo, entre eliminatórias e finais, além de já ter distribuído mais de R$ 150 mil em prêmios.

 Sumé e Zé

A cidade de Sumé foi escolhida para sediar a primeira etapa do evento por ser o berço de um dos homenageados desta edição. José Marcolino Alves, nascido em 28 de junho de 1930, na zona rural sumeense, era um admirador da poesia popular nordestina. Ainda na meninice, quando assistia aos encontros e cantorias com os repentistas da época, ele decidiu que seria, também, um poeta.

Em 1961, depois de acalentar, por anos, o sonho de ter suas composições gravadas por Luiz Gonzaga, ele teve a oportunidade de mostrar o seu trabalho ao Rei do Baião. De tão genial parceria, o resultado não poderia ser outro, senão uma série de canções que logo se tornariam célebres: “Numa sala de reboco”, “Serrote agudo”, “Pássaro carão”, “No Piancó”, “Cacimba nova”, “Saudade imprudente”, “Cantiga de vem-vem”, entre muitas outras.

No dia 20 de setembro de 1987, em decorrência de um grave acidente de carro — ocorrido no dia anterior, em Carnaíba (PE) —, Zé Marcolino faleceu. Sua obra, porém, eternizou-se na voz de vários menestréis da música nacional, como o próprio Gonzaga, além de Dominguinhos, Santanna, Petrúcio Amorim e Flávio José.

 

Catarina

Alfabetizada pela mãe, por meio de canções, Catarina Maria de França Carneiro — ou simplesmente Cátia de França — concebeu uma obra a partir de referências literárias e musicais, em composições de ritmos variados. Cantora, compositora, escritora e multi-instrumentista (toca piano, violão, flauta, sanfona e percussão), a paraibana de 77 anos acaba de lançar um álbum: No Rastro de Catarina, no qual percorre a própria história.

Em diálogo constante com a cultura pop e a literatura brasileira, Cátia de França teve muitas parcerias e colaborações, ao longo de mais de meio século de carreira. Entre os tantos nomes que se firmaram no Olimpo da música brasileira, na década de 1970, ela se destaca por ser uma mulher que compõe e executa as próprias criações, sem nunca ter se rendido a mudanças propostas pelas gravadoras para tornar sua música mais comercial.

Autora de cordéis e livros infantojuvenis, a cantora e compositora homenageada também fez teatro, deu aulas de música, tocou em casas noturnas e trabalhou em trilhas sonoras para cinema e teatro. Integrou, ainda, as bandas de artistas como Zé Ramalho, Amelinha e Sivuca, em paralelo com o lançamento dos próprios discos: 20 Palavras ao Redor do Sol (1979); Estilhaços (1980); Feliz Demais (1985); Avatar (1998); No Bagaço da Cana um Brasil Adormecido (2012); Hóspede da Natureza (2016); até  o já citado No Rastro de Catarina (2024).

O festival

A sétima edição do Festival de Música da Paraíba registrou inscrições de compositores de 43 cidades do estado, número que contempla todas as regiões da Paraíba. Após a pré-seleção, 271 inscrições das 293 realizadas foram deferidas. Neste ano, o número de inscritos teve um aumento de 90% em relação a 2023, confirmando a crescente ano após ano do festival. Dos 30 que participarão das eliminatórias, 14 passam para a fase final.

Serão pagos R$ 30 mil em prêmios, sendo R$ 10 mil para a música vencedora; R$ 7 mil para a segunda colocação; e R$ 5 mil para o terceiro lugar. O melhor intérprete recebe R$ 3 mil, e a música escolhida pela votação popular on-line leva R$ 5 mil.

O evento é uma realização do Governo do Estado da Paraíba, por meio da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), da Fundação Espaço Cultural (Funesc) e da Secretaria de Estado da Comunicação Institucional (Secom), com o apoio da PBGás.
 

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 31 de maio de 2024.