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Flor termina com homenagens

publicado: 28/10/2025 08h57, última modificação: 28/10/2025 08h57
Último dia da Festa Literária do Extremo Oriental celebrou escritores, jornalistas e poetas populares
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Sergio de Castro Pinto, Luiz Paiva e Neide Medeiros autografaram livros | Fotos: Leonardo Ariel

por Esmejoano Lincol*

A Festa Literária do Extremo Oriental (Flor) encerrou sua primeira edição domingo (26). A União Brasileira de Escritores trouxe a público a antologia Nossas Mulheres, ao passo que os autores Luiz Augusto Paiva, Neide Medeiros e Sérgio de Castro Pinto autografaram suas obras recentes. O escritor Braulio Tavares e os poetas populares Chico Pedrosa, Maria Soledade e Oliveira de Panelas foram reverenciados, assim como a presidente da EPC, Naná Garcez.

A programação teve como palcos a Academia Paraibana de Letras (APL) e a Praça Dom Adauto. Nossas Mulheres – Vozes que Inspiram e Transformam ganhou corpo pela Forma Editorial; a versão impressa foi produzida pelo parque gráfico da EPC. São 20 ensaios de autoras paraibanas ou radicadas no estado sobre importantes mulheres brasileiras. Rita de Cássia Ramalho, Thalita Lucena, Norma Alves Ferreira, Mariana Moreira e Amira Rose Medeiros, por exemplo, escrevem sobre, respectivamente, Anayde Beiriz, Carolina Maria de Jesus, Margarida Maria Alves e Pagu.

Representando o segmento de mulheres da UBE, Ezilda Melo assinalou ser incalculável o número de mulheres que contribuíram para a formação cultural e social do Brasil. “Seria necessário não apenas um, mas vários livros para resgatar tantos perfis bibliográficos, aumentando o alcance dessas histórias”, afirmou.

Múltiplos eventos

A Rabeca de Paganini (Ideia), reunião de crônicas de Luiz Augusto Paiva foi apresentada pelo autor, na APL, junto da nova empreitada literária de Neide Medeiros, Reliquaire (Mídia Gráfica e Editora). Conta com 30 haicais, editados em português e francês, e ilustrações do artista Miguel Bertolo. “Havia lançado uma edição menor, em 2023. Agora, como havia essa possibilidade desse livro também ir para o Salão do Livro de Paris, decidi traduzi-los para o francês. As versões em português, no livro, têm a minha letra. E de onde eu tirei essa ideia? De Cânticos, livro póstumo de Cecília Meireles: de um lado a letrinha dela, do outro lado o texto digitado”, explicou.

A Flor aconteceu simultaneamente ao terceiro Congresso Brasileiro de Academias de Estaduais de Letras, fruto de articulação entre a APL e o Fórum Brasileiro das Academias Estaduais de Letras (FaleBR!). Esta foi finalizada no sábado, com uma carta de intenções fortalecendo a possibilidade de integração entre os entes. “Vivemos em uma espécie de arquipélago, onde só se enfatiza, ainda hoje, a literatura feita no eixo Rio-São Paulo”, diz Sérgio de Castro Pinto, que autografou a antologia Breves Dias Sem Freio, da editora Patuá. “Acho que isso dá oportunidade de congraçamento, de ‘trocarmos figurinhas’”.

Ainda na APL, Naná Garcez recebeu uma placa comemorativa pelo trabalho da Editora A União e dos demais veículos da EPC no incentivo à literatura paraibana. “No ano passado, tivemos cerca de 20 feiras literárias. E isso está mudando o perfil do leitor, porque ele tem mais acesso ao livro, já que são poucas as livrarias no interior”, frisou, evidenciando as expectativas positivas para o início do Festival Literário Internacional da Paraíba (FliParaíba), de 27 a 29 de novembro. 

Naná Garcez foi uma das homenageadas

Trabalho artesanal

A homenagem aos poetas populares foi realizada na Praça Dom Adauto, no fim da manhã. Após apresentação de Chico Pedrosa — um dos que receberam o tributo — foram entregues placas pirogravadas com o rosto e o nome dos reverenciados. Maria Soledade foi representada por sua filha, Elma Leite, e Oliveira de Panelas não pôde comparecer. “Homenagem é uma oração dedicada àquela criatura que recebe”, apontou Chico.

Braulio Tavares, que completou 75 anos em setembro, comentou que receber um tributo dessa natureza em seu estado de origem é diferente. “É como estar em uma festa boa, na casa de sua família. Você conhece todo mundo, todo mundo lhe conhece também. A Paraíba será sempre o meu centro, o zero cartesiano do meu universo”, resumiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de outubro de 2025.