“Estou muito honrada e muito feliz – até demais – e agradecida a Deus e às minhas netinhas. Isso representa o reconhecimento e a valorização do meu trabalho, o que é muito gratificante”. Foi o que confessou a cantora e mestra cirandeira Vó Mera, referindo-se à homenagem que recebe hoje, dentro da programação da terceira edição do Festival MêiMundo, cuja abertura ocorre a partir das 18h, no Centro de Comunicação, Tursimo e Artes (CCTA), no campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na cidade de João Pessoa.
Na ocasião, haverá apresentações do grupo Maracatu Quilombo Nagô e do projeto Igreja do Som, além de shows dos cantores e compositores Elon e Escurinho. O evento tem como tema “Onde a arte pulsa”, e é organizado pelo corpo estudantil da graduação em Relações Públicas da UFPB, com apoio de várias instituições, a exemplo da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC). A entrada é gratuita para toda a comunidade acadêmica e externa.
Paraibana natural do município de Alagoinha, mas que reside no bairro do Rangel, em João Pessoa, a cantora e cirandeira Vó Mera, como é mais conhecida Domerina Nicolau da Silva, completará 89 anos de idade no próximo dia 24 de dezembro. A artista receberá o tributo do festival como forma de reconhecimento ao trabalho como uma das personalidades mais importantes na divulgação da cultura popular paraibana com o seu coco de roda. “Essa é mais uma homenagem que recebo por causa do meu trabalho, que realizo com alegria há 25 anos pela Paraíba e em outros estados, com cinco netas e a minha filha, Mônica Maria Pimentel, fazendo backing vocal. Vou continuar trabalhando, apesar da idade, porque faço tudo isso por amor”, disse ela, que também é produtora cultural e já atuou em projetos da TV, como a novela Velho Chico, da Rede Globo.
Além do Festival MêiMundo, Vó Mera tem mais duas apresentações agendadas, ambas na capital paraibana: uma será no dia 22 deste mês, às 12h30, no Centro de Convenções; a outra em 21 de dezembro, dentro da programação do Natal na Usina, da Usina Cultural Energisa, em horário a se confirmar.
Valorizar a cultura regional e a cena artística local, fomentando o empreendedorismo criativo, além de levar programação gratuita para dentro da UFPB, como também para quem não faz parte da comunidade acadêmica são os objetivos da edição do Festival MêiMundo.
O “esquenta” para o evento vai ser o projeto Pôr do Som, com apresentação da cantora Marayah Stefany, num happy hour com início às 17h, na lanchonete Dona Help, localizada no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA-UFPB).
Será a primeira vez que o veterano cantor e compositor Escurinho se apresenta em uma edição do Festival MêiMundo. “A minha expectativa é a melhor possível, pois a UFPB é um lugar de grande diversidade cultural e de formação de opinião. Acredito que 80% dos que estudam nessa instituição não conhecem o meu trabalho, o que será uma oportunidade para apresentá-lo”.
O show que Escurinho vai apresentar tem por título Música Nua. “O diferencial deste para os anteriores é que vou mostrar músicas com poucos instrumentos, em duo, pois vou tocar percussão e Júnior Espínola, a guitarra”, comentou o artista.
Durante a apresentação, Escurinho pretende tocar 15 canções. “São inéditas as músicas ‘Onde estão os meus ancestrais’, um afoxé que tem um tema antirracista; e ‘Indígenas’, no estilo toré, que fala sobre a ecologia, preservação das matas e rios e, por isso, dos indígenas”, explicou ele, cujo projeto é continuar compondo e, ainda, retornar, entre novembro e dezembro, com a iniciativa de ciranda nos bairros, com um diferencial: em vez de ficar na praia da Penha, como foi nas outras vezes, sair circulando pelos bairros de João Pessoa, sempre contando com convidados.
‘Extraviado’
Outro artista que estará se apresentando no Festival MêiMundo é o cantor e compositor Elon. “Estou feliz porque vou ter a oportunidade de expandir meu público e levar o novo som que estou fazendo e que estreei no último sábado, no projeto Viva Usina. O show que vou fazer no festival tem o meu nome, Elon, agora com formação maior, com cinco músicos”, explica o músico que veio do município de Pombal (PB).
Durante a apresentação, ele vai cantar entre 10 e 12 músicas, entre as quais as canções ‘Afoita corrente’, ‘Bolero do colchão’, ‘Chorar e curtir’ e ‘Transverberar’, do EP Elon - Ao Vivo no Clan, além das inéditas ‘Extraviado’ e ‘Coitadinho’, que “são pop, mas que trazem forte presença da música nordestina e trazem uma energia bem seresteira”, comentou Elon. “Esse show no festival aponta para o meu primeiro álbum solo, cujo título deverá ser Extraviado, e que pretendo produzir em 2024, mas sem previsão para lançamento”, completou ele.
Completa a programação musical o Maracatu Quilombo Nagô, formado exclusivamente por mulheres que celebram a conexão entre as manifestações culturais mais tradicionais e o próprio maracatu, e o projeto de discotecagem do rapper carioca radicado na Paraíba, Marcelo Fontes. Como o nome já diz, Igreja do Som tem a música como religião, cuja pesquisa tem como norte as raízes, as ruas do bairro e o respeito ao fundamento. No projeto, o funk é um dos hinos mais sagrados.
Além das apresentações musicais, o MêiMundo também vai disponibilizar, das 17h às 22h, no estacionamento do CCTA, uma feirinha de empreendedores, promovida em parceria com o projeto No Balaio. No local, o público encontrará artesanato, produtos naturais, moda, decoração e gastronomia. A primeira edição do evento aconteceu no ano de 2018. No entanto, houve interrupção em 2020 e 2021, por causa da crise sanitária.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 01 de novembro de 2023.