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Filme "As Horas" é exibido hoje na Fundação Casa de José Américo

publicado: 04/05/2016 00h05, última modificação: 04/05/2016 07h46
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A escritora Ana Adelaide Peixoto será a comentarista do filme da sessão no Cineclube “O Homem de Areia” - Foto: Edson Matos

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Guilherme Cabral

Ganhadora do Oscar de Melhor Atriz em 2003 por sua atuação como a escritora inglesa Virginia Woolf no longa-metragem, Nicole Kidman é uma das protagonistas do filme intitulado As Horas, produzido pelos Estados Unidos e Inglaterra no ano anterior, dirigido por Stephen Daldry e com exibição em sessão única - e gratuita para o público - a partir das 19h30 de hoje, no Cineclube “O Homem de Areia”, da Fundação Casa de José Américo (FCJA), localizada em João Pessoa. Na ocasião, a obra cinematográfica - cujo enredo mescla drama e romance, ao longo de 114 minutos de duração, e obteve diversas outras premiações - será comentada pela escritora e professora da Universidade Federal da Paraíba, Ana Adelaide Peixoto Tavares. 

“Este filme é muito bonito, plasticamente falando, e foi por mim utilizado no final do meu doutorado, que apresentei em 2008, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e mostra a subjetividade feminina. As Horas é adaptado do livro homônimo de Micharel Cunningham em que, em três períodos diferentes, três mulheres vivem ligadas ao livro Mrs. Dalloway, da escritora Virgínia Woolf, de quem gosto muito. Em 1923 vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro; em 1949 vive Laura Brown (Julianne Moore) e, no final do século XX, vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep). O mais importante é que o filme tem uma história atual, pois trata de situações que as mulheres ainda vivem nos dias de hoje e, também, aborda assuntos que surgiram e continuam no século XXI, como a Aids e o homossexualismo”, disse para o jornal A União a professora Ana Adelaide Peixoto, antecipando que vai manter um “bate-papo” com o público que estiver na sessão na Fundação Casa de José Américo.

Nesse sentido, no primeiro momento da trama de As Horas, no ano de 1923 vive a escritora Virginia Woolf, encarnada por Nicole Kidman, cujo personagem enfrenta uma crise de depressão e ideias de suicídio. Mais tarde, em 1949, aparece Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido mas não consegue parar de ler o livro Mrs. Dalloway. E, na terceira situação, já nos dias atuais, vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros residente em Nova York que dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e, agora, está prestes a morrer com Aids.

“É interessante observar que As Horas era o título que a escritora Virgínia Woolf pretendia colocar em seu livro, que terminou sendo Mrs. Dalloway. Numa homenagem para Virgínia Woolf, o autor Micharel Cunningham coloca o título de As Horas em sua obra, onde dialoga com o texto e as personagens, que são ligadas à obra de Woolf, que se suicidou”, disse a professora Ana Adelaide Peixoto. “Gosto muito do filme, que é uma adaptação belíssima do livro”, disse ela, salientando o roteiro do renomado dramaturgo britânico David Hare e, também, elogiando a trilha sonora de Philip Glass. No entanto, ela percebeu um aspecto “triste” no filme, ao constatar que as mulheres ainda enfrentam problemas advindos da subjetividade.

A professora universitária e escritora Ana Adelaide Peixoto participará do Cineclube da FCJA pela primeira vez. “É uma iniciativa muito legal, show de bola”, disse ela, ao elogiar a criação de “O Homem de Areia” pela Fundação Casa de José Américo. “Hoje em dia, com o advento da internet e a facilidade para baixar filmes e a existência do Netflix, ter um espaço assim é sempre muito rico, porque é o momento onde sempre acontece a troca de saberes de diferentes formas, pois cada pessoa tem sua própria leitura do filme. Para quem já o assistiu é mais uma oportunidade para revê-lo e, para quem ainda não, é a chance de assisti-lo”, comentou a escritora.