Guilherme Cabral
O Piollin não é apenas referência na área das Artes Cênicas na Paraíba e em âmbito nacional, condição que obteve, por exemplo, com o já clássico - e premiado - espetáculo intitulado Vau da Sarapalha, baseado no conto Sarapalha, do autor mineiro João Guimarães Rosa (1908 - 1967), com adaptação e direção de Luiz Carlos Vasconcelos e que estreou em 1991 e permaneceu em cartaz até 2009. A instituição, localizada na cidade de João Pessoa, se destaca na cena, também, pelo fato de, por intermédio dos cinco cursos oferecidos, formar artistas e cidadãos conscientes diante das questões sociais. E agora, em 2017, quando completa quatro décadas de existência, comemora o transcurso dessa data realizando, a partir de hoje até 10 de fevereiro, a IV edição do Festival de Teatro Piollin, cuja programação inclui as apresentações - algumas de caráter inédito - de sete peças, das quais duas da Paraíba, três oriundas do Rio Grande do Norte, uma do Ceará e outra do Rio de Janeiro, além de duas oficinas. O evento - que tem o apoio de algumas instituições, a exemplo do Governo do Estado - será aberto às 20h, com a encenação da montagem intitulada 503, dirigida por João Paulo Soares. Os ingressos, na bilheteria, custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudante), mais 1 kg de alimento.
“No total, serão 13 dias de celebração dos 40 anos do Piollin com a consciência do reconhecimento do trabalho desenvolvido por quem hoje integra e pelos que também já passaram pela instituição e deram sua contribuição, pois a crença sempre foi no sentido da transformação social pela arte. Além do Piollin Grupo de Teatro, que atua na produção e apresentação de espetáculos, há, também, o Centro Cultural Piollin, que oferece, na área pedagógica, os cursos Arte da Palavra, Circo, Teatro, Semear o Planeta e Cultura Digital, nos quais, atualmente, estão matriculados 60 alunos na faixa etária dos sete aos 21 anos, oriundos da Grande João Pessoa, e que é a parte essencial da instituição, pois não apenas forma o artista, mas também um cidadão consciente de que, pelo olhar crítico, pode ser capaz de promover transformações sociais”, disse para o jornal A União Marcelina Moraes, produtora executiva do Festival. Fundada por um grupo de artistas, dentre os quais Luiz Carlos Vasconcelos, a entidade fica instalada no antigo Engenho Paul, no bairro do Róger, que, na época, foi acolhida pela própria comunidade em seu entorno, e, com o tempo, ganhou essa atual dimensão que seus próprios integrantes não esperavam que viesse a ser alcançada.
A programação inclui espetáculos inéditos e, também, alguns trabalhos já apresentados em João Pessoa, mas que ainda despertam o interesse do público. Um exemplo é a encenação do 503, dirigido por João Paulo Soares e que abrirá o evento. Essa peça realizou quatro apresentações de estreia, em novembro do ano passado. Além de inaugurar o Festival, a montagem - cuja Classificação Indicativa é 16 anos e é oriunda de João Pessoa - será encenada amanhã e sábado, sempre no mesmo horário. O enredo mostra ao espectador que a distinção entre o real e o imaginário, a verdade e a mentira, são questões que surgem para um homem comum que descobre, na porta do apartamento 503, um par de olhos. Sem perceber, ele e a desconhecida moradora desse imóvel ficam presos em um labirinto de memórias, desejo, amor e perdas.
As outras atrações do Festival são os seguintes espetáculos: a reapresentação, oriunda do Rio de Janeiro, do solo da atriz Raquel Rocha, dirigida por Haroldo Rego, cujo título é A vida das palavras de Estela do Patrocínio (9 de fevereiro, às 20h, Classificação 14 anos), que já passou pela capital paraibana, despertando crescente interesse do público, assim como o último trabalho do Teatro Máquina, de Fortaleza (CE), denominado Diga que você está de acordo! (dias 6, 7 e 8 de fevereiro, às 20h, Classificação 18 anos); o monólogo Violetas, da Cia Violetas (RN), com a atriz Mayra Montenegro (direção de Raquel Scotti Hirson e Classificação 12 anos); Memórias de Quintal, da Companhia Bololô (RN) e dirigido por Alex Cordeiro e Rodrigo Silbat (3 e 4 de fevereiro, às 20h, e Classificação 14 anos) e, ainda, Amareelos, dirigido por Nadja Rossana, com atuação de Igor Barboá e da atriz mexicana Rocio Tisnado, autora da pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da qual resultou o espetáculo.
A programação do Festival ainda inclui a realização de duas oficinas, ambas na Tamarindeira Processos Criativos, novo espaço de arte e cultura localizado no bairro de Miramar, em João Pessoa. Uma é “Voz e Presença”, com a atriz e professora da UFRN, Mayra Montenegro, que ocorrerá de 23 a 26 deste mês de janeiro, das 15h às 17h30, com inscrição ao preço de R$ 80. A outra é “Ativação da criatividade através da sensibilidade”, com a atriz Raquel Rocha, nos dias 6,7 e 8 de fevereiro, no mesmo horário - e também valor da taxa - da outra atividade.