por Joel Cavalcanti*
Enquanto retoma suas atividades ainda sob restrições, a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) prepara a celebração dos 40 anos de sua criação procurando difundir suas atividades no interior do Estado e através de uma expansão virtual, que se fortalece mesmo quando vencida a pandemia. “Em 2022, nos 40 anos da Fundação, a gente está com uma programação muito forte no interior do Estado. Vamos ocupar o interior da Paraíba. Se eu pudesse almejar um legado a ser construído, dialogar com o interior é uma ação que rende bons frutos, traz bons resultados e meu esforço será nesse sentido”, anuncia o presidente da Funesc, Pedro Santos.
O clima ainda é de rearrumação da casa e de muito planejamento no local projetado pelo arquiteto Sérgio Bernardes, mas eles ocorrem com a estrutura inaugurada no ano de 1982, no Governo Tarcísio de Miranda Burity, funcionando e promovendo atividades culturais no prédio com características da arquitetura moderna, considerado o primeiro exemplar em estrutura metálica da capital paraibana.
Ainda sem poder adiantar a programação cultural que vem sendo concebida, o presidente da Funesc anuncia a criação do Memorial Abelardo da Hora (1924-2014), um espaço permanente de exposição de 264 obras do artista que deve se tornar o referencial do expressionismo na América Latina. “Está em fase de licitação para o transporte das obras. Existe toda uma logística construída para isso. A gente imagina que ele será entregue ainda no primeiro semestre do próximo ano. Tudo depende desse processo burocrático”, explica o gestor.
A ocupação artística teve seu projeto cenográfico e cenotécnico desenvolvido pelo sobrinho do artista, Daniel da Hora. “O visitante vai poder circular pelos vários momentos da vida de Abelardo. São obras muito antigas e delicadas”, detalha Pedro. Quando concluído, o Memorial vai apresentar telas em nanquim e a óleo, pequenas obras em bronze e até esculturas de cimento de meia tonelada. Fazem parte deste acervo séries premiadas como Meninos do Recife e A fome e o brado. Pernambucano de São Lourenço da Mata, Abelardo da Hora é reconhecido como um dos mais importantes escultores brasileiros do século 20, e ganhou projeção internacional retratando mulheres e temas regionais. Ele sempre representou também uma preocupação com as questões sociais, imprimindo feições da pobreza e do sofrimento às figuras que criava.
Mas antes, ainda no primeiro trimestre de 2022, devem ser devolvidos ao público mais dois equipamentos que atualmente estão passando por reformas. O planetário está sendo completamente reestruturado e vai incluir uma completa modernização dos equipamentos tecnológicos. A cúpula será repintada e vai ganhar uma ilustração do conceituado artista plástico paraibano Shiko. “A mesma coisa acontecerá com o Cine Bangüê. Ele está passando por uma grande manutenção”, complementa Pedro Santos sobre uma reforma no sistema de projeção e sonorização da sala referência do cinema independente na Paraíba.
Já as pautas foram reabertas desde outubro e permanecem com os valores de locação promocionais com descontos superiores a 50%. Os turnos de estudo na Biblioteca Juarez da Gama Batista estão funcionando através de agendamento, assim como a gibiteca Henfil e o Arquivo Histórico Waldemar Duarte. O mesmo acontece com o Museu José Lins do Rego e a galeria de arte Archidy Picado com a exposição Claustrum, de Flávio Tavares, que marcou o processo de reabertura ao público do Espaço Cultural. “Fora isso, nós temos funcionando a pleno vapor o Teatro Paulo Pontes, Sala de Concertos Maestro José Siqueira, Teatro Teatro Íracles Pires, Teatro Santa Roza, Cine-Teatro São José e o Teatro Santa Catarina, que formam os equipamentos descentralizados”, enumera o presidente da Funesc.
Com a pandemia afetando de maneira central as atividades regulares da Fundação, o órgão precisou se rejuvenescer, buscando saídas no ambiente virtual. “Nós somos a instituição de cultura na Paraíba mais bem posicionada nas redes sociais. São mais de 50 mil usuários que acompanham diariamente as nossas atividades. Nós temos uma audiência muito forte na internet”. Através desse trabalho a Funesc ampliou suas ações e se tornou uma produtora de conteúdo cultural e informativo. A entidade está criando uma estrutura de estúdio de TV completamente equipada, e que tem entrado com regularidade na grade de programação da TV Assembleia com a transmissão de eventos recentes ocorridos no Espaço Cultural.
“Essa instituição sempre esteve à frente de seu tempo. Ela nunca envelheceu. Tem 40 anos, mas é uma jovem. As mídias digitais vieram para chancelar essa capacidade da Fundação de se adaptar”, finaliza Pedro Santos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 11 de dezembro de 2021