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Força de um super-herói quixotesco

publicado: 17/05/2023 15h30, última modificação: 17/05/2023 15h30
Amanhã, em João Pessoa, haverá sessão de cinema gratuita com acessibilidade do longa-metragem ‘Capitão Astúcia’, estrelado pelo ator paraibano Fernando Teixeira
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Trama do filme tem ingredientes de aventura, drama e comédia, com um quê de Dom Quixote; personagem de Teixeira, fascinado por quadrinhos, assume um manto heroico - Foto: Luciana Melo/Divulgação
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por Lucilene Meireles*

Em 2023, Superman completa 85 anos e o Homem de Aço, ainda em plena forma, está muito longe de se aposentar. Em tempos de blockbusters da Marvel e DC nas telonas, mais um super-herói desponta, desta vez no Brasil, e no alto de seus 80 anos. Olhem, lá no céu! É um pássaro? É um avião? Não: é o paraibano Fernando Teixeira.

Uma sessão especial com acessibilidade audiovisual acontecerá amanhã (dia 18), às 14h, na Sala Vladimir Carvalho, da Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. Em cartaz, o longa-metragem Capitão Astúcia, de Filipe Gontijo, produção do Distrito Federal, que tem o ator paraibano Fernando Teixeira no papel principal. A realização é do Fest Aruanda e da Usina Cultural, com apoio cultural da Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad). A entrada é gratuita e o filme tem classificação indicativa de 10 anos.

A trama tem ingredientes de aventura, drama e comédia, com um quê quixotesco, envolvendo um ex-astro mirim frustrado, Santiago (vivido pelo ator Paulo Verlings), que se refugia com o avô (Teixeira) para escapar de um revival da carreira televisiva. Mas, ele não imaginava que encontraria o velho – fascinado por quadrinhos – determinado a se transformar literalmente num super-herói. O filme conta ainda com outra veterana, a atriz Nívea Maria, em papel raro no cinema.

O realizador de Capitão Astúcia considera uma ótima iniciativa levar a produção com recursos de acessibilidade e observa que o longa fala muito sobre superação. “Eu acho que tem a ver com esse público e é um filme que se comunica com muita gente porque fala dessa relação de avô e neto, uma relação que temos, às vezes, com uma figura mais velha, querida. Muita gente tem a lembrança de um adulto que era quase uma criança também, e é muito mágico encontrar uma pessoa assim na infância ou na adolescência, na juventude”, pontua Filipe Gontijo.

O diretor considera incrível ter a oportunidade de exibir o filme para um público que não está normalmente nos cinemas. “Ficamos satisfeitos de estar participando disso e de estar possibilitando que vejam o nosso filme. Para mim, é uma alegria muito grande”.

Esta, para ele, é uma forma de inclusão, mas também uma maneira elementar, que deveria ser acessível. Ele lembra que hoje existem aplicativos de celular que trazem a audiodescrição e que isso deveria ser mais difundido. “A nossa audiodescritora disse que nem sempre isso é feito com capricho, e o nosso fizemos com muito esmero porque tinha essas pessoas muito ligadas a esse público envolvidas na produção. Acho que isso deve ser ampliado”.

Filipe Gontijo acrescenta que esta possibilidade deveria existir em todos os lugares e emendou que a legenda descritiva no cinema nem sempre é possível, mas é preciso dar acesso a essas pessoas e descobrir como levá-las para dentro do cinema. “Fico muito satisfeito de ter essa exibição e muito feliz com o Fest Aruanda ter escolhido o nosso filme para essa sessão especial, ter considerado ele um filme legal para esse público também. Fico muito orgulhoso. Estou ansioso para ver o resultado e o feedback dessa plateia, como eles vão receber o Capitão Astúcia e, claro, saber como vai ser a experiência deles de estar em contato com o Fernando Teixeira, que é o próprio super-herói do filme”, disse ele, que não estará na sessão.

Fernando Teixeira também avalia como uma grande iniciativa. “Eu acho que todas as pessoas têm direito a todo tipo de diversão, de vida, da maneira que elas querem ser, da maneira que for mais favorável para elas. É uma grande ideia e eu nunca havia pensado nessa possibilidade. Quando o diretor me ligou, de Brasília, dizendo que tinha conseguido fazer isso, eu achei incrível”, elogia o artista paraibano.

Por sua curiosidade de trabalhar com pessoas com deficiência, Teixeira tentou, inclusive, desenvolver um trabalho na Funad, que acabou não evoluindo. “Eu acho que as coisas acontecem porque existe realmente uma pressão popular e natural das pessoas que têm filhos com deficiências, adultos com deficiência, gente dentro de casa sem sair porque não tem para onde ir. É muito bom, sensacional. Viva o cinema paraibano”, acrescenta o veterano ator.

A presidente da Funad, Simone Jordão, parabeniza a Usina Cultural Energisa pela iniciativa do Fest Aruanda e afirmou que, todo ano, os usuários e usuárias da Funad são convidados a participar, já que o projeto promove também acessibilidade para as pessoas com deficiência, o que ela considera fundamental.

A gestora da Funad lembra que, desde 2015, no Estatuto da Pessoa com Deficiência, a legislação preconiza acessibilidade em todos os espaços da vida social, incluindo a cultura. “É muito importante esse acesso, especialmente para as pessoas surdas e com deficiência visual que realmente têm maior dificuldade de ter espaços acessíveis como o cinema, por exemplo. É muito importante esse momento e nós só temos a agradecer essa parceria”, enfatiza Simone Jordão.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 17 de maio de 2023.