Guilherme Cabral
Em 19 de agosto - data que transcorreu ontem - se comemora o Dia Mundial da Fotografia. No entanto, três fotógrafos amigos - o paraibano Gustavo Moura, o paulistano Paulo Rossi e o finlandês Aku Rosenqvist - decidiram se juntar para celebrar a data com uma iniciativa inédita, cujo título é Armazém da Fotografia. O evento acontece hoje, a partir das 10h, e se prolongará até às 18h, na Bric-à-Brac Artes & Antiguidades, localizada no Centro Histórico de João Pessoa, e objetiva fomentar a formação de um público consumidor de fotografia. Nesse sentido, cerca de 30 fotos vão estar expostas, mas outras imagens - totalizando mais de 100 registros, todos produzidos pelo trio - também vão se encontrar disponíveis para apreciação e compra por quem demonstrar interesse pelos trabalhos.
“O Dia Mundial da Fotografia foi ontem mas resolvemos comemorar neste sábado porque as pessoas terão um maior tempo disponível para visitar o local, apreciar as imagens, mas também conversar sobre fotos”, disse para o jornal A União o fotógrafo Gustavo Moura, que é natural de João Pessoa, ao justificar o motivo de não terem celebrado a data na última sexta-feira. No entanto, ele também afirmou que o objetivo do evento - onde serão disponibilizadas o que garante serem “boas fotos” - também tem cunho comercial, acrescentando que iniciativas similares já ocorrem em algumas outras cidades do Brasil, a exemplo do Recife e São Paulo.
Gustavo Moura observou, ainda, que existe o que classifica como “mercado latente” para fotos, pelo menos na cidade de João Pessoa, sendo necessário oferecer oportunidades para que essa demanda possa ser atendida. Por isso, ele disse que o evento - cuja ideia nasceu a partir do hábito criado, por afinidade, entre os três, de se reunirem para refletir e pensar ações relacionadas à fotografia e sua difusão na Paraíba - pode contemplar um público que, por exemplo, pretende colecionar, decorar ambientes ou, até mesmo, presentear alguém com registros fotográficos. O projeto do trio é, posteriormente, levar o Armazém para outros locais da capital e outros municípios do Estado, no intuito de dar mais consistência ao mercado da fotografia e incutir, nas pessoas, outras práticas para o uso de fotos.
A propósito, as fotografias - tanto em Preto & Branco como também coloridas - que estarão em exposição ao público no Armazém são de diversos formatos, suportes e preços. “Os valores são variados, mas bastante acessíveis”, garantiu Gustavo Moura. Ele esclareceu que isso vai depender do tipo, pois haverá fotos com o tipo de papel mais simples até o mais sofisticado, que é o Fine Art, o qual é utilizado por museus e galerias.
Sobre os fotógrafos
Natural de João Pessoa, Gustavo Moura fotografa profissionalmente desde o início dos anos 1980 e sua linha de trabalho transita entre o documental e o autoral. Em 1998, participou do projeto editorial Brasil Bom de Bola (Editora Tempo d’Imagem). Por dar atenção ao universo ambiental e cultural do Nordeste, surgiram várias publicações, a exemplo dos livros intitulados Imaginário (Editora Tempo d’Imagem, 2000) e Varadouro, Soneto em Preto e Branco (Edições Varadouro, João Pessoa, 2002), Artesanato no Brasil (Sebrae) e 1º Caderno da Fotografia Brasileira, publicado pelo Instituto Moreira Salles. Em 2003, esse paraibano venceu, na categoria Preto & Branco, a 1ª edição do Concurso Cultural Leica realizada no Brasil e, em 2006, foi selecionado para integrar a coleção Pirelli/Masp, uma coletânea da fotografia contemporânea brasileira. Em 2013, a convite da Fundação Joaquim Nabuco (Museu do Homem do Nordeste), participou da equipe do Projeto Nordestes Emergentes. Naquele mesmo ano, conquistou o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia (Funarte/Minc). E, atualmente, é fotógrafo da Coordenação de Extensão Cultural da UFPB e desenvolve trabalhos para o mercado editorial, além de projetos autorais.
Já Paulo Rossi é paulistano radicado em João Pessoa. Professor de fotografia há mais de 20 anos, ele participou, em 2010, na Espanha, da 10ª Muestra de Documentales y Fotografía de América-Latina e, em 2011, foi selecionado para o Visionado Photoespaña em Santo Domingo, República Dominicana. Aku Rosenqvist é professor, fotógrafo e laboratorista, profissional raro que revela filmes preto e branco em João Pessoa. Nascido na Finlândia, mora no Brasil há seis anos e, há quase três, escolheu a Paraíba para viver. Ele participou de exposições coletivas em seu País e em São Paulo e, atualmente, se dedica a projetos autorais e organiza oficinas de fotografia analógica e processos de revelação.