por Guilherme Cabral*
O público terá a oportunidade de assistir hoje, gratuitamente, uma edição de sarau poético da Galharufas Companhia de Teatro como produção audiovisual: De: Versos Para: Íba foi gravado na pandemia da Covid-19, no mês de abril de 2021, no Teatro Santa Roza, localizado na cidade de João Pessoa, mas nunca foi lançado. A disponibilização do material, cujo repertório inclui 28 obras, entre poemas e canções, será a partir da 20h, no canal oficial no YouTube da trupe.
“O grupo, dirigido por mim, experimenta a diversidade da poesia da Paraíba, pois temos Augusto dos Anjos, Chico César, Irene Dias, Tavinho Teixeira e Renata Arruda, entre outros autores, e que, agora, apresentamos como um resistente registro histórico, saudando as milhões de vidas que perdemos no mundo todo. É para vocês que deixaram tanta saudade nos seus”, disse a atriz Suzy Lopes.
“É uma peça histórica, um documento, porque os atores do elenco estão usando máscaras, o que vai fazer lembrar do período da pandemia. Pelo título, é uma brincadeira, como se fosse a história de um homem que escreve versos para uma mulher chamada Íba, como os envelopes de cartas tinham escritos, o que não se vê tanto, agora. Um balaio de poemas e músicas, um sarau na Terra do Sol conduzido por um elenco versátil e caloroso. Galharufas de Teatro é a soma das riquezas artísticas presentes no nosso Estado (de poesia). É amor puro e explícito, é um presente, um alento para o mundo, como inspiração no coração de todos, nesses tempos turbulentos”, afirmou Suzy Lopes, que também atua nesse sarau inédito, ao lado de Paulo Vieira, Jorge Félix, Marcela Bento, Erika Paz, Lucas Queiroga, Renã Herbert, Pedro Delgado e Elias Matias.
O repertório é formado pelos seguintes poemas e canções: ‘Folia de Príncipe’ (Chico César); ‘Louca’ (Irene Dias); ‘Xerim xeroso’ (domínio público); ‘Farinha de pó de estrela’ (Titá Moura); ‘Enquanto você não chega’ (Renã Herbert); ‘Árvore da Serra’ e ‘Esperança’ (Augusto dos Anjos); ‘Lata absoluta’ (Paulo Vieira); ‘Saudade pinica’ (Thardelly Lima); ‘Porta do Sol’ (Fuba); ‘O cafuçu vai arrastar seu coração’ (Paulo Vieira); ‘Escolhas’, ‘Improviso’ e ‘Dona do Mundo’ (Marcello Piancó); ‘Alecrim dourado’ (domínio público); ‘Prisão’, ‘A vida é muito curta pra viver de pantim’, ‘Mascote’ e ‘Tu soi’ (Lucas Queiroga); ‘Quarentena’ (Liss Albuquerque); ‘Sonho’ (Danylo Aguiar); ‘Posso’ (Trindade da Silva); ‘Candeeiro D’água’ (Danylo Aguiar e Abdias Sá); ‘Catarse’ (Raissa Monteiro); ‘Festa’ e ‘Calma’ (Renata Arruda); ‘Caixinha de música’ e ‘Natureza’ (Tavinho Teixeira).
Suzy Lopes destacou algumas obras do repertório. “É linda a ‘Folia de Príncipe’, de Chico César, que é um poeta grande. É o poema mais bonito que já li e tem um trecho que diz o seguinte: ‘Eu e meus companheiros queremos cumplicidade prá brincar de liberdade no terreiro da alegria’. Tem ‘Árvore da Serra’, de Augusto dos Anjos; ‘Saudade pinica’, de Thardelly Lima, que fala da saudade de se encontrar presencialmente, por causa do isolamento causado pela pandemia; ‘Porta do Sol’, de Fuba, cantada lindamente por Jorge Félix”, detalha a atriz, que fez a seleção dos poemas e canções com base na sugestão feita por ela ao grupo de que enviasse o que gostariam de apresentar durante o sarau.
“A pandemia ainda não acabou e ainda é preciso ter cuidado. Eu, por exemplo, continuo usando máscara e estou vacinada. O sarau, que não pode ser lançado, no ano passado, por alguns fatores, como razão profissional, é uma homenagem para os que morreram por causa da Covid-19 e não tiveram o luxo de serem vacinados”, disse Suzy Lopes.
A artista ainda informou que deverá ocorrer na próxima terça-feira (dia 26) a retomada do sarau presencial, no Empório Café, e que a Galharufas está com duas peças de autoria de Paulo Vieira: Deixa estar e Hoje é um dia sem ontem, mas sem datas de estreia.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de abril de 2022