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Forrobodó para teatro

publicado: 08/05/2024 09h45, última modificação: 08/05/2024 09h45
Waldonys é a atração de hoje do Projeto Seis e Meia, em João Pessoa, com um show mais intimista, com canções, poesias e histórias

por Sheila Raposo*

Com Causos, Cantos e Poesias, o cantor, compositor e sanfoneiro Waldonys sobe ao palco do Teatro Paulo Pontes, na noite desta quarta-feira, e antecipa o período mais festeiro do Nordeste. O artista cearense é a atração do Projeto Seis e Meia deste mês, em show a partir das 18h30, com abertura do Trio Surreal. Os ingressos, entre R$ 120 e R$ 60, podem ser adquiridos no site Outgo ou na loja Brommer (MAG Shopping).

Waldonys é um dos herdeiros musicais de Luiz Gonzaga, com quem tinha grande amizade | Foto: Divulgação

Munido dos maiores sucessos da sua carreira, como “Anjo querubim”, “Se lembra coração” e “Jardim dos animais”, Waldonys também tocará clássicos imortalizados pelo mestre Luiz Gonzaga, uma de suas mais fortes influências. Mas não será um arrasta-pé. “Esse show é especialmente preparado para teatro, com uma atmosfera mais intimista. O intuito é não apenas apresentar números musicais, mas declamar poesias e contar histórias às pessoas, uma espécie de três em um que se encaixa perfeitamente na proposta do Seis e Meia”, diz ele.

Com uma relação longeva com o público e o meio artístico da Paraíba, o cearense faz questão de ressaltar o seu carinho e o seu respeito pelo estado. Entre as suas várias referências, ele cita João Paraibano, Pinto de Monteiro, Jessier Quirino, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Genival Lacerda e Jackson do Pandeiro, o rei do ritmo — a quem ele aponta como um dos alicerces do seu trabalho. “Que me perdoem se eu deixei de citar alguém, mas são muitos artistas, dos mais variados gêneros, famosos ou não, que eu admiro e bebo na fonte”, afirma.

Base forte

Waldonis (com “i”) José Torres de Menezes nasceu em Fortaleza. Conhecido apenas como Waldonys (com “y”), ele começou tocar sanfona aos 10 anos de idade, por influência do seu pai, Eurides, que era acordeonista amador. Aos 11, iniciou os seus estudos musicais, com aulas particulares, e depois passou a ter aulas teóricas no Conservatório Alberto Nepomuceno. Com apenas 13 anos, conheceu Dominguinhos, por meio de quem foi apresentado a Luiz Gonzaga.

Impressionado com a sua desenvoltura no acordeom (chegou a lhe presentear com um, de seu uso pessoal), “seu” Lua o convidou para participar da gravação do disco Aí Tem (1988), na música “Fruta madura”. A partir de então, estabeleceu-se uma forte amizade entre os dois. Foi com Gonzaga que Waldonys viveu a emoção do seu primeiro voo de avião, por exemplo. “Luiz Gonzaga é a minha bússola. A obra desse grande artista foi uma escola, da qual eu participei com muita honra e orgulho”, diz ele.

Com Dominguinhos, não foi diferente. Waldonys cantou e gravou várias vezes com o pernambucano de Garanhuns, a quem considera o seu mentor musical. A partir da forte identificação artística, eles desenvolveram uma amizade íntima. “Dominguinhos era um irmão e conselheiro”, afirma. Uma das participações especiais dele em trabalhos de Dominguinhos foi no álbum Choro Chorado (1994), na música “Apanhei-te, cavaquinho”, de Ernesto Nazareth.

WALDONYS
- Show de abertura: Trio Surreal.
- Amanhã, às 18h30 
- No Teatro Paulo Pontes (Espaço Cultural. R. Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho, João Pessoa)
- Ingressos: R$ 120 (inteira), R$ 90 + 1kg de alimento (social) e R$ 60 (meia), antecipados na loja Brommer (MAG Shopping) e na plataforma Outgo.

Para o cantor, ritmos como o baião e o forró ‘nunca vão se extinguir’

Com a agenda de shows já lotada para a programação dos três santos festeiros (Santo Antônio, São João e São Pedro), Waldonys diz que a polêmica em torno da invasão de outros ritmos na festa nordestina é antiga — e necessária —, mas descarta a possibilidade de o xote e o baião virem a ser completamente preteridos pelos nordestinos. “Luiz Gonzaga já dizia, numa de suas músicas: ‘Pra onde tu vai, baião?/ Eu vou sair por aí/ Mas por quê, baião?/ Ninguém me quer mais aqui’ [do álbum Pisa no Pilão, 1963], mas esse ritmo continua aqui, nunca vai se extinguir, porque é uma história muito bonita, profundamente marcada na vida do nordestino”, avalia.

Sobre composições que fazem muito sucesso propagando uma imagem estereotipada das mulheres, com conotação pejorativa e depreciativa, ele não se intimida em dizer: “A forma como a música costumava se referir à mulher era diferente, ela era a musa que inspirava a poesia, um ser que despertava amor, de quem emanava poder sem precisar perder o pudor, como diz o poema que recito no show. Não é ser saudosista, é ser realista”, diz.

O reconhecimento da crítica e os aplausos do público levaram Waldonys a ampliar espaços na sua carreira solo. Em investida internacional, ele realizou vitoriosas temporadas nos Estados Unidos, no México, em Cuba e em outros países da América do Sul e da Europa.No Brasil, gravou dois álbuns e participou de gravações e turnês de artistas como Fagner, Marisa Monte, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Adriana Calcanhoto, entre outros.

Abertura

O Trio Surreal abre o show de hoje, no Teatro Paulo Pontes | Foto: Divulgação

O Trio Surreal, que faz o show de abertura da noite, tem sete anos de estrada. É formado por Lucas Menezes, pernambucano (sanfona e voz), Hegon Nunes, paraibano (zabumba) e Saulo Torquato, baiano (triângulo e percuteria). O grupo mistura vários estilos musicais ao forró, do nacional ao internacional.

O Projeto Seis e Meia é uma das mais importantes e antigas iniciativas com o objetivo de divulgar a música popular brasileira. Neste ano, a agenda foi preenchida por nomes memoráveis. Em junho, no dia 13, teremos o cantor Leoni; em julho, o cantor Ricky Vallen, no dia 11; em agosto, a cantora Joanna vem celebrar o aniversário da cidade de João Pessoa, no dia 8; e, em setembro, o cantor e compositor Odair José.  

Através do link, acesse o site de vendas de ingressos do show

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de maio de 2024.