“Dança e deficiência” é o tema da mesa redonda que se realiza hoje, a partir das 16h, no Auditório 1 do Espaço Cultural, em João Pessoa, marcando a abertura do Abril Mês da Dança 2023, evento promovido pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba. As professoras Carolina Teixeira, Kilma Toscano e Deyseane Santana vão participar desse debate, que integra o evento Diálogos Dançantes, parceria da Funesc com o projeto MoveMente, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A programação ainda inclui apresentações artísticas, jam session, debates e atividades formativas e vai se estender até o próximo domingo (dia 30), na capital e em Campina Grande, com o intuito de se celebrar o Dia Internacional da Dança, no sábado (29).
A gerente de Dança da Funesc, Ângela Navarro, destacou algumas atrações do evento, que vai acontecer no Espaço Cultural, Teatro Santa Roza, ambos em João Pessoa, e no Cine-Teatro São José, em Campina Grande. “Essa é a segunda edição que realizamos, após o retorno das atividades presenciais. A primeira foi no ano passado. Em 2023, a programação está mais encorpada e todas as atividades são gratuitas para o público, exceção da Mostra Pedagógica, que vai ter preços populares de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Na atual edição, temos parceria com o projeto MoveMente, da UFPB, com o qual já tínhamos trabalhado em 2015. As atividades da programação passam a incluir a cidade de Campina Grande, como parte do processo de interiorização, descentralização das ações da Funesc”.
Por esse motivo, no próximo ano, Navarro conta que pretende realizar o Abril Mês da Dança também no Teatro Íracles Pires, em Cajazeiras.
Ângela Navarro observou que o tema da mesa redonda que vai abrir o evento é atual e necessário, “por tratar de formas de acessibilidade para pessoas com deficiência na área da dança”. A gestora informou que o evento Diálogos Dançantes também se realizará amanhã, com abordagem de temáticas que contemplam o interesse de profissionais que atuam com dança no ensino não formal, com o intuito de disseminar conhecimentos e estimular trocas de saberes.
Outra atração destacada por Ângela Navarro é a 4ª Mostra Pedagógica da Escola de Dança do Teatro Santa Roza, que acontecerá amanhã, a partir das 19h. “É uma ação muito importante, porque os alunos apresentam aos familiares, professores e público as próprias coreografias que criaram, sobretudo, nos estilos do balé e dança contemporânea, incentivando alunas e alunos a experimentá-las no palco”.
No próximo sábado, em comemoração ao Dia Internacional da Dança, haverá a edição especial do tradicional Bailaço, no Teatro de Arena, em João Pessoa, com a discotecagem do DJ e produtor musical Zebb. Neste mesmo dia, a programação também chegará em Campina Grande, onde haverá atividades até domingo, encerrando o evento. “O público terá oportunidade de assistir aos mais variados estilos de dança”, afirmou Navarro.
Inclusão
Uma das convidadas para o evento, a potiguar Carolina Teixeira, que é professora substituta no Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) da UFPB, comentou que, durante a mesa redonda sobre o tema “Dança e deficiência”, pretende partilhar do conhecimento a respeito do assunto, que pesquisa há 27 anos. “É uma área de estudos das ciências humanas que passou a ser analisada na Europa e nos EUA no final dos anos 1970, início dos 80. No Brasil, chegou na década de 1990 e o primeiro grupo de dança com alguns integrantes com pessoas com deficiência foi criado por Henrique Amoedo em 1995, em Natal (RN). Hoje, temos a companhia Giradança, em Natal. Mas, na Paraíba, não tenho conhecimento de haver grupos desse tipo em atuação. Todos os corpos podem dançar, desde que sejam compreendidas e respeitadas as suas particularidades”, comentou ela.
Durante a mesa redonda, a professora Carolina Teixeira também vai exibir e debater, com o público, o seu quarto filme de dança, o curta-metragem Sola, do qual é roteirista e codiretora, com o cineasta Márcio Franco, da nova geração de realizadores do Rio Grande do Norte. Lançado no último dia 31 de março, na Sala Aruanda da UFPB, em João Pessoa, a obra discute as poéticas no corpo com deficiência no campo da performance visual em diálogo com outras possibilidades estéticas de acessibilidade.
“Realizado em 2022, o filme Sola é um filme que me mostra dançando em cena de dunas e foi ambientado na região Dunas do Rosado, na cidade de Areia Branca (RN), que faz fronteira com a Paraíba”, afirmou Carolina Teixeira. “O título significa ‘sozinho’, em espanhol, mas pode ter outras interpretações para quem o assiste. Sempre trabalho com a imagética do cinema e a linguagem da poesia, que serve como mecanismo de audiodescrição”.
Carolina Teixeira acrescentou que, durante a mesa redonda, também pretende falar sobre o livro Deficiência em Cena: a ciência excluída e outras estéticas, cuja segunda edição, revista e ampliada, foi lançada no ano passado. A obra, publicada originalmente em 2011, foi o primeiro trabalho, no Brasil, a problematizar sobre o fenômeno da deficiência e o dilema da inclusão no campo cênico brasileiro.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 27 de abril de 2023.