por Joel Cavalcanti*
À margem direita da barra do Rio Paraíba, entre os muros do monumento histórico com mais de 400 anos de criação, o cinema paraibano mostra sua força e resistência. Tem início às 19h de hoje a 5ª edição do CineForte – Mostra Audiovisual de Cabedelo, na Fortaleza de Santa Catarina. Durante os três dias do evento de caráter competitivo serão exibidos 27 curtas-metragens da Paraíba e de outros 23 Estados brasileiros. O evento será híbrido, com entrada permitida apenas para produtores e realizadores, mas com transmissão ao vivo pelo canal da mostra no YouTube (/cinefortecabedelo) e pelo site oficial do festival (cineforte.com.br).
Em um cenário dominado por canhões, casa de pólvora, capela e prisões, o audiovisual do Estado finca sua tela para colocar em cartaz produções que têm por principal característica promover a formação de público. “A ideia é desmistificar a noção que a maioria das pessoas tem que o cinema nacional é algo ruim. Por isso, a gente sempre busca fazer uma seleção mais popular”, afirma o cineasta e roteirista Eduardo Moreira, coordenador do festival que contou com 400 filmes inscritos. “Normalmente, os festivais selecionam filmes com características mais artísticas, e nós temos a tendência de escolher filmes mais ‘da massa’”, analisa ele.
Eduardo Moreira explica que o processo individual de votação dos jurados através de uma plataforma desenvolvida por ele mesmo, que também é programador de sistemas, garante que não haja uma predominância ou imposição por títulos defendidos por apenas um integrante do júri. O coordenador também ressalta a diversidade de gênero, de cor e de região entre os curadores dos filmes como uma garantia da pluralidade temática e estilística das produções em cartaz no CineForte.
Dividido em seis mostras (confira a programação completa ao lado), o festival homenageia o cineasta e produtor cultural Laércio Ferreira Filho, da cidade de Aparecida (PB), de quem será exibido a animação Uma Aventura na Caatinga (2017). A programação abre espaço também para dois filmes produzidos na cidade de Cabedelo na Mostra Canhoneira: Mais que 1000 palavras, e o suspense cômico de Por Entre as Muralhas, ambos de Eduardo Moreira. Já a Mostra Muralha reúne seis obras das demais cidades da Paraíba, entre as quais se destaca Remoinho, de Tiago A. Neves, que conta com as atrizes Cely Farias e Zezita Matos no elenco.
Por sua vez, a Mostra Baluarte exibirá 14 filmes dos demais estados da federação, entre animações, ficções e documentários. Será a chance de o público acompanhar a atuação de nomes como Werner Schünemann, na produção curitibana Augusta e Antonico (de Cesar Felipe Pereira, 2020), e do veterano Milton Gonçalves, protagonista de Através dos Sentidos, filme carioca de Gilson Nascimento.
Na Mostra Especial de Filmes Convidados, o documentário Povo Forte, de Ana Moravi, terá sua pré-estreia no festival. Filmado durante a quarta edição do CineForte, a produção busca revelar narrativas de personagens que ocupam o Forte de Santa Catarina, gestos de resistência atemporais e novas perspectivas de fortalecimento da cultura regional, da memória histórica e do patrimônio material e imaterial da cidade de Cabedelo. As mostras se encerram com três sessões especiais do júri, com filmes realizados por integrantes da curadoria.
O evento também abrange a realização de oficinas de direção cinematográfica e interpretação para cinema, que inclui a realização de um curta-metragem. O CineForte é realizado anualmente pela Orbe Produções Audiovisuais em parceria com a Fundação Fortaleza de Santa Catarina, e tem cerimônia de premiação marcada seu encerramento, no próximo sábado.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de fevereiro de 2022