Guilherme Cabral
No total, 160 obras, todas pinturas, de 103 artistas oriundos de 13 países - além do Brasil, Canadá, Itália e França, por exemplo - integram o 1º Festival Internacional de Arte Naïf (Fian), cuja abertura acontece nesta quarta-feira (23), a partir das 20h, na sede do Centro de Documentação “Coronel João Pimentel” (Cedoc), localizado na cidade de Guarabira, na região Agreste do Estado. “O evento é muito importante porque, além do caráter cultural, vai contribuir para movimentar a economia e fomentar o turismo”, ressaltou para o jornal A União o artista visual Adriano Dias, mentor do projeto, que se realiza com o apoio da Prefeitura Municipal e Sebrae PB, homenageia o artista plástico Clóvis Júnior e vai permanecer aberto à visitação do público até 30 de junho, nos três turnos, ou seja, manhã, tarde e noite.
A estimativa de Adriano Dias é que 40 artistas do Brasil compareçam à vernissage do Festival, que tem a curadoria do professor da Universidade de Brasília (UnB) e colecionador de arte Naïf, Augusto Luitgard, da ex-diretora do Museu de Arte de Goiânia (GO), Mairone Barbosa, e do professor do curso de Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Robson Xavier, que também é membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte. O evento ainda vai contar com obras - algumas das quais vão estar à venda - de artistas oriundos da Costa Rica, Venezuela, África (Burkina Faso, Senegal e Marrocos), Espanha, Portugal, Alemanha e Lituânia.
“Receber, em nossa cidade, artistas consagrados e outros ainda jovens na cena nacional contribuirá para o fortalecimento dessa corrente estética, permitindo ao público da nossa região o contato com esse universo onírico e multicor de artistas”, disse, ainda, Adriano Dias, referindo-se ao estilo Naïf, que se caracteriza pela ausência de rigores estilísticos e acadêmicos e, por isso, possibilita a liberdade estética e criativa aos pintores. Além de alguns artistas que deverão estar presentes com suas obras nesta primeira edição - a exemplo Valdomiro de Deus, Tânea Maria Pedrosa, Omar Souto, Ana Denise, Hermelindo de Almeida e Helena Coelho - o Festival também inclui, na programação, palestras, oficinas sobre temas que giram em torno do Naïf e visitas de alunos de escolas das redes estadual, municipal e privadas.
Adriano Dias também destacou um outro aspecto importante do Festival. “Embora a Paraíba tenha artistas expressivos na arte Naïf, ainda temos pouco espaço para a realização de exposições no Estado, fenômeno que se repete pelo resto do país. No Brasil, até 2016, só tinha apenas a Bienal Naïfs do Brasil, promovida pelo Sesc na cidade de Piracicaba (SP). Em 2017, outros cinco eventos ocorreram no Brasil e isso nos estimulou para realizar o Festival em Guarabira, pois no Nordeste estão os melhores artistas Naïfs do país. Para se ter uma ideia, para a Bienal 2018 que acontecerá no segundo semestre, 10 artistas são nordestinos, dos quais três - Clóvis Júnior, Adisseny e Gildo Xavier - são paraibanos. Ou seja, isso equivale a 30%, o que prova a força paraibana na arte Naïf”, disse ele.
A propósito, o tributo ao artista Clóvis Júnior - natural de Guarabira, como ele - neste 1º Festival é plenamente justificável, na opinião de Adriano Dias. “É o filho da nossa terra com maior expressão e carreira internacional na arte Naïf. É uma homenagem justa e providencial. Não tinha que ser outro nome”, confessou ele, acrescentando que, dentro do Festival, haverá uma sala contendo três obras do homenageado, além de registro no material impresso do evento.
O superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba, Walter Aguiar, confessou acreditar que o ambiente que o Festival vai propiciar atrairá a atenção de artistas, colecionadores e apreciadores para o estilo Naïf, além de promover a junção harmoniosa entre arte e negócios. “O Sebrae reconhece o papel da arte como expressão de uma sociedade e cultura e acredita na força destes artistas em um empreendedorismo não apenas que gera negócios, mas que transforma realidades, fortalece vínculos e potencializa a mudança de cenários econômicos e sociais”, disse ele.