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Ficção do paraibano Alex Santos é exibida no cineclube da FCJA

publicado: 02/08/2017 00h05, última modificação: 02/08/2017 11h17
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O longa “Américo - O Peregrino” conta, de forma ficcional, a trajetória do poeta natural de Santa Rita - Foto: Divulgação

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Américo – Falcão Peregrino é o título do filme de ficção dirigido pelo cineasta paraibano Alex Santos - que também assina, aos domingos, a coluna semanal sobre Cinema no jornal A União - que será exibido nesta quarta (2), em sessão única e gratuita a partir das 19h30, no Cineclube “O Homem de Areia”, na Fundação Casa de José Américo (FCJA), cuja sede se localiza na cidade de João Pessoa. Após a exibição, quem vai tecer comentários a respeito da obra - uma produção de 2015, com 50 minutos de duração - para o público é o crítico João Batista de Brito. A Classificação Indicativa é Livre.

“Por não ser documentário, Américo relata de forma ficcional (com todas as nossas “licenças” possíveis, mas sem fugir da verdade) toda a trajetória do homem e sua obra. Não nos preocupamos com o lado político partidário do vate, que tinha “idolatria” pelo presidente João Pessoa, segundo a própria família do poeta de Lucena. Registramos apenas o seu respeito à figura do presidente morto, na cena do monumento inaugurado na praça que leva o seu nome, considerada bastante simbólica para nós. Um dado está claro no filme: a Cidade de Parahyba, à época, torna-se “protagonista” em Américo – Falcão Peregrino, que é o que interessa e queríamos também. Valorizar nossa cenografia local urbana e de época!”, ressaltou para o jornal A União Alex Santos, que também é jornalista e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), antecipando que já começou a rodar um novo média-metragem de ficção e cujo cenário é a cidade de João Pessoa de ontem e a de hoje. 

Na época do seu lançamento, Américo – Falcão Peregrino agradou à crítica e ao público. A reação favorável causou surpresa ao cineasta, que é natural da cidade de Santa Rita. “Principalmente por ser um filme paraibano e sobre nossa cidade, também. No que diz respeito à aceitação ao filme, uma crônica bem-sucedida e importante está na apreciação do crítico de cinema João Batista de Brito, publicada recentemente, que assistiu ao Américo e analisa em profundidade o nosso trabalho”, disse Alex Santos. “Sinto-me gratificado e reconhecido, igualmente com todos da produção, que são os que realmente merecem todo o nosso reconhecimento. Não foi trabalho fácil a reconstituição cenográfica de uma cidade após quase cem anos, entre 1928 e 1933, onde e quando se passa a história de um dos poetas importantes da Parahyba. Ele, que tem sido sempre esquecido, até por sua própria Academia de Letras...”, comentou Alex Santos.

O cineasta preferiu rodar Américo – Falcão Peregrino, que se refere ao poeta Américo Augusto de Souza Falcão (1880 - 1942), nascido na Praia de Lucena, antigo distrito da cidade de Santa Rita, sem contar com o apoio de recursos financeiros públicos. “Não costumo e nem gosto de trabalhar sob pressão de editais de fomento público. E, sobre esse assunto, já tive oportunidade de escrever vários artigos, nas minhas colunas de imprensa, inclusive em A União. Através da nossa produtora (ASProd), eu, doutor Manoel Jaime, o professor Moacir Barbosa e Alexandre Menezes, meu filho, somos os responsáveis pela produção total do filme”, confessou Alex Santos.

A propósito, quanto ao que se produz de cinema na Paraíba, atualmente, Alex Santos tem uma opinião firmada sobre o assunto. “Tenho algumas restrições a respeito da real expressão do que seja 'fazer cinema', nos dias atuais. Pedindo vênia a alguns atuais 'videomakers', não considero que o apertar do simples botão de uma gravadora de vídeo, ou mesmo de um celular, possa ser considerado fazer cinema. Declino-me, contudo, ao étimo da expressão Cinema como sendo uma forma narrativa de imagens dinâmicas que pode até gerar 'n' interpretações, inclusive, a de que se produzir simples vídeo é fazer 'cinema'. No mais, é só uma questão de melhor percepção e conhecimento real do que seja cinema e do uso de sua gramática... Considero, por fim, que a produção atual 'videográfica' paraibana, essa sim, cresceu bastante nos últimos tempos. Justo, pela facilidade de aporte que hoje se tem com a digitalização das imagens. Isso, convenhamos, como início de um melhor conhecimento do que seja a Arte Sétima. O que é muito bom! Tanto para a história do cinema como para a própria geração nova de cinéfilos”, concluiu ele. 

Já o presidente da Fundação Casa de José Américo (FCJA), Damião Ramos Cavalcanti, também falou sobre Américo – Falcão Peregrino, cuja opinião optou por intitular de Um Zepelim entre nós, já que o filme contém a reconstituição do voo do dirigível sobre a capital, em 1930. “O cineasta Alex Santos é dali, de Santa Rita, onde o pai, ‘seu’ Severino do Cinema, foi dono do cinema São João e criou o filho vendo a tela e no trato com o velho Projetor ARG, de 35mm, silenciando sessões de casa lotada. Foi, nessas circunstâncias, que Alex iniciou seu longo curso de cinema, no qual ainda hoje continua empolgado estudante. Daí, ter dirigido, com o apoio de Manoel Jaime no roteiro, um filme que alcançou elogios do criterioso crítico João Batista de Brito”, disse ele. 

“Américo Falcão, protagonista do roteiro, é dali, de Santa Rita, quando Lucena pertencia a esse mais velho município. Coincidência inspiradora que convenceu seu conterrâneo Alex tomá-lo como o assunto privilegiado, dentre tantos outros assuntos que emolduram a breve biografia de Américo Falcão: O cidadão entusiasta da política nos anos 30, o zelo profissional do funcionário público, o poeta e o escritor, hoje patrono da Academia Paraibana de Letras. A presente película é uma síntese: no seu todo, na ‘elipse’ ou no silêncio, quando se sobressai o voo do Zepelim, como se fosse um falcão, nome de Américo”, disse Damião Ramos Cavalcanti.