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Flávio Tavares destaca o legado de Pedro Américo

publicado: 29/04/2016 00h05, última modificação: 01/05/2016 11h30
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Trecho de "Batalha de Avaí", obra obra mais famosa do pintor Paraibano. - Foto: Reprodução/Pedro Américo

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Guilherme Cabral

Ele é, indiscutivelmente, o maior mestre como pintor e desenhista de toda a América Latina. Um pintor atemporal”, disse para o jornal A União o artista plástico Flávio Tavares, ao falar sobre a importância da obra do paraibano Pedro Américo (1843 - 1905), cujos 173 anos de nascimento se completam hoje. “É um grande anatomista e, também, o mestre do movimento porque, além de desenhar com perfeição a figura do cavalo, que é o mais difícil para qualquer artista, inclusive os de hoje, dominou toda a criação de Deus, o que inclui que sabia pintar o ser humano, a vegetação, as flores, as intempéries naturais e até o vestuário”, justificou ele. No entanto, o talento de Pedro Américo de Figueiredo e Melo - nome completo do artista, natural da cidade de Areia, localizada na região do Brejo do Estado, e que faleceu em Florença, na Itália - não se restringia à habilidade com as pinceladas, que o levaram a criar, por exemplo, sua obra mais conhecida, intitulada  Independência ou Morte (1888), também conhecida como O Grito do Ipiranga, além de outras famosas, dentre as quais A Batalha do Avaí (1873 -1877), que é uma cena da Guerra do Paraguai, e Rabequista Árabe (1884). Ele foi, ainda, cientista, filósofo, político, professor, poeta e romancista. E, como se não bastasse, o escritor e historiador Bruno Gaudêncio, autor do livro Pedro Américo em Quadrinhos, lançado pela Patmos Editora em abril de 2015, garantiu ter descoberto uma faceta pouco conhecida do artista: a de ensaísta, pois soube de textos a respeito do ensino das artes no Brasil contidos em tese de Doutorado apresentada por uma professora sergipana na Universidade Federal do Ceará. “Pedro Américo foi pioneiro nessa área, ainda no século XIX”, disse ele.

Flávio Tavares sentiu, na prática, a quanto chegava o grau da capacidade e do talento artístico de Pedro Américo. Ele lembrou que, já há alguns anos, foi um dos artistas que participaram de exposição, no Espaço Cultural, onde cada um fez releitura de uma obra do pintor areiense e, ao escolher o quadro Rabequista Árabe, percebeu como o pintor representou muito bem a tonalidade do branco do tecido, inclusive as dobras. “Achei o maior sofrimento e a coisa mais difícil do mundo”, confessou ele, que, na ocasião, retratou, então, o mestre Salustiano, do Recife, com a rabeca, músico que, conforme garantiu, era muito admirado pelo escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna.

“Ele era um mágico. Ninguém poderia se comparar a ele”, comentou, ainda, Flávio Tavares, referindo-se a Pedro Américo. Apesar de apreciar tanto a obra do pintor areiense, ele admitiu não se sentir capaz de se deixar influenciar pelo trabalho do artista, que dominava aspectos como a anatomia e a volumetria. Nesse sentido, a propósito, Flávio ressaltou a capacidade de Américo de dominar o desenho da figura do cavalo, que é o mais difícil para o artista até hoje por causa de alguns detalhes, a exemplo do movimento que as quatro patas sugerem e pela sensualidade do animal. “Ninguém vive sem influência. Sou pintor de origem ingênua, como Di Cavalcanti, Diego Rivera e Francisco Brennand”, confessou Tavares.

Flávio Tavares comentou que muitos críticos já disseram que Pedro Américo teria tomado outra vertente artística, se tivesse ido para a França, e não para a Itália, pois estaria acompanhado mais o tempo dos pintores da época. “É uma suposição onírica da história. Não se pode mudar o curso da história”, disse ele, lembrando que o pintor areiense - considerado do período Academicismo - despertou para as artes plásticas na própria cidade natal, quando, aos 10 anos de idade, foi escolhido como desenhista da missão científica do naturalista francês Louis Jacques Brunet para estudar a flora e a fauna do Nordeste do Brasil. “Quem poderia imaginar que da cidade de Areia saiu um gênio desta estirpe”, observou ele.

O escritor e historiador Bruno Gaudêncio também confessou sua admiração pela obra do artista areiense. “Como elegeram o poeta Augusto dos Anjos como o Paraibano do Século XX, eu elegeria Pedro Américo como o Paraibano do Século XIX”, disse ele, ao ressaltar o talento múltiplo do pintor também em outras áreas. Roteirista do livro Pedro Américo em Quadrinhos, cujas ilustrações são de Flaw Mendes, o autor informou que essa sua obra é a segunda mais vendida da coleção Primeira Leitura, da Patmos Editora, atrás apenas de Augusto dos Anjos em Quadrinhos. Na opinião do autor, as boas vendas indicam a importância que Pedro Américo desperta nas pessoas.