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Flamenco no compasso do Nordeste

publicado: 10/11/2023 09h28, última modificação: 10/11/2023 09h28
Hoje, no palco do Teatro Santa Roza, em João Pessoa, começa a edição do Festival Diálogos entre Mundos
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Colocando cultura popular na roda, o grupo pernambucano Coco Raízes de Arcoverde - Foto: Acervo do Grupo
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Coletivo de Dança Nuances Flamencas, em uma das apresentações na edição de 2022 - Foto: Bruno Oliveira/Divulgação
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Até o próximo domingo (12), festival promoverá apresentações e oficinas de profissionais convidados de Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, a exemplo da gaúcha Ana Medeiros, mais conhecida como La Negra - Foto: Rafa Costa/Divulgação
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por Guilherme Cabral*

Já imaginou a batida do sapateado flamenco com a do coco de roda? A oportunidade para assistir a essa performance é na edição do Festival Diálogos entre Mundos, que é organizado pela professora Rejane Gomes, fundadora do Coletivo de Dança Nuances Flamencas. O evento começa hoje, a partir das 19h30, no Teatro Santa Roza, em João Pessoa.

A programação, que também inclui o espetáculo Amor: Versões e Inversões, mostra a interculturalidade da arte flamenca e da cultura popular brasileira e prosseguirá até o próximo domingo (dia 12), contando ainda com apresentações de profissionais convidados dos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul. As entradas já estão à venda, aos preços de R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia) e R$ 40 (ingresso social, mediante entrega de 1kg de alimento), na secretaria do teatro, das 8h às 11h30, ou podem ser adquiridos, via site do Sympla (www.sympla.com.br).

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Até o próximo domingo (12), festival promoverá apresentações e oficinas de profissionais convidados de Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, a exemplo da gaúcha Ana Medeiros, mais conhecida como La Negra - Foto: Rafa Costa/Divulgação

O festival abre com a apresentação do Amor: Versões e Inversões, com as participações de Ana Medeiros, conhecida como La Negra (RS); Mariana Abreu e o Brazilian Flamenco Duo (SP), formado por João La Furia (guitarra flamenca e voz) e Dênis Sartorato (percussão); e, da Paraíba, o Coletivo Nuances Flamencas e o grupo Mosayco, além das participações do grupo Coco Raízes de Arcoverde (PE), escolas e grupos de flamenco do Nordeste.

Sobre o espetáculo, Rejane Gomes disse tratar-se de “uma obra em linguagem flamenca, mas que foi tecida a várias mãos por artistas de diversas partes do país, utilizando como fios estruturantes a nossa pluralidade cultural, que foi criado a partir de reflexões sobre, por exemplo, a necessidade urgente de falar sobre amor em um mundo que, por vezes, o ignora”. Amor: Versões e Inversões é dividido em três atos: Romantismo e Hostilidade; Saudade e Ancestralidade; e O Mel e o Fel. Outra sessão será apresentada amanhã, no mesmo horário.

A programação inclui ainda roda de conversa com os artistas convidados e outras atividades, como uma feirinha cultural. Já as oficinas abordarão, amanhã, os temas “Coco – Dança e Trupé”, com o grupo Coco Raízes de Arcoverde; “Técnica de baile com abanico”, com Ana Medeiros – La Negra; “Técnica de Corpo e Expressividade”, com Mariana Abreu. No domingo, as oficinas, que serão todas realizadas a partir das 9h, no Centro Cultural Iandê, no Bairro dos Estados, focarão “Coco – Dança e Trupé”, com Coco Raízes de Arcoverde; “Patadas por Tangos”, com Mariana Abreu; e “Patadas por Bulerías”, com La Negra.

O Diálogos entre Mundos resulta de um projeto com mais de 13 anos de existência, com o intuito de apresentar correlações da cultura flamenca com as culturas ibéricas, africanas e afro-latinas. “Queremos promover o conhecimento e o reconhecimento da identidade flamenca nacional, pois não é algo restrito, porque existe no Brasil. O movimento cultural flamenco foi reconhecido como patrimônio cultural e imaterial da humanidade pela Unesco, em 16 de novembro de 2010. Uma das nossas bandeiras é mostrar a influência da África no flamenco, pois também estamos no mês da consciência negra. O flamenco é muito percussivo”, disse a brasiliense radicada na Paraíba, Rejane Gomes. Com abordagem decolonial, o festival – por ser é o único dessa modalidade no Brasil – integra atualmente a Agenda Nacional Flamenca.

Uma das convidadas, La Negra dança flamenco há 25 anos e tem um centro de formação em sua cidade, Porto Alegre. “É um festival inovador no Brasil, que fala muito sobre a mescla entre a tradição e a arte flamenca com a arte brasileira, e também trata sobre a diáspora africana, que tem o flamenco e que tem, também, as nossas tradições no Brasil, especialmente no Nordeste, onde é muito rica a influência do negro”, comentou a artista gaúcha.

Já o músico João La Furia estará no evento pela segunda vez consecutiva. “O flamenco, para mim, é uma arte passional e profunda, que toca nossas emoções e nos dá a possibilidade de sermos nós mesmos, podendo expressar nossos sentimentos de maneira verdadeira. O público sente isso. É uma arte que nos invade sem pedir licença”, disse o artista.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de novembro de 2023.